quando a chuva cai na terra, sou eu
tudo que fui: espada, chaga e escudo
tudo que serei: mundo menos eu
olhos que não mais despertam no escuro
quando a chuva cai na terra, sou eu
tudo que fui: canto, lâmina e azul
tudo que serei: trans-lúcido orfeu
na árdua descida, solitário e nu
o sol sem pálpebras que burilei
encegueceu-me por rumos que eu quis
estes retalhos todos que enverguei
são versos que me luzem por um triz
e de repente, aturdido, sou quase
nitidez que se descobriu miragem
Rodrigo Madeira
domingo, 15 de maio de 2011
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2 comentários:
Poema publicado no livro "sol sem pálpebras", editado pela Secretaria do Estado da Cultura do Paraná em 2008
Sensível e belo poema, que se faz na sutileza da alma do poeta e se refaz na alma de quem o saboreia.
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