domingo, 28 de setembro de 2008
Imaginário do Envolvimento/ Desenvolvimento
XV Ciclo de Estudos sobre o Imaginário
Congresso Internacional 7 a 10 de Outubro 2008
Park Hotel / Hotel Vila Rica - Recife - Brasi
Mesa Redonda II
Coordenação: Gloria Kirinus – pós-doutoranda CEAQ/Sorbonne
Tempo de Maradigmas
Gilbert Durand coloca, a respeito do “trajeto antropológico”, que a tensão entre dois pólos é responsável por qualquer dinâmica sociocultural. Envolvimento e desenvolvimento são aqui considerados como pólos entre os quais estão incluídas as dimensões da vivência que diz respeito a diversos campos: o político principalmente, mas também o da consciência de cada um quanto às suas responsabilidades sociais, tais como, questões éticas, morais e inclusão/exclusão social. Não se trata pois de estabelecer mais uma dicotomia, mas de perceber estas dimensões como polaridades dinâmicas.
O tema surgiu no Ciclo de Estudos anterior que tratou das dimensões imaginárias da natureza, onde se pôde observar, entre outros, o tratamento dado à natureza em função de projetos de desenvolvimento. Por outro lado, observa-se que os governos vêm propondo planos de desenvolvimento sustentável e de crescimento acelerado. O que significam estas propostas em termos de vivência e de futuro do planeta?Na imprensa e nas publicações científicas têm se multiplicado as críticas a esse desenvolvimento dito sustentável*. É assim que em 2003 é publicado um livro de Stéphane Bonnevault “Desenvolvimento insustentável. Por uma consciência ecológica e social”, onde ele diz “se ninguém escapa ao desenvolvimento, é que o ocidente autorizou-se a embarcar, sem aviso prévio, o resto do mundo em sua cruzada aberrante, o crescimento econômico a todo custo, sem se preocupar com os amanhãs – que estão longe de ser radiosos, senão para alguns raros privilegiados. Deveríamos nós deixar comprometer o devir do planeta para que alguns possam impunemente assegurar seu delírio de dominação da natureza e satisfazer os desejos de seu gigantesco ego econômico?".Quando se trata de sociedades não industrializadas, a tônica da vivencia é o envolvimento: diz Virgílio M. Viana em seu artigo “Envolvimento sustentável e conservação das florestas brasileiras” *, a respeito dos caiçaras: “Des-envolver para as populações tradicionais - não apenas a caiçara - significa perder o envolvimento econômico, cultural, social e ecológico com os ecossistemas e seus recursos naturais. Junto com o envolvimento, perde-se a dignidade e a perspectiva de construção da cidadania. Perde-se ainda o saber e com ele o conhecimento dos sistemas tradicionais de manejo que, ao contrário do que normalmente se pensa, podem conservar os ecossistemas naturais de forma mais efetiva do que os sistemas técnicos convencionais. O processo de degradação ambiental se acelera com a expulsão - às vezes violenta - das populações tradicionais de suas terras. Obviamente essas conseqüências do desenvolvimento não são coerentes com a busca da sustentabilidade do nosso Planeta. Segundo o dicionário Michaelis, desenvolver significa tirar o invólucro, descobrir o que estava encoberto; envolver significa meter-se num invólucro, comprometer-se. Dessa forma, poderíamos dizer que desenvolver uma pessoa ou comunidade significa retirá-la do seu invólucro ou contexto ambiental; descomprometê-la com o seu ambiente”. Considerando que os projetos de desenvolvimento dizem respeito a uma visão de mundo específica, e levando em conta as bases míticas destas visões, o objetivo geral deste Ciclo de Estudos sobre o Imaginário é discutir, a partir das dimensões simbólicas, arquetípicas e míticas, as relações entre estes dois termos relativos às diversas alternativas de organização sócio-econômicas ambientais.
Ambiente e Sociedade n.5 - 1999
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
(in)significante
no limite da poesia
a palavra é sua canção.
ou um significar
que não significa
se não significar o som.
