quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Convite à uma dança.

Eis-me aqui
a contemplar encantos,
danças ao fogo cigano
Que brotam do teu
sorriso e tornam-me
lago e Narciso
em Ti.

Musa descarada,
mal sabes
a que cobra
destes asas.
Por quanto tempo
queres
te manter
ilesa?

Eu,
que já flertei medusas
sei, que há mais perigos
em teu afeto franco
a despertar minha alma
a tudo que é sensível,
que tanto quanto
possa descrever,
é apenas
tocar pássaros
de seda,
comer com
os olhos
banquetes
sobre a mesa.

Saiba,
o desejo é
armadilha estranha;
nos conduz
à jardins magníficos,
quais girassóis imprecisos
que tangem-se,
momentâneos
e ruborizam-se

na fronte do sol.

Ricardo Pozzo

12 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom....talvez com esse poema, mesmo sem percebe-lo vc manifestou a prisão e dor da relação entre homens e mulheres. Toda mulher com seus poderes naturais ingenuos, ciganos, e tremendamente fálicos, aprisionando sem perceber em seus misterios homens, magnificos, fortes que em sua frente se tornam meninos medrosos.. ... o amor é feito da busca de compreensão e jamais poderemos desfutar do amor, que apenas nascerá do enfrentamento aos medos vicerais que temos diante aos mistérios do sexo oposto...somos filhos de deuses e deusas, celestias, profanos, mundanos, nos encatamos mutuamente....
Vilma

infraventos nas ventas disse...

O comentário da Vilma mereceria um texto à parte.

Anônimo disse...

Pela sensíbilidade , a luz sendo projetada nos lugares exatos !

Anônimo disse...

Wilson, sinto-me honrada por sua consideração, e feliz que pegou a essencia do meu comentário independente dos meus estúpidos e teimosos erros de português...rs
Bjs
Vilma

Natália Nunes disse...

Flertar com medusas é para homens de aço.

Anônimo disse...

É enfrentar os medos.Porém muitos ainda são atraídos pelas medusas e as acham mais interessantes do que o afeto franco porque neles como diz o texto desperta na alma sensibilidade e então a tendência é querer que o afeto franco se torne medusa, somente pelo fato da não aceitação.
Isso é medo também.

Anônimo disse...

Bom, independente do que foi tentado dizer, explicar ou o que quer que seja... O poema é devastador. Adorei. E, se a intenção era convidar alguém pra dançar, sinto-me flutuando em versos. Mordendo cores e surrurando flores...

Maria Julia F. Steiner disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria Julia F. Steiner disse...

Eu.. que nada sei de poemas além do prazer da leitura... modesta e tão imprecisa quanto as possibilidades de resposta a um "Convite à uma Dança"... me senti em teu "jardim magnifico"...
Parabéns!
Mª Julia

Unknown disse...

Gosto deste poema. O Rocardo é um excelente escritor, quem sabe , um dia, será mais reconhecido.

Anderson disse...

Será que alguém tem o direito de ouvir eu te amo? Eu digo isso sempre: que digo isso para todos. Até porque sem eles eu não seria nada. A reivindicação feminista é dotada de significação subjetiva o que a "justifica". As musas são belas e as medusas são horrendas, todas provém da matéria divina, que é desconhecida aos mortais. Acho bom não confundir isso, pois os deuses são o sopro da vida dos mortais. Tenho no senhor mesmo a minha vaidade colossal transmutada em piada de bom gosto. O rubor provém da certeza do intangível ao intelecto humano que é o toque no lugar certo da sua veste realizando o milagre dos peixes. Ninguém vai ao pai senão por meio de vossa Senhoria? "Ninguém" conhece o segredo dos encantos momentâneos e felinos dessas criaturas criadoras de fortunas, discórdias e musas. Seu falar é o rubor, seus direitos são a perda dos meus tão
"desejosos" e prazerosos como se me envergonhasse da sociedade que eu sempre fui. Sou por natureza um animal social, não posso ser condenado a uma homossexualidade forjada pelo desejo do amigo ao lado. Segundo Freud todo amor é erótico. Isso é uma redundância que remete a Eros o primeiro dos deuses. Não podemos assumir o que não sentimos e não temos tempo de explicar, e mesmo desvendar. Por enquanto temos o enigma da personalidade e a vontade de escrever o que sentimos. Sinto mais que o erotismo convidado por vossa senhoria. Sinto a ausência de princípios estéticos do sentimento do belo quando penso no que há para ser desvendado no eu lírico que canta musas distintas de sua natureza divina. Isso é, no mínimo, traiçoeiro, como quem insulta o analfabeto na rua, o que configura um sentimento indigno do que os deuses deixaram aos poetas. Creio que não venha a desesperança, mais uma vez quando se têm tal texto em mãos e diante dos olhos, de continuar tentando entender o sentimento do outro que já visitou os altos picos da sabedoria ocidental e a pureza do corpo oriental buscando a resposta para a solidão. Essa solidão não é a solidão erótica.

Anônimo disse...

Post Scriptum:

Ich konst von der wissenshaft
gegenstaind den prinzipien
du bist der schuller von das kind
das kinder du was du das kind du
gegenstaind nicht nihil.

Antropos ton agapaw tis agapis ton
alexandros megalos cronos antropon.

omnibus vilis dominus dominum.