é mesmo possível que
os pulsos cortados da chuva
ou um sol suicida
nos mofem a língua e
apenas facultem, em meio
ao coma desenganado das flores,
o dialeto do lodo.
mas é certo que ainda,
empiolhados de estrelas,
cantaremos
como não canta o pássaro
como não canta a máquina
como não canta a morte
como só canta o fogo,
o barítono brutal que há no fogo.
Rodrigo Madeira
segunda-feira, 3 de maio de 2010
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Um comentário:
o lodo é um dialeto, o barro e o concreto, um idioma.Facultado do suor do barro, impelido na falência do concreto.Dialeto imprevisto, turvo, movediço ao coma da fantasia; revelador do limbo que somos nós.
Rodrigo, meu Grande Camarada, lembro quando tu me falou desse título;poesia podre, brilhantemente feita na argila do poema.
Forte Abraço!Saudade de ti, meu brou
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