Ai de ti, Haiti.
Cada dia escuto, quando inspiro,
o expirar anônimo dos que restam
sobre o mosaico da destruição,
fora de si.
Vejo rostos que nunca vi,
incrustados nos destroços,
existindo "jusqu´au moment"
de dar pedra e aço ao osso.
Quase ouço,
contra um caco de parede
e logo
silêncio, silêncio... O partir do osso que se ouve e não.
Simultâneos cessares de inspiração.
Um coro: de paradas cardíacas.
Sincronizados em pontos vários,
como estrelas inconscientes de qualquer galáxia,
que, em orquestral desfecho
e por antigenesíaco sopro, apagam-se.
– Um desmilagre?
Ai de ti, Haiti.
Ai também de mim que sei de ti,
mas continuo, soterrada no que sou,
como se de outro terremoto, dentro,
sem escala que meça, o epicentro
fosse aqui.
Luciana Cañete e Rodrigo Madeira
sexta-feira, 18 de março de 2011
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Um comentário:
revisão: ivan justen santana
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