terça-feira, 30 de dezembro de 2008
natureza - morta
no gato preto
hoy estoy besando un beso;
estoy solo con mis labios.
pedro salinas
teu beijo deve ter gosto
de ácido de bateria
de licor das enzimas
e vaginas
dos dentes do silêncio
de vestido azul sobre a cama
teu beijo deve ter gosto
do horizonte bordado de barcas
de peixe que se esbate no raso
e do fôlego das conchas
deve ter gosto
de margarida brotada na lua
de sangue na paleta da tarde
dos becos úmidos da cidade
da noite que aperta
entre as coxas
teu beijo deve ter gosto
de lábios só saliva
de flores negras das axilas
de lesma atravessando o pátio
deve ter gosto
do amanhã, as raízes e as hastes
de respiração boca a boca
dos corpos no escuro
de nuvens carregadas e mordaças
teu beijo deve ter gosto
das lâminas
do aceiro de âncoras
da gasolina do açucar
do fruto nem nascido
(mas o fruto existe
como a idéia)
dos lábios da ferida
teu beijo deve ter gosto
de língua
Rodrigo Madeira
hoy estoy besando un beso;
estoy solo con mis labios.
pedro salinas
teu beijo deve ter gosto
de ácido de bateria
de licor das enzimas
e vaginas
dos dentes do silêncio
de vestido azul sobre a cama
teu beijo deve ter gosto
do horizonte bordado de barcas
de peixe que se esbate no raso
e do fôlego das conchas
deve ter gosto
de margarida brotada na lua
de sangue na paleta da tarde
dos becos úmidos da cidade
da noite que aperta
entre as coxas
teu beijo deve ter gosto
de lábios só saliva
de flores negras das axilas
de lesma atravessando o pátio
deve ter gosto
do amanhã, as raízes e as hastes
de respiração boca a boca
dos corpos no escuro
de nuvens carregadas e mordaças
teu beijo deve ter gosto
das lâminas
do aceiro de âncoras
da gasolina do açucar
do fruto nem nascido
(mas o fruto existe
como a idéia)
dos lábios da ferida
teu beijo deve ter gosto
de língua
Rodrigo Madeira
Catarina morreu afogada
Catarina morreu afogada, foram anos e nada...
Não sabendo se inundas rasa.
numa superficial tensão das aguas,
castigada na altura das nádegas,
por cima das voltas...gotas na agua,
caídas dos olhos, encharcados.
Ó corpos boiantes,
antes antevissem o atrevimento,
se bem que chuva não penetra em cimento,
mas bebe da luz, desenha com ela
transforma em flechas seus feixes postados em cruz.
Mas se a chave acobreada renega
a fêmea trava que segura
a luz amarela do beco pluvial mente estagnado:
escuridão do pobre atrasado,
que pega carona nas ondas
vindas de um corpo que surge
debaixo de um lindo sofá.
- A pobre senhora era um anjo.
- Não para mais na calçada
trocando algumas palavras.
Foi levada pra um cano
exposta na galeria, e quem sabe pelo cheiro
um dia acharão seu rosto,
na foto de um documento de arquivo.
E dirão a seu filho, ou filha não sei:
achamos o sofá, é de um vermelho francês;
podes reconhecer o cadáver?
Embaixo dos pés um bueiro,
bocejando borbulhas carmim.
Pede pra ficar a sós;
assim que a água baixar
te ponho em buraco sem porta.
Não se atreve a chorar.
lágrima corroboraria mansa
e transbordaria tristeza.
O caso termina na tela da tv?
Ou sucumbe a variação climática.
Só não leva choque a sola de borracha.
João Franscisco Paes
Não sabendo se inundas rasa.
numa superficial tensão das aguas,
castigada na altura das nádegas,
por cima das voltas...gotas na agua,
caídas dos olhos, encharcados.
Ó corpos boiantes,
antes antevissem o atrevimento,
se bem que chuva não penetra em cimento,
mas bebe da luz, desenha com ela
transforma em flechas seus feixes postados em cruz.
Mas se a chave acobreada renega
a fêmea trava que segura
a luz amarela do beco pluvial mente estagnado:
escuridão do pobre atrasado,
que pega carona nas ondas
vindas de um corpo que surge
debaixo de um lindo sofá.
- A pobre senhora era um anjo.
- Não para mais na calçada
trocando algumas palavras.
Foi levada pra um cano
exposta na galeria, e quem sabe pelo cheiro
um dia acharão seu rosto,
na foto de um documento de arquivo.
E dirão a seu filho, ou filha não sei:
achamos o sofá, é de um vermelho francês;
podes reconhecer o cadáver?
Embaixo dos pés um bueiro,
bocejando borbulhas carmim.
Pede pra ficar a sós;
assim que a água baixar
te ponho em buraco sem porta.
Não se atreve a chorar.
lágrima corroboraria mansa
e transbordaria tristeza.
O caso termina na tela da tv?
Ou sucumbe a variação climática.
Só não leva choque a sola de borracha.
João Franscisco Paes
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Asas de Feliz Natal
Queridos todos, pouco entendo de alpiste e de cuidados de pássaros. Este ano persistentes e sabidos sabiás inventaram de fazer ninho nos cantos da minha casa. Partilho com vocês esta alegria no poema de Natal que nasceu voando, sem pensar em passar a limpo.....
Abraços e meu maior carinho!
Meu Deus, já é dia 23
e o presépio de Natal
ainda não foi montado!
Como não?
Encima do lustre velho
um sabiá chamado José
e uma sabiazinha Maria
bicam palha daqui e de lá
moldando com o corpo
um aconchego de ninho.
No meio de tantas penas
e de tantas despedidas
- quem não tem? -
esses pássaros de sempre,
ensaiam abraços de asas,
carregando uma estrela.
Uma coroa de advento
completa numa porta
seu ciclo de ciprestes.
E a eterna palavra fim
anoitecida de sonhos
madruga um recomeço..
Meu Deus, já é dia 24
e o presépio de Natal
ainda não foi montado!
Como não?
O lustre velho balança
um berço inusitado no ar.
As janelas descortinam
e se abrem de sim em sim....
Mas qual o motivo
de tanto silêncio?
É que nasce no presépio
de um sabiá chamado José
e de uma sabiazinha Maria
a própria palavra Nascimento.