“silêncio”, por exemplo,
pede silêncio.
a palavra “pássaro” tem
o tatalar de asas dentro.
“sexo” é em si clandestina,
sussurrada pelos namorados
nas escadas e esquinas.
“jangada” é aquela
que vai, lenta,
levada pelo mar e pela brisa. etc.
não é o caso de “pulcra”.
apenas no dicionário
e na lapela do professor
“pulcra” é da elegância
a eruditíssima flor.
“pulcra”, dessas palavras
que significam em negação,
pois no interior de sua música
é fétida, repugnante,
em franca decomposição.
no limite da liberdade
as palavras, que voam
como aves selvagens
em seu próprio som,
estercam na calva
sisudez da semântica,
fazem pouco dos poleiros
da significação.
Rodrigo Madeira
a palavra é sua canção.
ou um significar
que não significa
se não significar o som.
“silêncio”, por exemplo,
pede silêncio.
a palavra “pássaro” tem
o tatalar de asas dentro.
“sexo” é em si clandestina,
sussurrada pelos namorados
nas escadas e esquinas.
“jangada” é aquela
que vai, lenta,
levada pelo mar e pela brisa. etc.
não é o caso de “pulcra”.
apenas no dicionário
e na lapela do professor
“pulcra” é da elegância
a eruditíssima flor.
“pulcra”, dessas palavras
que significam em negação,
pois no interior de sua música
é fétida, repugnante,
em franca decomposição.
no limite da liberdade
as palavras, que voam
como aves selvagens
em seu próprio som,
estercam na calva
sisudez da semântica,
fazem pouco dos poleiros
da significação.
Rodrigo Madeira
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Mormaço
Pálpebra pesada
Da janela sonolenta
pende a fuligem preta
O castelo de nuvens
tornou-se borrão
na vista cinzenta
Mormacenta e embaçada,
atmosfera lúgubre
precede a tormenta
Opaca letargia
vai escorrer
da vidraça
Eu choro
sempre que preciso
de luzes
Iriene Borges
Da janela sonolenta
pende a fuligem preta
O castelo de nuvens
tornou-se borrão
na vista cinzenta
Mormacenta e embaçada,
atmosfera lúgubre
precede a tormenta
Opaca letargia
vai escorrer
da vidraça
Eu choro
sempre que preciso
de luzes
Iriene Borges
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
você
eu que por pouco não sou transparente
apesar de minha solidez aflitiva
filho de todas as razias
eu que por mais um pouco seria invisível
que saio de casa para entrar no mundo
que enxergo, como henrika,
peixes nas poças de chuva
eu que sou um franciscano brutal
que alimento os pombos com parafusos
um relógio onde o tempo se estraga
que nunca superei as drogas
que não venci aquela paixão
que não posso ver uma mesa de cartas
eu que como papel entre
tragos de tinta
que tenho a chave para as praças da cidade
eu que bebo com os cavalos as águas estigiais
que oxido a lua de urina
que construí escadas que vão dar no teto – como
madame winchester –
que inventei janelas inacessíveis
construí mansardas sem alicerces
na mudança meus fantasmas
e uma mitologia de cães cegos
eu que sou esta florescência de miasmas
cuja alegria é uma careta
cujo sangue é de auroras
cujos ossos são de tijolos e a alma
de querosene
meu sonho será apodrecer
exalando música
eu que guardo uma gaivota na traquéia
que tenho cabelos no coração
e rins de diamante
que saio pelas ruas, charanga de calúnias
que vadio as estrelas
que desconfio dos poderes sobrenaturais
da linguagem
e ainda assim digo, grito desesperadamente as coisas
como arrastado por um desacampamento
de ciganos, como se uma guerra (ou uma saudade)
começasse por minha causa
como se um mágico tirasse moedas de minha
boca e as esferográficas guardassem a velha
herança das navalhas ruins,
como se houvesse fios de alta-tensão
entre nossos corpos
eu que vivo o precário vaudeville dos instantes
que aprendi a dar cambalhotas
com os bobos
de shakespeare e os retardados
cujo bom-senso é o estopim da combustão
cujo reino é uma cratera
cuja coroa é o nariz
do palhaço, e o assassinato um ressuscitar-se
eu que sou, às 4:00 da manhã,
a única janela acesa que me intoxico de deus
que perdi a identidade, o ônibus, a graça
e os sisos e o bilhete premiado
e o fio de ariadne,
a lembrança do inferno e do paraíso
e volto para casa sangrando
como quem assobiasse
eu que faço parelhas aos afogados
