cruzemos os braços
assim cruzando a rua
o teu no meu
como um cordão
que pisoteie as avenidas
até migalhas
qual é o teu partido
alguém pergunta
eles não sabem nada
enquanto toma parte
da situação
quantos são os teus nomes
ou são sorrisos
um olho arde
a noite explode na cidade
ao fim dos rasgos
teu olho arde
é verde ou preto
contra um céu cinzento
e sem catástrofes
meu olho arde
contra o teu
o olho arde
é um cordão
eles só sabem medo
quantos centavos são
eles
e quem são eles
ou quantos somos
eles só sabem medo
porque não cuidamos
não cuidamos de saber
hoje eu te beijaria
você tem nomes
alguém pergunta
a noite explode nas cidades
causando um pânico incendiário
dos telejornais
os braços dados
não será televisionada
os braços dados
quem vai prender
as nossas gargalhadas
os braços
quem contaria as balas de borracha
quem vai prender as nossas gargalhadas
os braços dados
as nossas gargalhadas
por entre evolações
de gás lacrimogêneo
Guilherme Gontijo Flores
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Poema extraído da antologia Vinagre, organizada por Fabiano Calixto.
Postar um comentário