Gloria Kirinus e família / Natal 2008
Abraços e meu maior carinho!
Meu Deus, já é dia 23
e o presépio de Natal
ainda não foi montado!
Como não?
Encima do lustre velho
um sabiá chamado José
e uma sabiazinha Maria
bicam palha daqui e de lá
moldando com o corpo
um aconchego de ninho.
No meio de tantas penas
e de tantas despedidas
- quem não tem? -
esses pássaros de sempre,
ensaiam abraços de asas,
carregando uma estrela.
Uma coroa de advento
completa numa porta
seu ciclo de ciprestes.
E a eterna palavra fim
anoitecida de sonhos
madruga um recomeço..
Meu Deus, já é dia 24
e o presépio de Natal
ainda não foi montado!
Como não?
O lustre velho balança
um berço inusitado no ar.
As janelas descortinam
e se abrem de sim em sim....
Mas qual o motivo
de tanto silêncio?
É que nasce no presépio
de um sabiá chamado José
e de uma sabiazinha Maria
a própria palavra Nascimento.
Gloria Kirinus e família / Natal 2008
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
JukeBox Quebrada
A memória com o desânimo
e desestimulo.
O é quando
apaga-se
feito silêncios doloridos
em bares crepúsculares
abrindo as portas para a noite.
Carlos Sousa
e desestimulo.
O é quando
apaga-se
feito silêncios doloridos
em bares crepúsculares
abrindo as portas para a noite.
Carlos Sousa
Férias
Dona Maria encontra-se em sua moradia
seus filhos a alertam que precisa ler mais,
ser uma senhora que conheça poesia,
e acompanhá-los nas grandezas culturais.
Dona Maria também tem a casa toda pela frente
que é insensível a leitura de obras-primas
de consagrados autores e poetas de invejável mente,
que dedicam todo o tempo a fazer rimas.
Ela encontra-se entre o pó e a poesia,
tem a sabedoria braçal das donas marias,
em que mais vale uma sujeira na mão,
do que duas, três esparramadas pelo chão.
Gregório e limpeza não combinam
mas espírito e alma se animam
e, declamando e procurando o rodo,
só o rodo é visto todo.
E eis que sai assim:
O rodo sem o cabo, não é rodo;
O cabo sem o rodo não é cabo;
Mas se o cabo o faz rodo, sendo cabo ;
não se diga que é cabo, sendo rodo.
Em toda limpeza de chão há rodo
E é rodo inteiro com qualquer cabo.
E feito cabo de rodo em todo rodo.
Com qualquer cabo sempre fica rodo.
O braço pega o cabo.
Pois, para a limpeza no fim do cabo, há rodo.
Assim, cada rodo há um cabo.
Não se achando o cabo deste rodo.
O braço não achará o cabo.
E a casa ficará sem a ação do rodo.
Deisi Perin
seus filhos a alertam que precisa ler mais,
ser uma senhora que conheça poesia,
e acompanhá-los nas grandezas culturais.
Dona Maria também tem a casa toda pela frente
que é insensível a leitura de obras-primas
de consagrados autores e poetas de invejável mente,
que dedicam todo o tempo a fazer rimas.
Ela encontra-se entre o pó e a poesia,
tem a sabedoria braçal das donas marias,
em que mais vale uma sujeira na mão,
do que duas, três esparramadas pelo chão.
Gregório e limpeza não combinam
mas espírito e alma se animam
e, declamando e procurando o rodo,
só o rodo é visto todo.
E eis que sai assim:
O rodo sem o cabo, não é rodo;
O cabo sem o rodo não é cabo;
Mas se o cabo o faz rodo, sendo cabo ;
não se diga que é cabo, sendo rodo.
Em toda limpeza de chão há rodo
E é rodo inteiro com qualquer cabo.
E feito cabo de rodo em todo rodo.
Com qualquer cabo sempre fica rodo.
O braço pega o cabo.
Pois, para a limpeza no fim do cabo, há rodo.
Assim, cada rodo há um cabo.
Não se achando o cabo deste rodo.
O braço não achará o cabo.
E a casa ficará sem a ação do rodo.
Deisi Perin
sábado, 20 de dezembro de 2008
um fauno
Há um nódulo na quinta-feira. Dizer adeus faz caírem meus cabelos. A verdade é uma lâmpada falha num quarto cheio de moscas e infiltrações de parede, mas a esperança, sobre as águas da febre, tem a pertinácia da cortiça. O tédio é a pior forma de tristeza.
Eis que alguma coisa no sol fratura tudo o que somos aqui em baixo. O dia mija luz sobre as coisas e fere e fede e ilumina um jardim de absurdos: borboletas com caules, gerânios asmáticos, orquídeas menstruadas, margaridas que suam, lírios que sangram, girassóis cujas corolas são ânus. O sol brilha também sob minha pele.
O ronco dos carros é quase uma fuga de bach. Quase beatífico, anuncia a metástase de um silêncio. Quando o pôr-do-sol vazar feito um vagaroso sangramento de nariz, haverá um segundo para nos olharmos, e no aço dos ossos florescerão pátinas e tétano, e na medula correrá a seiva elétrica das plantas que não existem. Com um estetoscópio de marfim, enquanto leio uns aforismos de blake, ausculto a parada cardíaca das pedras. Meço a pressão arterial e a solidão da chuva.
Ao entardecer, deito-me sobre as pastagens tauríferas, verde como o colegial de van gogh. Deixo o vento definir meu nome. Quando levanto, é meio-dia: estou numa praia cheia de ninfas que tatuam o sol na pele, e elas sorriem como o mar, puxando, puxando...
À noite, quando morremos mais de uma vez, a alma (esta ficção) faz guarida como um abajur no escuro. Todas as chaves perderam seus dentes, e não importa. Significar algo é brutal como empalhar uma criança. Estou alegre como quem anda descalço. Estou alegre como quem sobe o telhado. Ouço o sermão das nuvens. Ou me sento à mesa, corto um pedaço do peixe e já não digo nada (a boca cheia de silêncios): quais frutos velhos, as palavras estão abertas sobre a terra. Maré, por exemplo, cognoscível apenas pelo cheiro. Jogo longe minha flauta. As árvores, através dos vôos das aves, conversam entre si na distância imensa. Respirar é minha única religião.
