Tem um cara aí em cima
Tocando uma reforma
Com um martelo de aço
Pregando pequenas reproduções de Picasso
Nos buracos da encanação.
Ele me irrita profundamente
Cravando pregos em machucados
Que parecem buracos
Mas que são apenas a má-digestão
Do dia seguinte.
Tem um cara aí em cima
Que deu uma reviravolta
Ouvindo Paulo Vanzolini
Num bar de rodoviária
Com um copo de cerveja quente
Esbravejando para os vira-latas
E repetindo a frase “eu posso”.
Agora
Ele não cansa de bater
Uma vitamina pela manhã
Agora
Ele não cansa de escutar
Músicas de relaxamento.
Tem um cara aí em cima
Que me quer morto
Por que eu critiquei o Oswaldo Montenegro
Por que a sua mãe me deu mole no elevador
Por que ele não pode mais
Ter um copo de vodka nas mãos.
Tem um cara aí em cima
Que quando eu reclamo
Ele só sabe me chamar de bêbado.
Alexandre França
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
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