farei minha casa de árvore
no bonsai.
janeleira como olhos,
buliçosa,
a araucária cujos galhos
serão verdes cobras...
mas o veneno será todo meu.
vou contente,
saio sem nove horas.
vou lavar minhas únicas roupas
nos arroios da saliva,
quará-las à luz da lua.
farei minha casa de árvore
no bonsai.
amarelecida de fruta-cor e mijo,
a página,
a língua que lhe falta,
indaga-se:
– onde estás? onde estás,
tu que sangravas tanto?
escreva-me de mim o que
quiseres, página,
não me ouço mais!
assino-te em branco,
fundo tuas margens
num fio de catástrofe.
as palavras já são calhaus.
longe, fui colher insetos
através da noite
e afio minha faca no orvalho.
Rodrigo Madeira
quinta-feira, 25 de julho de 2013
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