Eis que alguma coisa no sol fratura tudo o que somos aqui em baixo. O dia mija luz sobre as coisas e fere e fede e ilumina um jardim de absurdos: borboletas com caules, gerânios asmáticos, orquídeas menstruadas, margaridas que suam, lírios que sangram, girassóis cujas corolas são ânus. O sol brilha também sob minha pele.
O ronco dos carros é quase uma fuga de bach. Quase beatífico, anuncia a metástase de um silêncio. Quando o pôr-do-sol vazar feito um vagaroso sangramento de nariz, haverá um segundo para nos olharmos, e no aço dos ossos florescerão pátinas e tétano, e na medula correrá a seiva elétrica das plantas que não existem. Com um estetoscópio de marfim, enquanto leio uns aforismos de blake, ausculto a parada cardíaca das pedras. Meço a pressão arterial e a solidão da chuva.
Ao entardecer, deito-me sobre as pastagens tauríferas, verde como o colegial de van gogh. Deixo o vento definir meu nome. Quando levanto, é meio-dia: estou numa praia cheia de ninfas que tatuam o sol na pele, e elas sorriem como o mar, puxando, puxando...
À noite, quando morremos mais de uma vez, a alma (esta ficção) faz guarida como um abajur no escuro. Todas as chaves perderam seus dentes, e não importa. Significar algo é brutal como empalhar uma criança. Estou alegre como quem anda descalço. Estou alegre como quem sobe o telhado. Ouço o sermão das nuvens. Ou me sento à mesa, corto um pedaço do peixe e já não digo nada (a boca cheia de silêncios): quais frutos velhos, as palavras estão abertas sobre a terra. Maré, por exemplo, cognoscível apenas pelo cheiro. Jogo longe minha flauta. As árvores, através dos vôos das aves, conversam entre si na distância imensa. Respirar é minha única religião.
Rodrigo Madeira
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
sexta-feira de lua
13 ou não, tanto faz.
acertaram um tórax
a ferro e fogo e completa falta de yin-yang
com um golpe turn off super man marlon brando
certeiro.
o que estava em volta do tórax
caiu como gelatina no meio da rua, basicamente osso e carne de quinta-feira ainda vivo.
uma gargalhada iluminava o beco distante
fazendo com que os ouvidos do assassino se voltassem para o eco,
seu rosto virava tal qual coruja precisa.
180 graus de fúria na cabeça, culpa nas costas e aquelas botas invocaram passos firmes na direção do voyeur que se atreveu.
a arma brilhava entre os dedos, mas o medo pingava da barba, escorria pelo pescoço.
na entrada do beco os passos cessaram, a tensão acumulada murchava. coração sem sangue.
maxilar travado, alívio, angústia...não havia ninguém.
primeiro caiu a arma, depois o assassino.
ele levava as mãos trêmulas à nuca, proximidade entre cabeça e chão.
após o ato criminoso não percebeu o som inconsciente do triunfo. não percebeu o quanto era mau, por só carregar sorrisos depois de mortes. a gargalhada era dele.
loucura e salvação nas lágrimas que molham a camisa.
Camila Vardarac
13 ou não, tanto faz.
acertaram um tórax
a ferro e fogo e completa falta de yin-yang
com um golpe turn off super man marlon brando
certeiro.
o que estava em volta do tórax
caiu como gelatina no meio da rua, basicamente osso e carne de quinta-feira ainda vivo.
uma gargalhada iluminava o beco distante
fazendo com que os ouvidos do assassino se voltassem para o eco,
seu rosto virava tal qual coruja precisa.
180 graus de fúria na cabeça, culpa nas costas e aquelas botas invocaram passos firmes na direção do voyeur que se atreveu.
a arma brilhava entre os dedos, mas o medo pingava da barba, escorria pelo pescoço.
na entrada do beco os passos cessaram, a tensão acumulada murchava. coração sem sangue.
maxilar travado, alívio, angústia...não havia ninguém.
primeiro caiu a arma, depois o assassino.
ele levava as mãos trêmulas à nuca, proximidade entre cabeça e chão.
após o ato criminoso não percebeu o som inconsciente do triunfo. não percebeu o quanto era mau, por só carregar sorrisos depois de mortes. a gargalhada era dele.
loucura e salvação nas lágrimas que molham a camisa.
Camila Vardarac
Refluxo Renil
A criança é mole. Plástica, pratica alongamentos impossíveis ao adolescente em diante. O fruto maduro já velho está murcho. Já o Curupira, anda com os pés de fasto na pressa de se apresentar assustadoramente para as crianças que venham a saber dele; e jocosamente para os adultos que dele querem fazer crença. Todos vão para o além além dele, em qualquer tempo, quem sabe!
O Curupira vai-se enganando os outros com o tempo que indo tá vindo e detrás da cortina, escondido, seus pés o denunciam dentro enquanto ele abre a janela e salta.
Criança, larga essa maçã que está estragada! Uma maçã estragada num cesto com outras maçãs perverte as outras e a mãe apavorada grita que o infante largue imediatamente aquela velha fruta que pereceu. Veneno.
Bruxa, bruxa a maçã que contamina as outras, cai na lixeira sem vida que já destinha quando colhida. Mãe dava maçã raspada para a criança passar mais horas viva junto dela viva. Em seus pensamentos às vezes ocorria um temor ligeiro, obsessivo, se levava ao filho o fruto proibido. O Curupira vinha encobrir à base de fumaça e pólvora os pensamentos da dona da casa que sem saber porque - sempre que dava a maçã - acabava a tarefa e fumava um cigarro. E enquanto pensava em nada - sem saber, pensando - lembrava em rasgões de cenas dum ser da mata, do tempo, do mato, a fumaça, o cigarro.
Maria José de Menezes
Maria José de Menezes
Lançado em Curitiba o volume 7 da antologia "Poesia do Brasil"
Lançado em Curitiba o Volume 7 da Antologia "Poesia do Brasil"
Por Andréa Motta
Em 18 de novembro de 2008, foi apresentada à comunidade literária de Curitiba, a Antologia Poesia do Brasil, Vol.7. O evento idealizado pelo núcleo de Curitiba do Proyecto Cultural Sur/Brasil, realizou-se no Centro de Letras do Paraná, em conjunto com a “Tarde da Poesia” – programação da Academia Paranaense da Poesia.
