sexta-feira, 18 de abril de 2014

Você alguma vez viu o rosto
de um soldado morto?
É como se tivesse envelhecido
de repente. Era quase uma criança
enquanto durou. Mas, de imediato,
tornou-se velho.
O rosto dos pais,
que o choraram, não era
tão ancião quanto o rosto desse
mocinho. Depois, sim. Também.
À velocidade da luz.
Alguém apontou certeiro
Em seguida, no momento em que o dedo
se moveu, fechou os olhos. Ambos:
o que efetuou o disparo e aquele soldado,
fecharam os olhos com a diferença
de um segundo. Os pais, não.
Não queriam fechá-los num primeiro momento;
mas logo fizeram-no.
E foi aí que o viram andando
pela primeira vez, balançando,
dando seus primeiros passos,
agarrando-se com força naquele brinquedo
que lhe deu segurança.
Feche os olhos, nada mais. Não tenha
medo, que tudo já é passado.
Verá esse rosto final e o outro
do início. E também verá
o rosto de seus pais; do atirador.
Todos os olhos se fechando.
Eu lhe garanto.

Gustavo Caso Rosendi/ tradução Ricardo Pozzo



¿Viste alguna vez la cara
de un soldado muerto?
Es como si hubiera envejecido
de repente. Era casi niño,
mientras duró. Pero de pronto,
se hizo viejo.
Las caras de los padres,
que luego lo lloraron, no eran
tan ancianas como la cara de ese
muchachito. Luego, sí. También.
A la velocidad de la luz.
Alguien apuntó certeramente.
Luego, en el instante en el que el dedo
se movió, cerró los ojos. Ambos:
el que disparó y aquel soldado,
clausuraron su mirada con diferencia
de un segundo. Los padres, no.
No los querían cerrar, al principio;
pero luego lo hicieron.
Y ahí fue que lo vieron caminar,
por primera vez, bamboleándose,
dando sus primeros pasitos,
agarrándose bien fuerte a aquel juguete
que le dio seguridad.
Cerrá tus ojos, nada más. No tengas
miedo, que todo ha pasado.
Verás esa cara del final, y la otra
del comienzo. Y también verás
las caras de sus padres; la del tirador.
Todos los ojos cerrándose.
Te lo aseguro.


Gustavo Caso Rosendi

Nenhum comentário: