quarta-feira, 18 de maio de 2011

Solo

emprestado à noite
meu corpo despenca
no rumorejo de palha.
deito uma pasta triste
com poemas
confrontando girassóis.
morrem crianças
através de cachimbos
por toda a cidade.
eu, no entanto,
não sou moralista:
despejo minha ira
contra os diretores
da chamada terra.
invoco medidas
que são possíveis
apenas pelo onírico
orfeu travestido
de guerreiro.
minha harpa não existe.
rabisco com carvão
uma esperança
mórbida

Augusto Meneghin

Nenhum comentário: