1
é fino, frágil, de vidro
o sono no bom retiro.
do silêncio, num instante,
gritos do inferno de dante.
ao gritar que diz "acorde",
o gordo silêncio explode.
que punção nesta loucura
que à voz o sangue mistura,
na ala vizinha à borges?
(gritar sangra como um corte).
um gritar (com consoantes)
como eu nunca ouvira antes.
c´o pânico por consorte,
dos gritos a dor é o mote.
e do quarto do antivício,
como um peixe assustadiço
(pacto anônimo entre o surto
e uma crispação de susto),
meu silêncio quer o fundo,
além da mudez - no surdo.
pois que grita o homem noturno
na anteaurora em que não durmo.
pois que, às quatro, na ala ao lado,
regrita, em febre, este galo.
2
cedinho, no leito atado
com faixas (de olhos cerrados),
será assim sua manhã:
de amplectil com fenergan.
um sono de aço fundido;
não este outro (o meu), de vidro
Rodrigo Madeira
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
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Um comentário:
A vida real é a unica matéria para o mundo dos sonhos. Dificil a lição para o poeta, qndo se liberta das leituras anteriores.
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