Deixe o limite adormecer
Entre comigo neste ecossistema
De calamidades fisiológicas
Comida processada, refrigerantes,
Bom ar, desodorante e sexo.
Deixe a tela nos engolir
E mergulhemos neste mar de vodka
E solidão aos litros.
Não há motivos para voltar
Há sim motivos para acender o pulmão
Com algum fluído a cada lacuna desbravada.
Vamos arrancar a roupa do dia
Com a nossa afiada falta de bom senso
E mastigar o piso carpetado do medo
Com a dentadura dos prédios mofados
Há sempre alguém acordado por você
Seus pais, sua amante, seus filhos, a rua
Ou melhor, a sua falta de culpa
Nossa série já montada
Proibida para a massa
Proibida para cachorros
Proibida para a sobriedade
Deixe o limite adormecer
E comprove a falta de tato que há numa manhã,
A falta de orgulho que há num final de tarde,
A falta de tédio que há na noite.
Vamos, com os facões da obviedade,
Desligar os programas de auditório
Cortando cabeças, cortando frases
O direito de resposta
As grandes conquistas não serão mais grandes conquistas
Os grandes homens não serão mais grandes homens
Pois grandes seremos nós, sem motivos ou discursos,
Apenas a nossa existência ilimitada
Pois a falta de limite nos dá esse presente:
Dificilmente iremos perceber
A morte ao nosso lado.
Alexandre França
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
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