sábado, 31 de maio de 2008

O LENTO ALENTO, O LIVRO

O LENTO ALENTO, O LIVRO

por ALTAIR DE OLIVEIRA



30 anos após conseguir publicar o meu primeiro poema num jornal no interior de Mato Grosso do Sul (em Dourados), edito agora o meu quarto livro de poesias "O Lento Alento" que reúne os escritos que tenho trabalhado desde 1996, após a publicação de "O Embebedário Diverso". O livro, que também é uma publicação independente como os anteriores, tem 64 páginas e é composto de escritos sobre temas variáveis, onde predominam assuntos comuns a qualquer ser humano como, por exemplo, amor e morte, conquistas e perdas, coragem e medos, etc.

Este "O Lento Alento", que ainda não teve um lançamento merecido (pretendo fazê-o em Curitiba nos meados de julho) já esta sendo veiculado em algumas livrarias do país e deve ser lançado também em São Paulo e Belo Horizonte.

A capa traz um detalhe de uma obra da artista plástica brasiliense Alzira Cardoso Marques intitulada "Paridamente", que é o principal motivo deste livro ser tão bem aceito até agora.




EM BUSCA DE UMA SIMPLES VOZ

Poetas sofrem de palavras, de falta ou do excesso delas, fiquem os senhores sabendo! E eu, pré-tenso em sê-lo, selo aqui que escrevo mesmo é para encontrar uma voz, uma forma de tentar dizer meus espantos, para que vós vos espanteis ao lê-los, assim como eu mesmo uma vez me espantei por conseguir dizê-los. Inda assim não espero da poesia redenção alguma ou nenhuma grande construção, há apenas uma necessidade de traduzir-me, de dar-me alguma significação. Não hesito por isto em tentar buscar os floreios da língua ou seus desvios (muito embora eu seja ciente de minha insciência nela), para que me permitam tentar uma estesia que logre expressar sentido à coisa sentida, que lhe constate ou que lhe dê explicação. Imagino que escrever tem também um quê de composição da própria alma. Tem um quê de uma certa filosofia primitiva e socratiana (de tentar buscar a sim mesmo ou se saber) ou aristotélica (escrever como arte e manha de se imitar a coisa uma vez sentida), tem também um quê de querer esclarecer-se ou de se tentar romper a primitiva solidão. Vai daí que o texto de poesia escrita é apenas a parte conclusiva dum processo de leitura de uma latência inconsciente. Mas há uma leitura posterior do poema, mesmo que seja pelo próprio escritor, onde presume-se que algo de significativo tenha que ascender e acender.
Vez em quando ocorre que o leitor do poema, este também uma vez por lá e também sentiu a coisa tratada e não a soube explicar, agora ela esta ali, e pode ser perfeitamente sentida e entendida, diante de si. Quando o leitor é diverso do escritor, ocorre aí um sentimento de irmandade e de comunhão humana que todo poeta, conscientemente ou inconscientemente, quer: que é reconhecer que possui uma voz e que esta voz pode tocar as pessoas ou ser entendida. Este meu “O Lento Alento” é uma mera pretensão disto.



GATOS E GATAS-PINGADAS-DE-OURO

Ao longo destes mais de 30 anos de poetagem, confesso que me sinto bastante orgulhoso em ter reunido uma pequena turminha de amigos de parentes e de contraparentes, os que meus amigos intitulam de “tua riqueza”, mas que os meus inimigos os apelidaram de “teus aliciados” , e que eu próprio os aconchego, à moda do escritor goiano J. J. Veiga, chamado-os de “meus gatos e gatas-pingadas-de-ouro” que lêem e relêem prazerosamente o que eu estava escrevendo.
Por serem os meus leitores, em sua grande maioria, mulheres, os meus inimigos já tentaram diminuir-me ao chamarem-me de “poeta de mulherzinhas”, mas achei que fracassaram porque argumentei-lhes que grandes poetas também têm a maioria de seus leitores, leitoras, e citei: Rilke, H. Hilst, Mário Quintana, Cecília Meireles, Pablo Neruda, Vinicius... Mulheres são melhores, conclui.

Vejam o que elas disseram de meu filho “O Lento Alento” e de mim:

“Não sei analisar e nem colocar termos que não me são usuais no dia à dia, mas posso lhe dizer que a sua poesia acarinha minha alma, me encanta. Sua poesia me eleva, me deixa fluir, me deixa emocionada, me deixa feliz! Acho seus poemas magníficos.” Cláudia Lucena – secretária, de Caruaru – PE.


