o soneto
fechou-se à
verborréia,
fez careta
ao discurso
tem agora
o hemistíquio
dos insetos
dissecados,
e entreabriu-se
aos desvãos,
por mais mínimos,
como quem
se abre ao mar.
2
o inseto de
palarva e tinta,
multiplicado
por suas asas,
despega da
margem esquerda.
magro e comprido,
no afã de ser
fero e revivo,
deixará a página
(conta se morre
pouco depois?)
pelas paredes
sem transcendência.
3
antes de pousar
de uma vez por todas,
o sonitinseto
revela-se inteiro
à sanha suctória
nas dermes da vida:
imos, méis e conas.
morto, vai feder
quase impercebido:
micromiliabismos
seu registro no
papel será como
a abelha esmagada
correndo no vidro.
4
ou a fribólise
carne do susto,
e não do sono,
mil folhações.
duma crisálida
renascerá:
sangue de tinta,
asas-sulfite,
a carnadura
de gosma e âmbar.
para queimar
no ar e nas veias,
como um veneno,
como o verão.
Rodrigo Madeira
domingo, 21 de setembro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Menção honrosa no Concurso Helena Kolody, edição 2007.
Poetas, o circo está pegando fogo no largo da ordem:
http://bocagil.blogspot.com/
e
http://ossurtado.blogspot.com/2008/09/outro-ovo-de-colombo.html
Postar um comentário