que sempre quis ser o poeta de tróia
o poeta da boca-de-fumo, o poeta de porta-de-cadeia
o poeta dos obituários, o poeta oficial das alvoradas,
o poeta oficial da vila hauer
e que, ao fim, não sou poeta oficial
nem de mim mesmo
eu que toco trombone
dentro de uma piscina vazia
eu que tenho queimaduras de terceiro grau
por dentro
que cato os rebotalhos da cultura materialista
e reciclo
do jeito que dá e não dá
e junco de esperança
todos os impedimentos
eu, exilado do país infinito
que manipulo venenos, que enlouqueço sozinho
um ser fronteiriço
entre azul e precipício
e subo a montanha
como um profeta que engoliu a língua
eu que escovo os dentes
com chuva e maçarico
eu, meu corpo
que tenho a espessura da vida
e o peso exato
de minha morte
eu
coluna de fumaça
espelho quando mente
ferragem retorcida
rosto em branco, sem traços (como um edifício ou um anjo
transitório)
minha cara inconfundível
uma palavra
(r
el
âm
pa
g
o) que não acaba nunca
Rodrigo Madeira
apesar de minha solidez aflitiva
filho de todas as razias
eu que por mais um pouco seria invisível
que saio de casa para entrar no mundo
que enxergo, como henrika,
peixes nas poças de chuva
eu que sou um franciscano brutal
que alimento os pombos com parafusos
um relógio onde o tempo se estraga
que nunca superei as drogas
que não venci aquela paixão
que não posso ver uma mesa de cartas
eu que como papel entre
tragos de tinta
que tenho a chave para as praças da cidade
eu que bebo com os cavalos as águas estigiais
que oxido a lua de urina
que construí escadas que vão dar no teto – como
madame winchester –
que inventei janelas inacessíveis
construí mansardas sem alicerces
na mudança meus fantasmas
e uma mitologia de cães cegos
eu que sou esta florescência de miasmas
cuja alegria é uma careta
cujo sangue é de auroras
cujos ossos são de tijolos e a alma
de querosene
meu sonho será apodrecer
exalando música
eu que guardo uma gaivota na traquéia
que tenho cabelos no coração
e rins de diamante
que saio pelas ruas, charanga de calúnias
que vadio as estrelas
que desconfio dos poderes sobrenaturais
da linguagem
e ainda assim digo, grito desesperadamente as coisas
como arrastado por um desacampamento
de ciganos, como se uma guerra (ou uma saudade)
começasse por minha causa
como se um mágico tirasse moedas de minha
boca e as esferográficas guardassem a velha
herança das navalhas ruins,
como se houvesse fios de alta-tensão
entre nossos corpos
eu que vivo o precário vaudeville dos instantes
que aprendi a dar cambalhotas
com os bobos
de shakespeare e os retardados
cujo bom-senso é o estopim da combustão
cujo reino é uma cratera
cuja coroa é o nariz
do palhaço, e o assassinato um ressuscitar-se
eu que sou, às 4:00 da manhã,
a única janela acesa que me intoxico de deus
que perdi a identidade, o ônibus, a graça
e os sisos e o bilhete premiado
e o fio de ariadne,
a lembrança do inferno e do paraíso
e volto para casa sangrando
como quem assobiasse
eu que faço parelhas aos afogados
que sempre quis ser o poeta de tróia
o poeta da boca-de-fumo, o poeta de porta-de-cadeia
o poeta dos obituários, o poeta oficial das alvoradas,
o poeta oficial da vila hauer
e que, ao fim, não sou poeta oficial
nem de mim mesmo
eu que toco trombone
dentro de uma piscina vazia
eu que tenho queimaduras de terceiro grau
por dentro
que cato os rebotalhos da cultura materialista
e reciclo
do jeito que dá e não dá
e junco de esperança
todos os impedimentos
eu, exilado do país infinito
que manipulo venenos, que enlouqueço sozinho
um ser fronteiriço
entre azul e precipício
e subo a montanha
como um profeta que engoliu a língua
eu que escovo os dentes
com chuva e maçarico
eu, meu corpo
que tenho a espessura da vida
e o peso exato
de minha morte
eu
coluna de fumaça
espelho quando mente
ferragem retorcida
rosto em branco, sem traços (como um edifício ou um anjo
transitório)
minha cara inconfundível
uma palavra
(r
el
âm
pa
g
o) que não acaba nunca
Rodrigo Madeira
domingo, 21 de setembro de 2008
O Guardião das Horas
Não sou feito de aço,
eu enferrujo, por isso evito ventos fortes
lágrimas à toa.