Estiveram presentes diversas Entidades Culturais do Estado e do Município, Poetas da Capital e do interior, Coral da Petrobrás, artistas plásticos, músicos, membros da Comunidade em Geral, além de diversos autores participantes do Volume 7 da antologia Poesia do Brasil, entre eles:
- Adélia Woellner, Andréa Motta, Deisi Perin, Eliane Justi, Lucy Reichenbach, Paulo Karam, Paulo Walbach Prestes e Sylvio Magellano. Dando início ao evento, a Professora Roza de Oliveira – Presidente da Academia Paranaense da Poesia passou a palavra à Coordenadora do núcleo de Curitiba do Proyecto Cultural Sur/Brasil, que realizou breve explanação sobre a antologia, sobre o Projeto Poesia na Escola e Congresso Brasileiro de Poesia.
Bem como, apresentou todos os poetas paranaenses participantes do volume 7, convidando os presentes a declamar um de seus poemas constantes do livro.Ao final foi efetuada pelos autores, doação de diversos exemplares do livro, para o Centro de Letras do Paraná e Academia Paranaense da Poesia - Entidades apoiadoras do evento.
Foram indiscutivelmente momentos de ímpar emoção e alegria.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Carpe Diem
Carpe diem, carpe inteiro.
Aproveitem o hoje sem temor.
Pois tudo na vida é passageiro.
Como bem o diz o cobrador.
Passam horas, passam dias.
Vive-se, morre-se ou se definha,
sem perceber as divisórias
de tão exíguas linhas.
Mas enfim, efêmera é a vida
e quero tê-la intensamente,
sem a falsa alegria dolorida
de quem só tem sorrisos com éter na mente
Começo a crer que eterna é a vida.
E nós, de carona, só de passagem,
somente somos superiores na ida,
e o ego nos cega bos parte de paisagem.
Estamos sempre revisados, ampliados e atualizados,
falamos que somos e acontecemos
porém, melhor seria fazer calados
os ideais que dia a dia esquecemos.
Se adultos, idéias tendenciosas.
Se jovens, impulsivos com novidade.
Se crianças, moldadas e teimosas.
Sobrou alguém com sanidade?
A bem da verdade, correto foi o Alienista
ao descobrir que ele era o único louco,
sem notar que o mundo é anarquista
dentro de regras, ciclos e sizo pouco.
Então, não há resposta ao descompasso,
o desconcerto do mundo é o que nos define,
resolvi brincar com as palavras que asso
pois as que frito engordam, e eu tô de regime.
Deisi Perin
Aproveitem o hoje sem temor.
Pois tudo na vida é passageiro.
Como bem o diz o cobrador.
Passam horas, passam dias.
Vive-se, morre-se ou se definha,
sem perceber as divisórias
de tão exíguas linhas.
Mas enfim, efêmera é a vida
e quero tê-la intensamente,
sem a falsa alegria dolorida
de quem só tem sorrisos com éter na mente
Começo a crer que eterna é a vida.
E nós, de carona, só de passagem,
somente somos superiores na ida,
e o ego nos cega bos parte de paisagem.
Estamos sempre revisados, ampliados e atualizados,
falamos que somos e acontecemos
porém, melhor seria fazer calados
os ideais que dia a dia esquecemos.
Se adultos, idéias tendenciosas.
Se jovens, impulsivos com novidade.
Se crianças, moldadas e teimosas.
Sobrou alguém com sanidade?
A bem da verdade, correto foi o Alienista
ao descobrir que ele era o único louco,
sem notar que o mundo é anarquista
dentro de regras, ciclos e sizo pouco.
Então, não há resposta ao descompasso,
o desconcerto do mundo é o que nos define,
resolvi brincar com as palavras que asso
pois as que frito engordam, e eu tô de regime.
Deisi Perin
Falo de Papel
D. Ceuseli terminou o serviço. Esqueceu o sabão na janela e o dr. Paulo dicou furioso com a incompetência dela. (Na verdade, ele já foi pobre e começou a "melhorar" depois que vendeu a primeira moto 125 cilindradas pro moço que confiou na palavra dele e nem verificou que o lucro embutido era mais de 30 por cento e ele comprou outra mais rápida que facilitava as entregas), ah! (mas esse passado ele enterrou e sai de vez em quando em rompantes de raiva das pessoas que são pobres, ou pretas, ou quase pretos quase brancos que são pobres, muito pobres como pretos, são quase todos quase nada, e ele sente raiva de em si ter um assim, que reaparece quando alguém que lhe parece superior aparece no seu caminho e lhe corta o passo). Dr. Paulo nunca fez análise. É diretor de logística reversa, fala inglês e alemão, dirige um carro cheio de recursos e velocidade, sabe tudo de engenharia reversa, essa possibilidade de reconstruir as etapas da construção de um produto; ou, dos processos desde a matéria-prima à entrega, devolução e reutilização e reciclagem, mas não usa esse conhecimento para pensar a história social e sua história pessoal.D. Ceuseli vai à psicóloga. Ficou deprimida morando naquela casa. O sofá quebrou, não deu pra consertar. As contas levavam o salário em seis dias. Ficava tensa de levar potinhos com açucar e feijão. Podia ser pega. O açucar, ela devolvia no início do mês. Compromisso sagrado. Mas o feijão, o dr. Paulo só comia cozido no dia e ele anunciava de manhã se era pra cozinhar ou não. No dia seguinte ela levava a sobra. Por isso não devolvia. Mas mesmo assim ficava estressada de ter que carregar um pouco de feijão e isso significar economia. Agradecia a Deus. Mas de novo, ainda assim ficava nervosa, ficava tensa, cansava, precisava desabafar e a filha levou-a ao psiquiatra da rede de saúde pública e lá ele evitou prendê-la como peixe pescado, em medicamentos pois poderia diminuir a resposta corporal à demanda de serviço e sondou se ela aderiria à idéia da psicoterapia. Ela topou.No dia do sabão esquecido, ela tinha lavado a vidraça e recolhia os produtos queando o telefone tocou. Dr. Paulo pedia duas garrafas que ela deveria pegar agora na prateleira baixa da reserva e transpor para a terceira fila da direita da escadam acima das de rótulo verde, inclinadas como as outras. Depois preparar dois tipos de canapés e deixar o queijo verde e o redondo sobre a tábua e ir embora,Era muita informação pro fim de tarde, e ela cumpriu tudo. Mas tinha terapia. Tinha que ir. Era um dos poucos momentos seus para si. Aí esqueceu o sabão.Dr. Paulo entrou na copa e viu aquele objeto fora de ordem. Cresceu-lhe a irritabilidade e para descarregar silencioso, com classe, deu um soco no suporte de papel toalha, de modo que o rolo amaciaria o impacto. O braço ficou retido na argola do suporte. Puxa, puxa, puxa, e lá está o sabão. Água na pia, sabão no braço, desvencilhou-se e ainda deu tempo de pentear com a mão o cabelo e retornar à sala, para dar continuidade à conversa com o casal Faulkwe, da qual poderia extrair a melhor impressão do presidente da Word Falk Corporation.Depois de desvencilhar o bra;o da algema que lhe pareceu o suporte, dr. Paulo sentiu-se mais vivo, mais livre, para propor uma idéia que lhe renderia por fora um lucro entre vinte e trinta por cento.
