quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

SINAL


Há um mar
revolto
que ressoa em volta,
e aqui dentro
um oceano
insone,
onde,
entre insignificados,
desencontrado,
me estranho.
Há um barco inerte
em qualquer parte,
uma rota incerta,
um princípio de canto,
não de pássaro
ou sereia,
mas de espanto
diante do sinal
da lua cheia.

Otto Leopoldo Winck

SINAL - II


Há por um lado
o universo,
recurvo, controverso,
e por outro
meu verso,
incapaz de penetrar
a névoa
e contemplar o sol
a olho nu,
verso cativo,
insignificante,
porém rebelde ao esquecimento.
Há também
uma lástima,
a lembrança de uma tarde,
um látego, uma bátega,
uma lágrima,
e no entanto
um canto
em qualquer canto,
um rumor de onda,
significativo,
guardado no interior
de
alguma
concha.

Otto Leopoldo Winck

jura secreta 140


para o Mar que mora em mim
o enigma não está propriamente
na meta física da metáfora
mar de carne e osso
se eu não falasse ou não dissesse
esse relógio trágico
com seus ponteiros mágicos
arrastando segundo por segundo
tudo o que não passa tudo o que não cessa
o fluxo em tua boca de vênus - minhas unhas
só o céu é testemunha
desse instante único
em que passeio em tua pele
como uma flor de lótus
flor de cactos flor de lírios
ou mesmo sexo sendo flor
ou faca fosse mar de tanta espuma
com minha língua de espera
vou te mergulhar

Artur Gomes


http:artur-gomes.tumbrl.com