Os dentes são os únicos ossos
expostos do corpo, o sorriso é
o começo de uma caveira.
Toco de caneta bic
e uma coca-cola vazia,
improviso o cachimbo.
Olho pra lata, que ri.
Coloco a bic na boca,
tenho poucos dentes,
lábios rachados.
A chama do isqueiro
na pedra, chupo, a língua sente
o gosto, amargo estrume.
Engulo a fumaça
prendo, a mágica bate.
O bem que faz é veloz
feito jegues que afundam dando
coices no sangue.
Sou atacado por morcegos cuspidos dos
olhos e ouvidos.
Luxúria é uma coisa, nóia,
eletricidade outras bem diferentes.
Vou perdendo os dentes
e a memória.
Quem fui? Eu não era
magro desse jeito.
Aguente, é tudo que
digo pra mim.
O estômago dói.
Tô comendo sem molho
minha própria caveira.
Comecei pelo sorriso.
Luiz Felipe Leprevost
Crisis capitalism
Há 4 minutos
2 comentários:
Extraído do livro "Manual de Putz sem Pesares", do Luiz Felipe Leprevost, lançado pela editora Medusa no ZOONA Literária
muito bom pra caralho!
madeira.
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