terça-feira, 13 de novembro de 2012

aos cães de kreisau


ai pequenas matilhas de cães de vila: falsos
rabos patas parcas focinhos sobre a cerca

a rua é sua junto ao pó na orla do asfalto
é sua a noite que ecoa no vale adormecido

cada eco é seu: a repercussão contorcida
do som dos montes do rosnar hierárquico

das ondas ladrantes: primeiro hercúleo então gigan
tesco no ressoar quase só uma galinha sabe:

aqui quem não brada nem baba é tomado
pelo bando em gargantas em chama perde o lugar

feito lobo etc. vocês medem o mundo na baixada
dominam cada estrada cada estranho e a mim –

é sua a minha trilha o meu passo sem compasso
a minha panturrilha
enfim fora da vila


Uljana Wolf/ tradução Guilherme Gontijo Flores


an die kreisauer hunde

o der dorfhunde klein gescheckte schar: schummel
schwänze stummelbeine zähe schnauzen am zaun

euch gehört die straße der staub am asphalt saum
euch die widerhallende nacht im schlafenden tal

jedes echo gehört euch: der zuckende rückstoß
von klang an den hügeln hierarchisches knurren

und bellen in wellen: heraklisch erst dann hünen
haft im abklang fast nur ein hühnchen das weiß:

wer hier nicht laut und geifer gibt den greift sich
die meute in lauffeuer kehlen verliert sich der ort

so mordio etc. vermesst ihr die welt in der senke
beherrscht jeden weg jeden fremden und mich –

euch gehört meine fährte mein tapferes stapfen
euch meine waden
dorfauswärts zuletzt


Uljana Wolf

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