sexta-feira, 25 de outubro de 2019

El gallo giro




Nací en campo florido
entre arboledas y flores.
Cantar mi cometido,
danzar con mi bello plumaje.

Pensé que levantar al guajiro,
era para lo que había nacido.
Alejar el ocaso con su paliducho cobre
dejando avanzar el alba con mi zapateo de ave.

Mañana de gloria fuera cuando a mi vera te viera
y al llegar el crepúsculo tu casa me recibiera.
Ingenuo gallo de mente gira !...
Lo único que no veía,
como apostabas a mis espuelas sin importarte mi vida.

Agradecido he vivido por el maíz que me has dado.
Caminando vamos al ballin para saldar tus deudas.
Mi peso decidirá mi adversario,
mi cálamo pondrá mi nombre.
Mientras en el gallinero dos viejas gallinas por mi suspiran

Comienza el jolgorio...
Va la apuesta a mi pico y patas.
Te miro a los ojos y siento, que por ti he de ganar.
No importa sin ello me va la vida.
A un amigo la espalda no se le debe dar.

Alicia García
Miami,fl

¨Oferenda para meu pai¨




Tenho o ódio

Em um prato de barro

Nenhuma queixa sob minhas orelhas cortadas

Tenho o tempo

Em um corpo fechado

Nenhum sacrifício sob a virgem esquecida num copo

Agradeço pelos pés no mundo

A cabeça sempre erguida

Mérito desse bastardo aqui



Redson Vitorino          

Ao acaso Virgínia



Acendi uma fagulha dentro de mim com teu lodo
com alvejante nos olhos eu pude vê-la
E era clara

primária que me ergueu
nas dobras da pernas rechonchudas
Sou graduado

se sou eu quem nego a estadia
partindo desesperado com xícaras de porcelana

um milhão de cabeças esperando a vez no teu útero
com as mãos brancas por você eu estou

Maldição do concreto que limita
milhas até cair mais uma vez
e nós estaríamos ainda mais longe

Redson Vitorino



NOTURNO



É noite e a fome dardeja
os filhos da orfandade:
sobre duros travesseiros,
mendigos da minha aldeia
ruminam restos de nada
no farto prato do sono.
Os grilos urdem insônias
na placidez dos casebres;
morcegos cravam no espaço
caninos sujos de treva.

Os adúlteros trans(it)am
pelas vielas da cópula;
a chuva profusa molha
o triste ladrar dos cães
e perpetua a linhagem
das espigas seculares,
aos olhos do espantalho
(trabalhador sem salário
que depõe a mais-valia
nos cofres do latifúndio).

A velha lareira estala
os ossos frágeis da lenha
e a altiva chaminé,
já fumante inveterada,
corrói os pulmões de ozônio.
Ladrões escalam silêncios
e penumbras: ardilosos,
amordaçam os alarmes,
descerram firmes telhados
com as chaves do delito.

A noite derrama em nós,
como o mítico Ciclope,
seu pálido olhar de lua
que faz tremer Poseidon.
Os encarcerados vêem
(a despeito do aforismo)
um sol nascendo redondo
no horizonte dos sonhos:
uma só colher de chá
e escavam a liberdade.

Um galo inicia o rito
predecessor das auroras:
demarca as raias do tempo
(enterra as cinzas noturnas
com um cântico solene;
sagra o dia - Prometeu -
e aclama o sol - seu archote -
com forte aplauso de asas);
recolhe as lenhas do dia
para as chamas de outra noite.

Wender Montenegro  

(do meu livro ARESTAS)