domingo, 14 de setembro de 2008

A velhice renova o terror até ao infinito. Ela faz regressar o ser, sem cessar, ao princípio que entrevejo à beira do túmulo é o porco, que nem a morte nem o insulto podem matar em mim. O terror à beira do túmulo é divino, e eu afundo-me no terror de que sou filho.

Georges Bataille.

Um comentário:

rodrigo madeira disse...

bataille tem uma ótima:
"o ato sexual é no tempo o que o tigre é no espaço".

essa reflexão sobre a velhice e o medo é mt boa. e natural e "verdadeira". o terror à beira do túmulo nasce, além do medo do desconhecido, da perda do ego ou da identidade (todo morto perde os traços do rosto - resta apenas a máscara mortuária, a máscara de si mesmo), nasce também do amor à vida, do amor a "minha presença, meu olhar e minhas veias grossas, meus sulcos no travesseiro, minha sombra no muro, sinal meu no rosto, olhos míopes, objetos de uso pessoal, idéia de justiça, de revolta e sono, adeus..."(drummond)

também por isso inventamos deus (a mais linda e impressionate invenção humana, maior que as sandálias de dedo e a escova de dentes!), para que ele nos inventasse e tornasse a inventar depois da morte. mas a eternidade, como escreveu carpinejar, a eternidade é mais breve que a vida.

...bom, viajei. tchau!