domingo, 11 de dezembro de 2011

No Cabaré Verde

às cinco horas da tarde

Depois de uns oito dias a pé, perdi os coturnos
No caminho. Mas entro com tudo em Charleroi.
No Cabaré-Verde, torradas são o que há,
Com manteiga e presunto, em pedidos diurnos.

Feliz, estico as longas pernas sob a mesa
Verde e contemplo os toscos e rudes motivos
De uma tapeçaria. — Que agradável surpresa
Quando a vi, suas enormes tetas e olhos vivos.

É ela! Não existe um beijo que a apavore!
Risonha, traz a refeição sem que eu implore:
Manteiga muito boa, num prato do caralho,

Presunto róseo perfumado pelo alho.
Depois traz a cerveja, sem fazer farol
Pela espuma brilhante como um raio de sol.


Rimbaud
Outubro de 1870 (16 anos)/ tradução Antonio Thadeu Wojciechowski 10/12/ 2011

Um comentário:

Anônimo disse...

tradução duca, rapá. merecia destaque.

abraço,

gabriel.