Maria José de Menezes
09/02/2007)
É meu Marido que Paga
É meu marido que paga ...
Quando eu era professor de matemática financeira, para facilitar o entendimento da matéria, eu utilizava como exemplos práticos, coisas do dia a dia das pessoas, tipo, uma venda a prazo em três pagamentos sem entrada, o cartão de crédito, a compra de combustível com cheque pré-datado, o penhor de jóias da Caixa, etc.
Meus cursos eram para profissionais da área financeira, ou seja, funcionários e gerentes de bancos, funcionários de financeiras ou departamentos de crédito, estudantes de economia ou administração, e afins.
Eventualmente, aparecia um médico, um dentista, um advogado, um dono de farmácia, que, talvez cansados de serem ludibriados financeiramente, decidiam aprender um pouco da tal matemática financeira.
Como em qualquer profissão ou atividade, com o tempo, o profissional passa a ter o chamado “olho clínico”. Isto é, aquela sensibilidade para “adivinhação”.
Para os professores, esse “olho clínico” possibilita saber de antemão, quais dos alunos entenderão mais facilmente a matéria, e, qual ou quais, entrarão e sairão do mesmo tamanho, isto é, sem entender bulhufas .
Pois bem, estava eu a explicar que, notadamente com inflação alta, quanto mais se postergar um pagamento, em não havendo juros de mora, tanto melhor para o devedor. E vice-versa.
Isto não é mistério, pois, sabe-se que em economias inflacionárias (e nisto nós brasileiros somos doutores), se não aplicado o dinheiro, quanto mais tempo passa, mais a inflação o corrói. Em outras palavras, a inflação é contra o credor, e portanto a favor do devedor.
Para facilitar o entendimento e possibilitar uma metodologia de cálculo, tomei como exemplo, o cartão de crédito.
Dizia eu:
Imagine que você vai fazer uma compra numa loja. Imagine que o preço, para pagamento em dinheiro (à vista) seja igual ao valor para pagamento com cartão de crédito. Imagine que você dispõe do dinheiro no bolso, caso fosse pagar em dinheiro (à vista).
Imagine também, que a data ideal para compra com seu cartão de crédito seja hoje.
Isto é, comprando hoje com o cartão, você só quitará a fatura daqui a trinta dias, pelo mesmo valor que pagaria à vista.
Ora, argumentava eu, financeiramente, na situação imaginada, opta-se pela compra com o cartão. De fato, pois o dinheiro da compra à vista, é aplicado, renderá juros por 30 dias, produzindo consequentemente ao final dos 30 dias, um montante maior que o valor da fatura do cartão de crédito.
A diferença entre, o montante da aplicação do dinheiro, e o valor da fatura do cartão de crédito, ou seja, os juros auferidos, representa a vantagem financeira que o devedor obtém, ao optar pela compra à prazo (no cartão).
Não creio que o prezado leitor, tenha tido alguma dificuldade para entender esta sistemática. Pode que não se tenha habilidade em fazer os cálculos, mas a idéia, acredito que esteja clara.
E o “olho clínico” ??? Perguntariam vocês. O que tem o ver o tal “olho clínico” com a inflação ou com o cartão de crédito ???
Eu explico.
dos alunos, era uma senhora, que não apresentava absolutamente o biótipo de um profissional da área financeira, tampouco aparentava ser uma estudante de economia ou administração.
Eu percebia que ela não estava entendendo “niente”. Eu até apostaria que ela não sabia, sequer, o que era inflação ...
Mas, como professor, e pelo dever do ofício, teria eu que dar-lhe uma chance para que ela esclarecesse suas dúvidas. Poderia ela estar sentido-se deslocada, pois o restante do grupo, eram todos profissionais da área financeira, e assim estaria ela retraída para perguntar, aquilo que não estivesse compreendendo.
Dirigindo-me a ela, dei-lhe então a oportunidade:
— E a senhora, qual seria sua opção nesta hipótese da compra com o cartão de crédito versus compra à vista ???
Ela respondeu-me.
— Este negócio daí, quem tem que entender é o meu marido, pois é ele quem paga a fatura do meu cartão de crédito ...
Osiris Duarte de Curityba
Publicado no Recanto das Letras em 05/10/2008Código do texto: T1212756
Quando eu era professor de matemática financeira, para facilitar o entendimento da matéria, eu utilizava como exemplos práticos, coisas do dia a dia das pessoas, tipo, uma venda a prazo em três pagamentos sem entrada, o cartão de crédito, a compra de combustível com cheque pré-datado, o penhor de jóias da Caixa, etc.
Meus cursos eram para profissionais da área financeira, ou seja, funcionários e gerentes de bancos, funcionários de financeiras ou departamentos de crédito, estudantes de economia ou administração, e afins.
Eventualmente, aparecia um médico, um dentista, um advogado, um dono de farmácia, que, talvez cansados de serem ludibriados financeiramente, decidiam aprender um pouco da tal matemática financeira.
