1.
aramos nossos corpos
hasteamos a carne
naufragamos os ossos
afiamos a pele
jardinamos os pelos
vozeamos as unhas
rasuramos os lábios
semeamos os dentes
desfazemos em tempo
os nós de cada dedo
elastecemos os
tornozelos acróbatas
abrimos as gavetas
dos olhos e cabelos.
2.
quando eu a vejo,
esparramada
na cama, rama
de musgo e líquen,
de perfil – por
trás de seu ombro –,
também por dentro
de suas coxas,
desejo entrar
na eternidade,
mesmo sabendo
que a faz tão bela
exatamente
o fim das coisas.
3.
você paloma
se esbate cega
em minha pele,
luta e lençol.
lhe oferto um cravo
e nada mais.
nós morreremos?
meu endereço
é a minha carne.
mordemos drágeas
dos amanhãs
ou cianureto.
acordo, no(u)
mau hálito de amanhecer
(e foda-se o soneto), com
um soco de perfume.
Rodrigo Madeira
Crisis capitalism
Há 10 minutos
2 comentários:
o teu brilho é o do sol, Poeta.
eu
rosno uivo minha indignação à lua
salivando, feito cão sarnento
ao relento por vias decoradas.
nu de corpo e alma lameada
bebo da poça da calçada
a chuva que ainda não chegou.
Um aroma envenenado no ar;o suicídio de cada manhã, respondendo que tudo começa porque termina.
Ah o soneto como ''soco de perfume''maneiro paca!
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