“Da primeira vez que me deparei com os poemas do Altair, me aconteceu aquele espanto gostoso: “Ué!!! Mas não é que o cara é bom mesmo!?!” E desde então, não sei mais quem não largou quem: se os poemas de mim, ou eu deles!” Leonora Meireles – musicista e educadora musical, de Belo Horizonte – MG.


“Quando meu pai escreve às vezes ele parece até uma criança brincando com palavras... Mas quando a gente lê o que ele escreve, aí são as palavras que parecem querer virar crianças para vir brincar com a gente!” Shaula de Oliveira – filha do autor.


“Para quem escreve, meia palavra basta! Altair é exemplo disso.” Ana Veredas – Poeta, de Porto Alegre - RS


Que não se busque apreender a poesia, no contexto do poeta. Mas que se possa absorver em cada rima, em cada ritmo o valor rebuscado de si. É assim em O Lento Alento, onde o poeta Altair de Oliveira materializa essa presença quase etérea, mas que se faz matéria no meu olhar. – Ava Miranda, poeta de Brasília – DF.



DOIS POEMAS

HERÓIS & DIAS AMENOS


HERÓIS & DIAS AMENOS

Temos que a vida não dói.
- Viver é tudo que temos!
Ao menos somos os heróis
Da história que nos fazemos.
E, enquanto o tempo nos rói,
Tecemos planos de engenhos...
Vamos em busca de sonhos
Usando de asas e de remos.

Galgamos sobre o passado
Buscando os dias amenos
Tememos sobre o futuro
Que nem sabemos se temos
Jogamos os nossos melhores
Tentando ganhos pequenos
Treinamos poses de heróis
Da história que nós queremos!

Enfim, nós somos assim:
Restos de tudo que fomos
Mas sempre somos heróis
Da história que nos contamos
Nos cremos por maiorais
Que, ao certo, um dia seremos
Morremos sempre no fim...
- Fingimos que não sabemos!

Altair de Oliveira – In: O Lento Alento


CHEGAR AONDE FESTEJAS

Por tanto que te desejo
Pareço quem te conhece
Quem sabe onde começas
E cresce onde festejas
Quem quer ser teu endereço
E estar onde quer que estejas...

Nos penso cheios de ardores
Te lembro, sinto que adejo
Te almejo de maio a maio
Eu ensaio que te alvejo...
Te faço feixes de amores
E te deixo mantos de beijos.

Pressinto-te, e até latejo,
Onde florindo retardas...
Lá onde guardas meus beijos
Onde teus beijos me aguardam!

Altair de Oliveira – In: O Lento Alento

Despertar d`um Poeta

No casulo vivia enclausurado...
Sem cores, sombrio, limitado!
Resolvi romper a vida sentida,
Que apenas me oferecia guarida

Na escuridão da parede escorrida
Tateando sob a luz dum vaga lume;
Fim do túnel : a natureza e o perfume!
Adeus clausura ... Adeus lida retida!

Sem antolhos-num abrir d'olhos:
Rodei o mundo em nano-segundo
Saudade dos tempos d'antanhos!

Liberdade inda que tardia vivia;
sem os limites da infância sofrida
Petiz bóia fria, garimpando espciaria!

Artur Barbosa


sexta-feira, 30 de maio de 2008

terça-feira, 27 de maio de 2008

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Mulher


"Mulher, Mulher rendeira,
Mulher, Mulher rendá.
Tu me ensinas a fazer renda,
Que eu te ensino a namorar... "


Mulher, Mulher de renda;
Mulher, Mulher de seda.
Mulher branca, Mulher colorida;
Mulher suave, Mulher sofrida.

Mulher borralheira, Mulher prendada;
Mulher trabalhadeira, Mulher limitada.
Mulher religiosa, Mulher temente;
Mulher sem Deus, Mulher descrente.

Mulher criança, Mulher menina;
Mulher sem trança, Mulher pequenina.
Mulher vigilante, Mulher de antolhos;
Mulher "fumante" ,tristeza pros olhos !

Mulher delinquente, Mulher justiceira !
Mulher iniciante, Mulher traficante.
Mulher sedutora, Mulher feiticeira.
Mulher doente, Mulher medicante !

Mulher quilombo, Mulher Cinderela;
Mulher bomba, Mulher de novela !
Mulher MÃE, Mulher criadeira;
Mulher MÃE, Melhor companheira!

Mulher, Mulher educadora,
Mulher, Mulher professora:
Semeadora da educação !
Quem não se lembra da professorinha,
Que sozinha dirigiu a sua mão ?

