domingo, 9 de setembro de 2007


PEQUENA CRÔNICA DE UM AMOR QUASE IMPOSSÍVEL(II)

Já tentei te matar, num crime perfeito,
Te apunhalar dentro do peito,
Te jogar aos leões dos desejos
Te asfixiar com a boca
Te apedrejar com olhares,
Te arrastar pela lama de tantas camas,
pelos lençóis de sêda da minha alma,
Te enredar, te engendrar pelas linhas
da palma da mão
Te conduzir pelos becos mal iluminados da minha paixão
Te retalhar em porções, pouco a pouco,
Te engolir com farinha
No arroz com feijão de cada dia,
Te prender atrás das grades de um abraço
Te fazer passar a pão e água
Te embrulhar pra me presentear
Em folhas coloridas e laço de crepom.
Te amar, te amarrar no tronco do corpo
E te castigar com minha língua afiada.

Hilário Lopes

5 comentários:

Natália Nunes disse...

Uau!
É, existe amor que é uma punição.

Anônimo disse...

Muito bacana este poema!!!!!!

Anônimo disse...

Hilário vc por aqui?Sê welcomizado bro!

Marilia Kubota disse...

To Te estranhando.
Acho que uma das dificuldades em apreender as formas poeticas da tradicao literaria e' exatamente esta. O concilio entre a forma e o conteudo. Um detalhe na escrita faz desandar todo o poema. Embora para os leigos so a "mensagem" , as rimas ou , para os mais sofisticados, a aliteracao importem.
O bom e' ter vontade de assimiliar mais formas e conhecimentos sensiveis. O ruim e' pensar que o inico e' o fim.

Marilia Kubota disse...

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