Como em qualquer profissão ou atividade, com o tempo, o profissional passa a ter o chamado “olho clínico”. Isto é, aquela sensibilidade para “adivinhação”.
Para os professores, esse “olho clínico” possibilita saber de antemão, quais dos alunos entenderão mais facilmente a matéria, e, qual ou quais, entrarão e sairão do mesmo tamanho, isto é, sem entender bulhufas .
Pois bem, estava eu a explicar que, notadamente com inflação alta, quanto mais se postergar um pagamento, em não havendo juros de mora, tanto melhor para o devedor. E vice-versa.
Isto não é mistério, pois, sabe-se que em economias inflacionárias (e nisto nós brasileiros somos doutores), se não aplicado o dinheiro, quanto mais tempo passa, mais a inflação o corrói. Em outras palavras, a inflação é contra o credor, e portanto a favor do devedor.
Para facilitar o entendimento e possibilitar uma metodologia de cálculo, tomei como exemplo, o cartão de crédito.
Dizia eu:
Imagine que você vai fazer uma compra numa loja. Imagine que o preço, para pagamento em dinheiro (à vista) seja igual ao valor para pagamento com cartão de crédito. Imagine que você dispõe do dinheiro no bolso, caso fosse pagar em dinheiro (à vista).
Imagine também, que a data ideal para compra com seu cartão de crédito seja hoje.
Isto é, comprando hoje com o cartão, você só quitará a fatura daqui a trinta dias, pelo mesmo valor que pagaria à vista.
Ora, argumentava eu, financeiramente, na situação imaginada, opta-se pela compra com o cartão. De fato, pois o dinheiro da compra à vista, é aplicado, renderá juros por 30 dias, produzindo consequentemente ao final dos 30 dias, um montante maior que o valor da fatura do cartão de crédito.
A diferença entre, o montante da aplicação do dinheiro, e o valor da fatura do cartão de crédito, ou seja, os juros auferidos, representa a vantagem financeira que o devedor obtém, ao optar pela compra à prazo (no cartão).
Não creio que o prezado leitor, tenha tido alguma dificuldade para entender esta sistemática. Pode que não se tenha habilidade em fazer os cálculos, mas a idéia, acredito que esteja clara.
E o “olho clínico” ??? Perguntariam vocês. O que tem o ver o tal “olho clínico” com a inflação ou com o cartão de crédito ???
Eu explico.
dos alunos, era uma senhora, que não apresentava absolutamente o biótipo de um profissional da área financeira, tampouco aparentava ser uma estudante de economia ou administração.
Eu percebia que ela não estava entendendo “niente”. Eu até apostaria que ela não sabia, sequer, o que era inflação ...
Mas, como professor, e pelo dever do ofício, teria eu que dar-lhe uma chance para que ela esclarecesse suas dúvidas. Poderia ela estar sentido-se deslocada, pois o restante do grupo, eram todos profissionais da área financeira, e assim estaria ela retraída para perguntar, aquilo que não estivesse compreendendo.
Dirigindo-me a ela, dei-lhe então a oportunidade:
— E a senhora, qual seria sua opção nesta hipótese da compra com o cartão de crédito versus compra à vista ???
Ela respondeu-me.
— Este negócio daí, quem tem que entender é o meu marido, pois é ele quem paga a fatura do meu cartão de crédito ...
Osiris Duarte de Curityba
Publicado no Recanto das Letras em 05/10/2008Código do texto: T1212756
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Iluminação
Curitibano pagará mais caro pelas taxas e impostos da administração pública.
Prepare o bolso , o humor e as frases feitas em efeitos práticos.
Prepare a água e o cházinho para engolir, como sempre, as salgadas contas do início do ano.
A digestão é tão rápida que na próxima eleição você já esqueceu e pode deixar tudo como está.
Não faço apologias transformistas de mudança ampla, geral e irrestrita de pessoas.
Mudem a própria maneira de pensar, agir e falar.
Se não, para que querer iluminação nas ruas mais barata se a escuridão mental está muito bem instalada ?
Deisi Perin
Prepare o bolso , o humor e as frases feitas em efeitos práticos.
Prepare a água e o cházinho para engolir, como sempre, as salgadas contas do início do ano.
A digestão é tão rápida que na próxima eleição você já esqueceu e pode deixar tudo como está.
Não faço apologias transformistas de mudança ampla, geral e irrestrita de pessoas.
Mudem a própria maneira de pensar, agir e falar.
Se não, para que querer iluminação nas ruas mais barata se a escuridão mental está muito bem instalada ?
Deisi Perin
O Conto do Grito
e o grito dos calados
fez calar os pássaros
quando a noite ia torpe,
e o vento encontrava a esquina.
Fz da rua um circo
e o público sonâmbulo aplaudia:
palhaçadas triviais
tíbias promessas
truques sem poesia...
a arte sorria,
ao som do aviso
de dias inteiros de silêncio e sono.
E o grito dos que dormiam,
assombrados por insônias outras.
eram homens, que perdidos os sonhos,
divagavam sem dúvidas pela meia luz do poder
Walkírya Bonadina
(anívelde agosto de 2002 n01 )
fez calar os pássaros
quando a noite ia torpe,
e o vento encontrava a esquina.
Fz da rua um circo
e o público sonâmbulo aplaudia:
palhaçadas triviais
tíbias promessas
truques sem poesia...
a arte sorria,
ao som do aviso
de dias inteiros de silêncio e sono.
E o grito dos que dormiam,
assombrados por insônias outras.
eram homens, que perdidos os sonhos,
divagavam sem dúvidas pela meia luz do poder
Walkírya Bonadina
(anívelde agosto de 2002 n01 )
sábado, 13 de dezembro de 2008
Em Nome
do pai
do fumo da filha da grana
do álcool dos espíritos do mundo da fama
das drogas do mundo o êxtase das modas do mundo
a vagina da cama o falo
do coma
dos sonhos do mundo
a foda
da trama
do palco
das máscaras do mundo
a merda
da forma
do fundo
das estruturas do mundo
a mola
da bala
da vala
dos mortos do mundo
o mudo
da muda
do mundo
das flores do imundo
amém...
do fumo da filha da grana
do álcool dos espíritos do mundo da fama
das drogas do mundo o êxtase das modas do mundo
a vagina da cama o falo
do coma
dos sonhos do mundo
a foda
da trama
do palco
das máscaras do mundo
a merda
da forma
do fundo
das estruturas do mundo
a mola
da bala
da vala
dos mortos do mundo
o mudo
da muda
do mundo
das flores do imundo
amém...