Mulher desportista,esportista,ginasta;
Mulher, Mulher - você é um tesouro.
Daiane dos Santos - é OURO !

Mulher, Mulher magia;
Mulher, Mulher discreta.
Mulher, Mulher poesia,
Mulher, Mulher poeta!

Mulher sonhadora? A empreendedora!
Que deixou o fogão, para alavancar a Nação.
Mulher apolítica, de político e política!

Mulher, Mulher "sem divisa",
Mulher, Mulher sem crítica,
Mulher, Primeira Dama, MARISA!

Mulher mártir, irmã Marina;
Infelizmente esta é a tua sina!
Novamente vou partir,
sinto muito, tenho que ir!

Artur Barbosa Rocha

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Memória de paladar
Comi algodão doce

imaginando o gosto da nuvem.
Do avião, lembrei-me menina
saboreando nuvens.

Marilza Conceição
Saberes do ninho
A passarinha organiza gravetos e ramos
moldando-os com o peitona formação contínua de ninho.
Aprendeu o ancestral ensinamento
referência de seu estar no mundo.
Ninho tem saberes de aconchego.
Marilza Conceição

O mal da ficção é que ela faz sentido demais - disse John Rivers - a realidade não faz sentido nenhum...

Aldous Huxley
(O gênio e a deusa)

quinta-feira, 22 de maio de 2008

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Pulsa

Pulsa!

Pulsa e sangra !

Sangra a bela.
A bela azul !

Azul celeste.

Celeste quântica
no meio do universo.

Madura, azulada,
aveludada.

Apaixonante.

Não é enigma
nem sabedoria.

Não possui,
não deseja,
não mendiga.

Deformada,
mas ainda bela.

Deisi Perin

segunda-feira, 19 de maio de 2008


Praça Tiradentes - Curitiba

Alma de Fada

Nem se quer sonhei por detrás do espelho
E mesmo assim a minha alma reluzia
A tua luz de fada

Nem ao menos cantei os mantras naturais
Que te invocam
No comecinho de uma tarde mansa

Eis que te faz presente
como um poderoso encantamento

chega como o raio do sol
e penetra no pulsar
das minhas veias frágeis

e o meu coração te sente
como o oceano sente a praia
quando toca

e como as notas
são sentidas pelas cordas
que ressoam teu amor

e o meu amor
vira canção

e como um ciclo
de um sonho infinito

tu te transformas
na incomparável beleza
da mais fina e nobre canção
do coração da natureza.

Alessandro Jucá

sexta-feira, 16 de maio de 2008

quarta-feira, 14 de maio de 2008


Hermes

Transporterra ar
galopa evaporágua
Chicoteia labaredas
Cavaleiro Tempo
Atento,
Em sua capa de vento,
Tange alento e alegria
Que vão e vem,
Dependendo da localização.

Quando passa por espaço porteira
Esporando esperas,
Quando passa manada mando
Poeira de estrelas,
Pó das Eras cintilando em meus olhos.

Carlos Sousa

segunda-feira, 12 de maio de 2008

sábado, 10 de maio de 2008

Nuvem

Deus quando se revela é nuvem
é nu-vem.

Edivan Pereira da Silva

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Pintura de autor desconhecido, encontrada numa lata de lixo!

Coletor de resíduos domésticos e não domésticos na madrugada do calçadão da rua XV.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Lingüisticamente Falando

Somos sentido
E, nesse sentido,
Usuários fonéticos
Tentando manter o equilíbrio
A simetria gramatical

Tendemos a dizer,
Por formas diversas
Sempre a mesma coisa.

Num universo físico
De nêutrons, elétrons e prótons
somos corpos celestes
e com muitos pró e contras
Somos terrestres,
Numa gangorra de de concentração ou dispersão
em sons centrípetos ou centrífugos.

E em nossas rotações
E translações lingüisticas
Vamos atraindo signos e silêncios
Ao nosso discurso verbal,
E repelimos significados
Não essenciais.

Deisi Perin

terça-feira, 6 de maio de 2008


Provável conversa sentida na madrugada em Curitiba

Senti que me sentiste
E se a porta logo abrisses...

Me visses
entre plebeus?

Mas tu, cruel devassa,
Transborda tua taça

a qualquer,
dos filhos teus!

Ricardo Pozzo

sábado, 3 de maio de 2008

"Embora todos os homens acreditem que suas decisões e resoluções envolvem os mais diferentes fatores, na realidade não passa tudo de uma mera oscilação entre inspiração e desejo."

Os sonâmbulos; Hermann Broch