Como da primeira vez.
Pareço feito de areia,
então escorreguei por entre seus dedos.
Mas foi a última vez.
Sou um bandido alado, impreciso,
roubo a substância do abstrato.
Me comunico em
panfletos colados nos postes, cartazes nos tapumes,
muros piccahdos, estampas de camiseta,
adesivo de carro.
Tenho apenas cincosentidos,
todos voltados para a contra-mão,
e mesmo assim reconheceria a sua voz até no inferno.
Eu viajei vezes e vezes por você
sempre um segundo atrasado
leve, leve, leve
e esperei...
as 7 voltas nas muralhas de Jericó
os 3 dias pela ressureição
os cem anos de guerra e solidão
os nove meses no ventre da tua mãe
mas somente aprendi as leis do tempo
quando li as linhas da tua mão.
A poesia não espera pela inspiração
o amor não espera amadurecer
a dor não espera o perdão
a fome não espera a sede
a vida não espera o fim do expediente
o sol nunca espera pela lua
e eu não espero mais por você.
Luiz Belmiro Teixeira
eu enferrujo, por isso evito ventos fortes
lágrimas à toa.
Como da primeira vez.
Pareço feito de areia,
então escorreguei por entre seus dedos.
Mas foi a última vez.
Sou um bandido alado, impreciso,
roubo a substância do abstrato.
Me comunico em
panfletos colados nos postes, cartazes nos tapumes,
muros piccahdos, estampas de camiseta,
adesivo de carro.
Tenho apenas cincosentidos,
todos voltados para a contra-mão,
e mesmo assim reconheceria a sua voz até no inferno.
Eu viajei vezes e vezes por você
sempre um segundo atrasado
leve, leve, leve
e esperei...
as 7 voltas nas muralhas de Jericó
os 3 dias pela ressureição
os cem anos de guerra e solidão
os nove meses no ventre da tua mãe
mas somente aprendi as leis do tempo
quando li as linhas da tua mão.
A poesia não espera pela inspiração
o amor não espera amadurecer
a dor não espera o perdão
a fome não espera a sede
a vida não espera o fim do expediente
o sol nunca espera pela lua
e eu não espero mais por você.
Luiz Belmiro Teixeira
Primeiro de Agosto
Agosto nasce envolto
emplacenta fria
de garoa tóxica
saindo do ventre
do tempo que o pariu;
fuzis, pistolas e escopetas
dão boas vindas
ao cachorro louco.
Entre "clicks" e
giroflex, uniformes
e incubadoras
alternativas,
amamentado à diesel
e gasolina,
certificado e testamentado
à erva,
pedra e
cocaína.
Carlos Sousa
emplacenta fria
de garoa tóxica
saindo do ventre
do tempo que o pariu;
fuzis, pistolas e escopetas
dão boas vindas
ao cachorro louco.
Entre "clicks" e
giroflex, uniformes
e incubadoras
alternativas,
amamentado à diesel
e gasolina,
certificado e testamentado
à erva,
pedra e
cocaína.