Jorge Barbosa Filho
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Tanto de meu estado sonâmbulo
me acho incerta.
Não sei se ronco,
não sei se babo.
Fato é que sinto um descompasso.
Meu raciocínio quer aprender.
Meu corpo quer adormecer.
Não sei mais o que faço.
Estando aqui, chego a dormir,
ficando lá, não dá para descansar,
e assim o tempo há de consumir.
O que entrou cristalizou.
Se bateu e não abriu,
que fazer se não voltou?
Deisi Perin
Deisi Perin
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Eu sou o Cara
Quinta-feira, 11 de Dezembro de 2008
Levei mais um pé na bunda. Outra namorada terminou comigo. Que foda! Que saco! Tô triste pra caralho.
Ela podia ter me perdoado. Foi só sexo... Expliquei tudo direitinho, pedi desculpas. Gastei com flores. Cheguei quase a escrever um poema. Desses idiotas, como todo poema. Ainda bem me dominei a tempo.
Que ela queria? Sou grosso sim. Sou macho! É disso que elas gostam.
Ninguém quer um frufruzinho do lado. Só se for do lado de fora. ahahahahahahahah
Já tô melhorando o humor.
O quê, você acreditou que tava sofrendo? Que que há meu? Tá me estranhando?
Só vou ter que procurar outro "come". Tá cheio por aí. Tem até quem goste de levar uns tapas. E bato mesmo. Já me chamaram de ogro, sou mesmo.
Afinal eu se basto
Levei mais um pé na bunda. Outra namorada terminou comigo. Que foda! Que saco! Tô triste pra caralho.
Ela podia ter me perdoado. Foi só sexo... Expliquei tudo direitinho, pedi desculpas. Gastei com flores. Cheguei quase a escrever um poema. Desses idiotas, como todo poema. Ainda bem me dominei a tempo.
Que ela queria? Sou grosso sim. Sou macho! É disso que elas gostam.
Ninguém quer um frufruzinho do lado. Só se for do lado de fora. ahahahahahahahah
Já tô melhorando o humor.
O quê, você acreditou que tava sofrendo? Que que há meu? Tá me estranhando?
Só vou ter que procurar outro "come". Tá cheio por aí. Tem até quem goste de levar uns tapas. E bato mesmo. Já me chamaram de ogro, sou mesmo.
Afinal eu se basto
Deisi Perin
POEMA N 4
Poema № 4
Ao amanhecer a encontrei.
Sugeri que bebêssemos das claras da aurora.
Ela, com olhos negros, me disse: — não posso.
E se foi ...
Ao meio-dia, a encontrei outra vez.
Insisti que provássemos das delícias de um sol ardente.
Ela, com olhos negros e melancólicos, me disse: — não posso.
E se foi ...
Ao nascer da lua cheia, outra vez a encontrei e a convidei
para fartarmo-nos de luar e sermos felizes.
Ela, com olhos negros, melancólicos e chorosos, me disse: — não
posso, vou ao festival das lágrimas, cantar minhas dores.
E indo-se, falou: — eu sou a tristeza ...
Ao amanhecer a encontrei.
Sugeri que bebêssemos das claras da aurora.
Ela, com olhos negros, me disse: — não posso.
E se foi ...
Ao meio-dia, a encontrei outra vez.
Insisti que provássemos das delícias de um sol ardente.
Ela, com olhos negros e melancólicos, me disse: — não posso.
E se foi ...
Ao nascer da lua cheia, outra vez a encontrei e a convidei
para fartarmo-nos de luar e sermos felizes.
Ela, com olhos negros, melancólicos e chorosos, me disse: — não
posso, vou ao festival das lágrimas, cantar minhas dores.
E indo-se, falou: — eu sou a tristeza ...
Osiris Duarte de Curityba
http://www.recantodasletras.uol.com.br/poesiadetristeza
http://www.recantodasletras.uol.com.br/poesiadetristeza
queimar
não me toque
estou encantado.
morri ontem
entrei pra eternidade
com todo o futuro
enterrado.
o fio de mel
em minha língua
de arame farpado
secando as roupas
das brevidades
no horizonte.
não, não me ame
onde finda o olhar
cruel dos amaciantes.
apenas me chame
pra deitar ao sol
de tua boca infame.
que horas são?
preciso encontrar
um tempo
enquanto é tempo
antes do agora
em combustão.
jorge barbosa filho, casa de ray (mundo) rolim. Morretes. 26 de dezembro de 2007
estou encantado.
morri ontem
entrei pra eternidade
com todo o futuro
enterrado.
o fio de mel
em minha língua
de arame farpado
secando as roupas
das brevidades
no horizonte.
não, não me ame
onde finda o olhar
cruel dos amaciantes.
apenas me chame
pra deitar ao sol
de tua boca infame.
que horas são?
preciso encontrar
um tempo
enquanto é tempo
antes do agora
em combustão.
jorge barbosa filho, casa de ray (mundo) rolim. Morretes. 26 de dezembro de 2007
Só Neto de Canhões
Doces aulas de sons suaves,
doce repouso sobre meu braço,
onde o caderno fica nos ares
longo tempo sem o meu abraço.
Find'aula porém não nego suares
que retenho na memória de aço.
Acorda-me quando à chamada soares,
mas também não provoques colapso.
Bem pudera, nessa matéria, não ter provas
pr'alma sossegar e relaxar;
oferecer -se -iam angústias às favas.
Mas todos querem dar-nos notas
com métodos de apavorar,
Pra nós, pobres mortais, restam anedotas.
Deisi Perin
doce repouso sobre meu braço,
onde o caderno fica nos ares
longo tempo sem o meu abraço.
Find'aula porém não nego suares
que retenho na memória de aço.
Acorda-me quando à chamada soares,
mas também não provoques colapso.
Bem pudera, nessa matéria, não ter provas
pr'alma sossegar e relaxar;
oferecer -se -iam angústias às favas.
