quarta-feira, 4 de maio de 2011

As andorinhas, dúzias

As andorinhas, dúzias,
formam um falcão, ele se alça
e cai como uma luva.

As andorinhas, muitas
fogem da chuva e desenham
uma faca, um corte nas nuvens:

vergam o eixo do bando,
uma embalagem de alumínio
enovela-se no vento.

As andorinhas
todas várias juntas,
desenham outra andorinha

ou uma tulipa,
que emerge do chão
e foge da chuva

Mario Domingues

3 comentários:

Anônimo disse...

Extraído do livro MUSGA,do poeta Mario Domingues,editado pela Mirabilia e lançado no ZOONA Literária, em Curitiba

Anônimo disse...

poema dos melhores, coisa fina, de quem sabe com que matéria se elabora a boa poesia.

extrema perícia ao lidar com imagens tem esse mario domingues.

(me lembro agora de um verso num poema, acerca de um cardume de peixes: lâmina animal).

o cinema, a fotografia, parecem artes amadoras perto da potência imagética da palavra.

rods.

Anônimo disse...

excelente!

madeira