terça-feira, 1 de abril de 2014

O teatro de um bêbado

Eu, apenas eu
Pisando na areia úmida e fria
Meus olhos secos e empedrados
Mostravam a chama que nem mesmo ardia

O sol posto nos postes
Exalava soberania
Me era calmo e substancial
Como o tempo que rasgava meus risos
E minhas filosofias

Eu era o espetáculo de uma platéia insignificante e imprópria
De insetos e cães vira-latas
Meu ódio e minha melancolia
Escavavam um buraco em meu próprio olho
Que feito de ego e pedra, resistia

A água que vinha do céu
E o céu que deitava no mar:
O erotismo da natureza
Que como um quadro torto e belo
Fazia arder-me os versos,
Meus cascos, meu drama,
Minha comédia, meu terror.

Minha bipolaridade enferma
Que me dá azia
Minha vida incerta e naufragada
Minha peça de teatro torta
De riso, de choro
Sem roteiro e utopia


Matheus  Forcinetti

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