Convite à uma dança.
Eis-me aqui
a contemplar encantos,
danças ao fogo cigano
Que brotam do teu
sorriso e tornam-me
lago e Narciso
em Ti.
Musa descarada,
mal sabes
a que cobra
destes asas.
Por quanto tempo
queres
te manter
ilesa?
Eu,
que já flertei medusas
sei, que há mais perigos
em teu afeto franco
a despertar minha alma
a tudo que é sensível,
que tanto quanto
possa descrever,
é apenas
tocar pássaros
de seda,
comer com
os olhos
banquetes
sobre a mesa.
Saiba,
o desejo é
armadilha estranha;
nos conduz
à jardins magníficos,
quais girassóis imprecisos
que tangem-se,
momentâneos
e ruborizam-se
na fronte do sol.
Ricardo Pozzo
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Luto
A dor que não sentiste sinto agora
Ao contemplar-te nessa cova fria
Em um momento em que o pavor devora
Toda esperança que a paixão nutria.
Os vermes hão de corroer-te as tripas
E na amargura desse chão sem fim
Verei morrer as sazonais tulipas
Daquele amor que não achaste em mim.
E enquanto a cova te recebe em festa
E sobre a Terra cai a noite densa,
Sei que na vida agora só me resta
Beber o fel de uma saudade imensa.
Rebellis
Ao contemplar-te nessa cova fria
Em um momento em que o pavor devora
Toda esperança que a paixão nutria.
Os vermes hão de corroer-te as tripas
E na amargura desse chão sem fim
Verei morrer as sazonais tulipas
Daquele amor que não achaste em mim.
E enquanto a cova te recebe em festa
E sobre a Terra cai a noite densa,
Sei que na vida agora só me resta
Beber o fel de uma saudade imensa.
Rebellis
domingo, 9 de setembro de 2007
PEQUENA CRÔNICA DE UM AMOR QUASE IMPOSSÍVEL(II)
Já tentei te matar, num crime perfeito,
Te apunhalar dentro do peito,
Te jogar aos leões dos desejos
Te asfixiar com a boca
Te apedrejar com olhares,
Te arrastar pela lama de tantas camas,
pelos lençóis de sêda da minha alma,
Te enredar, te engendrar pelas linhas
da palma da mão
Te conduzir pelos becos mal iluminados da minha paixão
Te retalhar em porções, pouco a pouco,
Te engolir com farinha
No arroz com feijão de cada dia,
Te prender atrás das grades de um abraço
Te fazer passar a pão e água
Te embrulhar pra me presentear
Em folhas coloridas e laço de crepom.
Te amar, te amarrar no tronco do corpo
E te castigar com minha língua afiada.
Hilário Lopes
favela
não há rocio.
tudo é terra estéril.
as árvores são as
vértebras da chuva.
a lama é uma feira
de infecções.
esta tarde, velha,
mastiga e cospe
crack e alcatrão.
a noite - aqui -
pesa
como
coturnos
e no entanto
amanhece.
alguém
abre uma janela para
os destroços da guerra,
lenta,
como a ferrugem,
franca como um peixe
que apodrece.
entre
a estrada das lágrimas
e o rio dos meninos,
cedinho,
três cadáveres
assistem à televisão.
Rodrigo Madeira
tudo é terra estéril.
as árvores são as
vértebras da chuva.
a lama é uma feira
de infecções.
esta tarde, velha,
mastiga e cospe
crack e alcatrão.
a noite - aqui -
pesa
como
coturnos
e no entanto
amanhece.
alguém
abre uma janela para
os destroços da guerra,
lenta,
como a ferrugem,
franca como um peixe
que apodrece.
entre
a estrada das lágrimas
e o rio dos meninos,
cedinho,
três cadáveres
assistem à televisão.
Rodrigo Madeira
Era da Velocidade
Cada vez que um novo botão é apertado,
Dando movimento a uma máquina,
Acontece o instalar-se de nova sina,
Muita gente fica com o coração apressado.
No conjunto movimento da engrenagem,
Nasce a máquina que, sem parar, se engrena
Na produção constante que nenhum dia para,
Enquanto a esperança humana..., gangrena.
Se apenas um dedo humano, o botão toca,
A máquina vive para que a produção ocorra,
Cabeça esquenta, braços param, cala-se a boca,
Não faz mal..., que a humanidade...morra.
Se o mundo espúrio mecanicamente continuar,
Que a máquina produza o que possa usar,
Gente sem trabalho, sem nada para fazer e sem ganhar,
Fenece e não tem dinheiro para gastar.
Gente mantém a vida pessoal em murmúrio.
Tudo isso é o que resulta, dessa corrida louca,
Para ricos e nobres, grande acúmulo de bens,
Para plebeus e pobres, apenas restam os améns,
O desespero, a perda dos sonhos e as fomes,
Quando nascem as máquinas e morrem os homens.
