segunda-feira, 30 de junho de 2014


Vai Ter Copa Sim

eu sempre quis
que o futebol se fodesse,
que os corinthianos
e o palmeirenses
e os tricolores, todos
se fodessem, inclusive eu
torcedor do santos
só em final do paulistão;
não sou patriota
e copa do mundo pra mim
é desculpa pra encher a cara
com os amigos na casa
de alguma boa alma
que goste de limpar
sujeira dos outros;
meu patriotismo tá nisso,
só nisso
se estourasse uma guerra
eu ia ser o primeiro a dizer
"fuck brazil" e fugir
pro meio do mato;
mas esse ano como é
que eu vou fazer amanhã
na hora de sentar e abrir
a primeira gelada?
tanto parceiro levando
chumbo e porrada,
sem nem poder dizer
que a FIFA é a culpada,
essa anarquia maluca
nos grandes centros
e a pobreza
maquiada pra gringo
achar que favela é
bonita e que por aqui
só se fala de
globeleza;
desejo que os blocks
com seus molotovs
quebrem tudo
pra honrar o
verde & amarelo,
que as pessoas
não se calem
e que o metrô pare;
um grito
em uníssono
pro mundo inteiro
ver que o brasileiro
tá sendo enrabado
com strap on
sem vaselina;
infelizmente não vou
poder chegar junto
e isso me entristece,
mas não tem
problema;
vou acompanhar
tudo pelo pecê
e meu brinde amanhã
companheiros
será pra vocês!

Guilherme Ziggy

Armadilha das Trevas

Levou sua Alma
Carregou princípios e valores
Clamei Mãe Terra!
Clamei Pai Celestial!

Luz no seu caminho.
Libertem seu corpo
Libertem sua mente
Libertem seu espírito sagrado.


Jussara Nascimento

Estes também Beberam. Da fonte del Caballo que; Vuela!


quinta-feira, 12 de junho de 2014


Mosca de Longas Pernas

Para que a civilização possa não submergir
Derrocada em sua grande batalha,
Acalme o cão, amarre o pônei
Em um distante poste;
Nosso mestre César está na tenda
Onde os mapas estão espalhados,
Olhos fixos no nada,
A mão sobre sua cabeça.
Como uma mosca de longas pernas por sobre o córrego
Sua mente move-se por sobre o silêncio.


Para que as insuperáveis torres sejam queimadas
E os homens relembrem daquele rosto,
Mova-se o mais suave possível, se mover-se deve
Neste lugar solitário.
Ela pensa, uma parte mulher, três criança,
Que ninguém a vê; seus pés
Ensaiam um passo de dança
Aprendido na rua.
Como uma mosca de longas pernas por sobre o córrego
Sua mente move-se por sobre o silêncio.


Para que meninas na puberdade possam encontrar
O primeiro Adão, em seu pensamento,
Feche a porta da capela papal,
Mantenha longe essas meninas.
No andaime está reclinado Michelangelo
Sem maior ruído do que os ratos fazem
Sua mão move-se para frente e para trás.
Como uma mosca de longas pernas por sobre o córrego
Sua mente move-se por sobre o silêncio.


William Butler Yeats/ tradução Ricardo Pozzo


Long-Legged Fly

That civilisation may not sink,
Its great battle lost,
Quiet the dog, tehter the pony
To a distant post;
Our master Caesar is in the tent
Where the maps are spread,
His eyes fixed upon nothing,
A hand upon his head.
Like a long-legged fly upon the stream
His mind moves upon silence.


That the topless towers be burnt
And men recall that face,
Move most gently if move you must
In this lonely place.
She thinks, part woman, three parts a child,
That nobody looks; her feet
Practise a tinker shuffle
Picked up on a street.
Like a long-legged fly upon the stream
Her mind moves upon silence.


That girls at puberty may find
The first Adam in their thought,
Shut the door of the Pope's chapel,
Keep those children out.
There on that scaffolding reclines
Michael Angelo.
With no more sound than the mice make
His hand moves to and fro.
Like a long-legged fly upon the stream
His mind moves upon silence.


William Butler Yeats In Last Poems, 1939 (Dublín, 1865 - Francia, 1939)  

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Holocausto dos Livres


Hitlers sonâmbulos jogam vôlei com a lua
Afugentam pássaros, queimam ciprestes
Enquanto pequeninas Franks registram -
No escuro - o belo impregnado de pólvora:
Açucenas atiradas no cais do amanhã
Árias flutuando no esperma dos anjos
A paz silvestre de um beija-flor avelã
A sugar a rosa divina em voo distraído
Franks esmagadas no ar do ódio inócuo
Enquanto mil Hitlers de oco cego ego
Brilham ácidos no altar da prepotência
As pequeninas meninas – Annes
Franks modernas vestidas de lilás -
Escrevem trancadas em armários
Meio a ratos e candelabros de fogo
Uma arca flutuando acima de suas auras
Um graal tecido entre as tranças loiras
Escrevem contra o tempo, suam crisântemos
A ampulheta do escárnio acelerando o fim
O mundo compactua - cego contumaz -
O holocausto da beleza em andamento
Hitlers sádicos a queimar os lírios da paz
A raptar a lua para iluminar seu bacanal

Bárbara Lia


Prêmio Cataratas de Contos e Poesias - 2º Lugar