Carlos Sousa
o inseto
o soneto
fechou-se à
verborréia,
fez careta
ao discurso
tem agora
o hemistíquio
dos insetos
dissecados,
e entreabriu-se
aos desvãos,
por mais mínimos,
como quem
se abre ao mar.
2
o inseto de
palarva e tinta,
multiplicado
por suas asas,
despega da
margem esquerda.
magro e comprido,
no afã de ser
fero e revivo,
deixará a página
(conta se morre
pouco depois?)
pelas paredes
sem transcendência.
3
antes de pousar
de uma vez por todas,
o sonitinseto
revela-se inteiro
à sanha suctória
nas dermes da vida:
imos, méis e conas.
morto, vai feder
quase impercebido:
micromiliabismos
seu registro no
papel será como
a abelha esmagada
correndo no vidro.
4
ou a fribólise
carne do susto,
e não do sono,
mil folhações.
duma crisálida
renascerá:
sangue de tinta,
asas-sulfite,
a carnadura
de gosma e âmbar.
para queimar
no ar e nas veias,
como um veneno,
como o verão.
Rodrigo Madeira
fechou-se à
verborréia,
fez careta
ao discurso
tem agora
o hemistíquio
dos insetos
dissecados,
e entreabriu-se
aos desvãos,
por mais mínimos,
como quem
se abre ao mar.
2
o inseto de
palarva e tinta,
multiplicado
por suas asas,
despega da
margem esquerda.
magro e comprido,
no afã de ser
fero e revivo,
deixará a página
(conta se morre
pouco depois?)
pelas paredes
sem transcendência.
3
antes de pousar
de uma vez por todas,
o sonitinseto
revela-se inteiro
à sanha suctória
nas dermes da vida:
imos, méis e conas.
morto, vai feder
quase impercebido:
micromiliabismos
seu registro no
papel será como
a abelha esmagada
correndo no vidro.
4
ou a fribólise
carne do susto,
e não do sono,
mil folhações.
duma crisálida
renascerá:
sangue de tinta,
asas-sulfite,
a carnadura
de gosma e âmbar.
para queimar
no ar e nas veias,
como um veneno,
como o verão.
Rodrigo Madeira
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
domingo, 14 de setembro de 2008
sábado, 13 de setembro de 2008
Os meninos e eu
Os meninos empinavam pipas;
eu, pássaros.
Os meninos folheavam revistas
de garotas nuas;
eu, assistia ao namoro dos sapos.
Os meninos iam ao cine;
eu, atravessava a pé
o igarapé
Os meninos desenhavam piratas
tesouros, navios;
eu, a escafandrista solitária.
Agora
solidão nos devora
em negros prédios
meio à elite ignara
Os meninos vestem
negro/desencanto
seguem com cifras
nas pupilas vítreas
Tão tristes os meninos,
reclusos, bebendo
o índice Dow Jones
junto com café.
Trocando de amantes
a cada inverno.
A alma pesada os faz andar
em cadência de elefante.
Eu,
desenho gravuras
em tons rosa chá
teço minhas roupas
danço minhas músicas
escrevo meus poemas
Não atravesso
o vidro friodo templo
moderno
-shopping center-
Não atravesso
a porta de cedro
do antigo templo
(enquanto o Vaticano
não doar aos pobres
todo ouro seu)
Vivo nas esferas
desço ao chão
para pisar águas
dos igarapés
Adormeço
no berço-arraia
que me embalazul
no "mar/
belo mar selvagem"
Bárbara Lia ( convidada)
eu, pássaros.
Os meninos folheavam revistas
de garotas nuas;
eu, assistia ao namoro dos sapos.
Os meninos iam ao cine;
eu, atravessava a pé
o igarapé
Os meninos desenhavam piratas
tesouros, navios;
eu, a escafandrista solitária.
Agora
solidão nos devora
em negros prédios
meio à elite ignara
Os meninos vestem
negro/desencanto
seguem com cifras
nas pupilas vítreas
Tão tristes os meninos,
reclusos, bebendo
o índice Dow Jones
junto com café.
