No décimo primeiro andar da UFPR - Reitoria
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Guerra
No momento o conhecimento envileceu a cimentar
searas de ossos quebradiços ao som de sereias
que sopram tempestades nas ventas invernais.
Sobre as rubras lágrimas na seara de Marte
quando mais sobram foices caminham crianças
de pés descalços e olhos de abismo
no sonho seco de vinho avinagrado
cegos sóis nascem frios e a dor não acalenta
de vida os corpos desertores
de vida os corpos ausentes na lida.
Wilson Roberto Nogueira
searas de ossos quebradiços ao som de sereias
que sopram tempestades nas ventas invernais.
Sobre as rubras lágrimas na seara de Marte
quando mais sobram foices caminham crianças
de pés descalços e olhos de abismo
no sonho seco de vinho avinagrado
cegos sóis nascem frios e a dor não acalenta
de vida os corpos desertores
de vida os corpos ausentes na lida.
Wilson Roberto Nogueira
domingo, 28 de julho de 2013
O que sente a nuvem quando se torna lágrima no olho da noite?
Enquanto eu, que não conheço seu secreto nome, peço ao vento, deus da solidão, que lhe faça um carinho, porque você havia me olhado com tanta verdade, que então até a verdade me olhou e imediatamente fixou minha imagem nas páginas do tempo.
Enquanto eu, que não conheço seu secreto nome, peço ao vento, deus da solidão, que lhe faça um carinho, porque você havia me olhado com tanta verdade, que então até a verdade me olhou e imediatamente fixou minha imagem nas páginas do tempo.
Ricardo Pozzo
quinta-feira, 25 de julho de 2013
carta aberta
farei minha casa de árvore
no bonsai.
janeleira como olhos,
buliçosa,
a araucária cujos galhos
serão verdes cobras...
mas o veneno será todo meu.
vou contente,
saio sem nove horas.
vou lavar minhas únicas roupas
nos arroios da saliva,
quará-las à luz da lua.
farei minha casa de árvore
no bonsai.
amarelecida de fruta-cor e mijo,
a página,
a língua que lhe falta,
indaga-se:
– onde estás? onde estás,
tu que sangravas tanto?
escreva-me de mim o que
quiseres, página,
não me ouço mais!
assino-te em branco,
fundo tuas margens
num fio de catástrofe.
as palavras já são calhaus.
longe, fui colher insetos
através da noite
e afio minha faca no orvalho.
Rodrigo Madeira
no bonsai.
janeleira como olhos,
buliçosa,
a araucária cujos galhos
serão verdes cobras...
mas o veneno será todo meu.
vou contente,
saio sem nove horas.
vou lavar minhas únicas roupas
nos arroios da saliva,
quará-las à luz da lua.
farei minha casa de árvore
no bonsai.
amarelecida de fruta-cor e mijo,
a página,
a língua que lhe falta,
indaga-se:
– onde estás? onde estás,
tu que sangravas tanto?
escreva-me de mim o que
quiseres, página,
não me ouço mais!
assino-te em branco,
fundo tuas margens
num fio de catástrofe.
as palavras já são calhaus.
longe, fui colher insetos
através da noite
e afio minha faca no orvalho.
Rodrigo Madeira
terça-feira, 23 de julho de 2013
Canção
Três mocinhas me namoram
em Jaén:
Aisha e Fátima e Marién.
Três mocinhas tão garridas
azeitonas iam colher
encontravam-nas colhidas
em Jaén:
Aisha e Fátima e Marién.
Encontravam-nas colhidas
então desmaiavam
com cores perdidas
em Jaén:
Aisha e Fátima e Marién.
Três mouriscas terçãs
iam colher maçãs
e colhidas encontravam-nas
em Jaén:
Aisha e Fátima e Marién.
Anônimo/ Espanha, século XV/ tradução Ricardo Pozzo
Cancion
Tres morillas me enamoram
en Jaén:
Axa y Fátima y Marién.
Tres morillas tan garridas
iban a coger olivas
y hallábanlas cogidas
en Jaén:
Axa y Fátima y Marién.
Y hallábanlas cogidas
Y tornaban desmaidas
y las colores perdidas
en Jaén:
Axa y Fátima y Marién.
Tres moriscas tan lonzanas
iban coger manzanas
y cogidas las hallaban
en Jaén:
Axa y Fátima y Marién.
Anônimo/ España, século XV
em Jaén:
Aisha e Fátima e Marién.
Três mocinhas tão garridas
azeitonas iam colher
encontravam-nas colhidas
em Jaén:
Aisha e Fátima e Marién.
Encontravam-nas colhidas
então desmaiavam
com cores perdidas
em Jaén:
Aisha e Fátima e Marién.
Três mouriscas terçãs
iam colher maçãs
e colhidas encontravam-nas
em Jaén:
Aisha e Fátima e Marién.
Anônimo/ Espanha, século XV/ tradução Ricardo Pozzo
Cancion
Tres morillas me enamoram
en Jaén:
Axa y Fátima y Marién.
Tres morillas tan garridas
iban a coger olivas
y hallábanlas cogidas
en Jaén:
Axa y Fátima y Marién.
Y hallábanlas cogidas
Y tornaban desmaidas
y las colores perdidas
en Jaén:
Axa y Fátima y Marién.
Tres moriscas tan lonzanas
iban coger manzanas
y cogidas las hallaban
en Jaén:
Axa y Fátima y Marién.
Anônimo/ España, século XV
terça-feira, 16 de julho de 2013
quinta-feira, 11 de julho de 2013
o silêncio vai raspando a pele
até cortar a veia do sentimento
o sangue verte irrigando o sofrimento
que germina novas luas
de plácidos rostos em lagoas puras.
Jogo o anzol e só espero o prateado brotar peixe
faminto não sinto dores nem o clamor da fome
não vejo a lua me olhando triste no fundo do lago
só o peixe essa moeda da minha angústia.
palavras são foices ou seda, lã ou adaga
em mim elas saem como desespero de peixes
numa lagoa a secar no olhar de prata da lua
O sorriso plácido do silêncio é uma adaga
um sorriso que corta sem saber
corta o ar da gota prateada que se fez peixe
e não sabe por que seu mundo está a secar.
talvez ele já não saiba mais amar.
Wilson Roberto Nogueira
até cortar a veia do sentimento
o sangue verte irrigando o sofrimento
que germina novas luas
de plácidos rostos em lagoas puras.
Jogo o anzol e só espero o prateado brotar peixe
faminto não sinto dores nem o clamor da fome
não vejo a lua me olhando triste no fundo do lago
só o peixe essa moeda da minha angústia.
palavras são foices ou seda, lã ou adaga
em mim elas saem como desespero de peixes
numa lagoa a secar no olhar de prata da lua
O sorriso plácido do silêncio é uma adaga
um sorriso que corta sem saber
corta o ar da gota prateada que se fez peixe
e não sabe por que seu mundo está a secar.
talvez ele já não saiba mais amar.
Wilson Roberto Nogueira
sábado, 6 de julho de 2013
quinta-feira, 4 de julho de 2013
A la Cummings/ pero no tanto
ma
is
inte
res
sante
ser ia
se
ta
n
to
nã
o
ten
tas
se r
ex
per
to
Assinar:
Postagens (Atom)