Mas todos querem dar-nos notas
com métodos de apavorar,
Pra nós, pobres mortais, restam anedotas.
Deisi Perin
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Reza
eu devo matar esta mulher dentro de mim
pra não matar esta mulher dentro de um bar
eu devo matar esta mulher dentro de mim
porque não se deve deixar viver em si qualquer mulher qualquer
eu devo matar esta mulher dentro de mim
pois matar primeiro a mim seria deixar vivê-la mais
eu devo matar esta mulher dentro de mim
porque antes do seu devir nunca tive vontade de matar
eu devo matar esta mulher dentro de mim
pra não morrer a cada dia um pouco mais
Adriano Smaniotto
Extraído da revista Beatriz 7
pra não matar esta mulher dentro de um bar
eu devo matar esta mulher dentro de mim
porque não se deve deixar viver em si qualquer mulher qualquer
eu devo matar esta mulher dentro de mim
pois matar primeiro a mim seria deixar vivê-la mais
eu devo matar esta mulher dentro de mim
porque antes do seu devir nunca tive vontade de matar
eu devo matar esta mulher dentro de mim
pra não morrer a cada dia um pouco mais
Adriano Smaniotto
Extraído da revista Beatriz 7
Um Cara
Tem um cara aí em cima
Tocando uma reforma
Com um martelo de aço
Pregando pequenas reproduções de Picasso
Nos buracos da encanação.
Ele me irrita profundamente
Cravando pregos em machucados
Que parecem buracos
Mas que são apenas a má-digestão
Do dia seguinte.
Tem um cara aí em cima
Que deu uma reviravolta
Ouvindo Paulo Vanzolini
Num bar de rodoviária
Com um copo de cerveja quente
Esbravejando para os vira-latas
E repetindo a frase “eu posso”.
Agora
Ele não cansa de bater
Uma vitamina pela manhã
Agora
Ele não cansa de escutar
Músicas de relaxamento.
Tem um cara aí em cima
Que me quer morto
Por que eu critiquei o Oswaldo Montenegro
Por que a sua mãe me deu mole no elevador
Por que ele não pode mais
Ter um copo de vodka nas mãos.
Tem um cara aí em cima
Que quando eu reclamo
Ele só sabe me chamar de bêbado.
Alexandre França
Tocando uma reforma
Com um martelo de aço
Pregando pequenas reproduções de Picasso
Nos buracos da encanação.
Ele me irrita profundamente
Cravando pregos em machucados
Que parecem buracos
Mas que são apenas a má-digestão
Do dia seguinte.
Tem um cara aí em cima
Que deu uma reviravolta
Ouvindo Paulo Vanzolini
Num bar de rodoviária
Com um copo de cerveja quente
Esbravejando para os vira-latas
E repetindo a frase “eu posso”.
Agora
Ele não cansa de bater
Uma vitamina pela manhã
Agora
Ele não cansa de escutar
Músicas de relaxamento.
Tem um cara aí em cima
Que me quer morto
Por que eu critiquei o Oswaldo Montenegro
Por que a sua mãe me deu mole no elevador
Por que ele não pode mais
Ter um copo de vodka nas mãos.
Tem um cara aí em cima
Que quando eu reclamo
Ele só sabe me chamar de bêbado.
Alexandre França
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Reflexões Sobre a Imagem
Acredito que a imagem tem poder de gritar em silêncio; porém a cada dia que passa, percebo que poucos são aqueles que ouvem os gritos.
Somos bombardeados com imagens o tempo todo, de tal forma que acaba por ocorrer o embotar de nossos sentidos.
A grande maioria das pessoas não é tocada realmente pela imagem, como reflexo de uma realidade que grita para ser modificada.
A pergunta é:
- Porque o retrato das mazelas humanas, a dor estampada em cada olhar vitimado pela ignorância atinge poucos ?
A resposta talvez esteja na banalização da vida como um todo.
Fechamos os olhos ou não olhamos para o feio, o triste, o sem cor ?
Queremos a vida colorida a qualquer custo. Faz-se necessário a ressensibilização real de nossos sentidos. Precisamos (re)aprender a ver não com nossos olhos, mas com a nossa alma.
Precisamos perceber que somos vida. Estamos rodeados de vida que não conhecemos, porque não nos permitimos olhar. Milhares de fotógrafos e cinegrafistas tiveram as vidas ceifadas para que pudéssemos saber o que está acontecendo num determinado lugar. Acreditam no poder da imagem, porém ela nos é servida entre a novela das sete e das oito em meio a culinária ou a vida badalada de alguma celebridade.
Tudo bem se você não quer olhar o feio, comece então olhando os olhos da criança que estiver mais próxima de você, pense que talvez daqui a algum tempo esse olhar já não será tão belo; talvez seja o olhar daquele que matará alguém empunhando uma arma, ou a muitos, se uma caneta.
Somos bombardeados com imagens o tempo todo, de tal forma que acaba por ocorrer o embotar de nossos sentidos.
A grande maioria das pessoas não é tocada realmente pela imagem, como reflexo de uma realidade que grita para ser modificada.
A pergunta é:
- Porque o retrato das mazelas humanas, a dor estampada em cada olhar vitimado pela ignorância atinge poucos ?
A resposta talvez esteja na banalização da vida como um todo.
Fechamos os olhos ou não olhamos para o feio, o triste, o sem cor ?
Queremos a vida colorida a qualquer custo. Faz-se necessário a ressensibilização real de nossos sentidos. Precisamos (re)aprender a ver não com nossos olhos, mas com a nossa alma.
Precisamos perceber que somos vida. Estamos rodeados de vida que não conhecemos, porque não nos permitimos olhar. Milhares de fotógrafos e cinegrafistas tiveram as vidas ceifadas para que pudéssemos saber o que está acontecendo num determinado lugar. Acreditam no poder da imagem, porém ela nos é servida entre a novela das sete e das oito em meio a culinária ou a vida badalada de alguma celebridade.
Tudo bem se você não quer olhar o feio, comece então olhando os olhos da criança que estiver mais próxima de você, pense que talvez daqui a algum tempo esse olhar já não será tão belo; talvez seja o olhar daquele que matará alguém empunhando uma arma, ou a muitos, se uma caneta.
Joselaine Mota
Assinar:
Postagens (Atom)