Trocando de amantes
a cada inverno.
A alma pesada os faz andar
em cadência de elefante.
Eu,
desenho gravuras
em tons rosa chá
teço minhas roupas
danço minhas músicas
escrevo meus poemas
Não atravesso
o vidro friodo templo
moderno
-shopping center-
Não atravesso
a porta de cedro
do antigo templo
(enquanto o Vaticano
não doar aos pobres
todo ouro seu)
Vivo nas esferas
desço ao chão
para pisar águas
dos igarapés
Adormeço
no berço-arraia
que me embalazul
no "mar/
belo mar selvagem"
Bárbara Lia ( convidada)
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Atada
Visto cambraias
nas vistas do dia
nas sombras das linhas
chuvisco neblina
entre paredes caiadas
armo uma rede
deito todas as horas de espera
e me cubro de promessas
essas
que me faço
porque acredito
em minhas mãos
e nas tuas entrelaçadas.
Ivone F. Santos
nas vistas do dia
nas sombras das linhas
chuvisco neblina
entre paredes caiadas
armo uma rede
deito todas as horas de espera
e me cubro de promessas
essas
que me faço
porque acredito
em minhas mãos
e nas tuas entrelaçadas.
Ivone F. Santos
Existencial
Se num sopro de pó surjo no mundo,
Folha virgem expelida na estrada,
Que eu redija em mim um ente fecundo
Tracejando meu destino entre o Nada.
Que ao existir eu confira meu valor
E neste plano erga minha essência,
Se não vim do ventre dum Criador,
Que em Terra abrace eu a transcendência!
E se ao morrer, findar em cois’alguma,
Poeira consumida... caos do Universo,
Orvalho amanhecido em fria escuma,
Desfeito nos vãos do tempo perverso,
De todas as coisas, quero só uma:
Que eu dilua... mas que fique meu verso.
Alessandra Bertazzo
Folha virgem expelida na estrada,
Que eu redija em mim um ente fecundo
Tracejando meu destino entre o Nada.
Que ao existir eu confira meu valor
E neste plano erga minha essência,
Se não vim do ventre dum Criador,
Que em Terra abrace eu a transcendência!
E se ao morrer, findar em cois’alguma,
Poeira consumida... caos do Universo,
Orvalho amanhecido em fria escuma,
Desfeito nos vãos do tempo perverso,
De todas as coisas, quero só uma:
Que eu dilua... mas que fique meu verso.
Alessandra Bertazzo
sábado, 6 de setembro de 2008
Sem Fantasias
Neste país de tantos contrastes,
tantas cores e horizontes.
onde todas as mazelas
findam-se no carnaval
Abro o peito nestes versos,
Empunho meu estandarte
levo às ruas minhas rimas
p'ra esquecer das falcatruas
Sem fantasias
Faço da vida mera folia
Espalho pela avenida
muita poesia.
Andrea Motta
(in. Pó&teias.ctb2006.p114)
tantas cores e horizontes.
onde todas as mazelas
findam-se no carnaval
Abro o peito nestes versos,
Empunho meu estandarte
levo às ruas minhas rimas
p'ra esquecer das falcatruas
Sem fantasias
Faço da vida mera folia
Espalho pela avenida
muita poesia.
Andrea Motta
(in. Pó&teias.ctb2006.p114)
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
lia morena
Estranha menina nascida
em uma terra estranha- assai...
De mil e um caminhos estranhos,
sai-sozinha.
Da solidão nada sei,
eu sou estranha,
até a solidão me estranha,
até a solidão se esconde
em minhas entranhas.
Bárbara Lia
( in. A Última Chuva. p 14 )
em uma terra estranha- assai...
De mil e um caminhos estranhos,
sai-sozinha.
Da solidão nada sei,
eu sou estranha,
até a solidão me estranha,
até a solidão se esconde
em minhas entranhas.
Bárbara Lia
( in. A Última Chuva. p 14 )
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