Olinto Alves Simões
Dando movimento a uma máquina,
Acontece o instalar-se de nova sina,
Muita gente fica com o coração apressado.
No conjunto movimento da engrenagem,
Nasce a máquina que, sem parar, se engrena
Na produção constante que nenhum dia para,
Enquanto a esperança humana..., gangrena.
Se apenas um dedo humano, o botão toca,
A máquina vive para que a produção ocorra,
Cabeça esquenta, braços param, cala-se a boca,
Não faz mal..., que a humanidade...morra.
Se o mundo espúrio mecanicamente continuar,
Que a máquina produza o que possa usar,
Gente sem trabalho, sem nada para fazer e sem ganhar,
Fenece e não tem dinheiro para gastar.
Gente mantém a vida pessoal em murmúrio.
Tudo isso é o que resulta, dessa corrida louca,
Para ricos e nobres, grande acúmulo de bens,
Para plebeus e pobres, apenas restam os améns,
O desespero, a perda dos sonhos e as fomes,
Quando nascem as máquinas e morrem os homens.
Olinto Alves Simões
Pó e Luz
Quando a lâmina fria e insensível
atravessa seu ser,
convenções e lógicas que regem sua vida
desmancham no ar, como poeira fina.
Os olhos vêem sem véu algum,
pois já não são mais os olhos que vêem.
É a própria alma que aflora.
E o que resta é o puro sentimento.
Um sentimento que penetra a carne
e chega a doer.
O mundo não é mais seu mundo.
O tempo deixa de existir.
Nada mais é exigido.
Só o amor transmitido pelo olhar.
Pessoas somem,
só sobra o olhar.
O conforto do olhar.
Através do qual sente-se
o bálsamo perfumado e precioso
para encerrar o que foi.
E fecha-se os olhos
com todo amor que é preciso ter.
O corpo vira pó.
Alma vira luz.
Deisi Perin
atravessa seu ser,
convenções e lógicas que regem sua vida
desmancham no ar, como poeira fina.
Os olhos vêem sem véu algum,
pois já não são mais os olhos que vêem.
É a própria alma que aflora.
E o que resta é o puro sentimento.
Um sentimento que penetra a carne
e chega a doer.
O mundo não é mais seu mundo.
O tempo deixa de existir.
Nada mais é exigido.
Só o amor transmitido pelo olhar.
Pessoas somem,
só sobra o olhar.
O conforto do olhar.
Através do qual sente-se
o bálsamo perfumado e precioso
para encerrar o que foi.
E fecha-se os olhos
com todo amor que é preciso ter.
O corpo vira pó.
Alma vira luz.
Deisi Perin
sábado, 8 de setembro de 2007
Asas
Cobri minhas asas
Com as cores que recolhi dos desertos.
São flores, galhos, gotas que se espalham...
São contas, penas, mistérios de um atalho.
Estrelas pulsantes, incandescentes raios,
Águas translúcidas, precisos relicários,
Ânforas de sóis, cântaros lunares,
Murmúrios suaves, toques e olhares...
Mel maduro lambuzado de tâmaras
Fragrância de corpos que se amam.
Ondas performáticas de mar.
Ondas enigmáticas de amor.
Óleos aromáticos, tendas de magia.
Delírio, sonhos, fantasia.
Poemas constantes, desejos incertos
Na ruptura da aresta
de um grão de areia,
Ampulheta
vazia.
Angela Gomes
Com as cores que recolhi dos desertos.
São flores, galhos, gotas que se espalham...
São contas, penas, mistérios de um atalho.
Estrelas pulsantes, incandescentes raios,
Águas translúcidas, precisos relicários,
Ânforas de sóis, cântaros lunares,
Murmúrios suaves, toques e olhares...
Mel maduro lambuzado de tâmaras
Fragrância de corpos que se amam.
Ondas performáticas de mar.
Ondas enigmáticas de amor.
Óleos aromáticos, tendas de magia.
Delírio, sonhos, fantasia.
Poemas constantes, desejos incertos
Na ruptura da aresta
de um grão de areia,
Ampulheta
vazia.
Angela Gomes
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
Cães indômitos...
Cães indômitos, correndo, vagando,
brincando nos labirintos noturnos.
Cães uivando em meio à névoa
trazida por nuvens pálidas e opacas.
E os ventos da tarde assobiam
junto com latidos que ressoam ao longe;
latidos que trazem a mensagem
da existência de um outro mundo
fora dos muros que te cercam...
Semelhante aos cães que latem
enquanto você passa pela rua,
te avisando que você ainda existe...
Leandro Vicelli
brincando nos labirintos noturnos.
Cães uivando em meio à névoa
trazida por nuvens pálidas e opacas.
E os ventos da tarde assobiam
junto com latidos que ressoam ao longe;
latidos que trazem a mensagem
da existência de um outro mundo
fora dos muros que te cercam...
Semelhante aos cães que latem
enquanto você passa pela rua,
te avisando que você ainda existe...
Leandro Vicelli
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