A cidade pela cinza
e o carbono
se sabe sodoma
somos a soma
séculos inscrustrados
no marco zero
das metrópolis
pólis sem teto
abrigados nas praças
indiferentes à óleo e raças
consomem-se fontes
fontes consomomem
caridades
a cinza e o carbono
o sal da sopa
caixas de leite
sopa e fé
catedrais chamam fiéis
humanos contam nos dedos
orgasmos lucros saldos
extratos benesses divinas
imbecis pacifistas
imbecis bélicos
pela cinza e carbono
nos pulmões e nos ares
contas do ábaco espaço
a trajetória da imbecilidade
digo, civilização.
Carlos Sousa
sábado, 14 de julho de 2007
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4 comentários:
Carlos, adorei!!
Seu forma de escrita é deliciosa. Rápida, vivaz, o jogo de palavras vai além do incremento estético, serve pra vincular as idéias. O texto tem trama, e poesia, ainda por cima.
Excelente!
Belo poema!
Palavras muito bem escolhidas!
Parabéns!!!
Nossa você surpreende....não sou entendida no assunto, e mesmo assim arrisco um comentário. Seu poema traz as contradições da realidade, com o cuidado das palavras. Volta nosso sentido para a realidade com o uso do comum...
Necessitamos de artistas com essa identidade e estilo. Valorizo muitissimo os raros artistas que conseguem sair dos estilos ultrapassados, do uso forçado de palavras, que já foram tabus, que não nos leva mais para além, são as sempre mesmas "cloacas" e 'paus', as mesmas "sargetas' as mesmas "sifilis" que surpreendia no passado, soa como falta de talento criativo. Precisamos de artistas que inovem, em todas as artes, que sejam capazes de colocar olhos em nossa coluna vertebral para que possamos olhar o mundo além já deixou de ser tabu, e principalmente um mundo longe de nossos umbigos.
Parabéns!!!
Beijos
Vilma Paesssens
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