Ao longe, e se aproximando, escutava-se um metal ferindo o chão de madeira numa cadência de passos inseguros.
Quem estava vindo era uma criança de pernas adornadas com um aparelho
que parecia ter sido resgatado da Idade Média e que prometia endireitar
aquelas pernas vesgas.
A criança tinha, talvez, cinco ou seis anos, e caminhava por uma sala de jantar infinita.
Nela havia uma mesa azul faminta, com panelas vazias e pratos vorazes por uma colherada de comida.
Na amplidão daquela sala, que tocava o horizonte, a criança sentia que
não estava só, que havia mais alguém ali. Mas a criança, míope, via
apenas olhares, e os olhares não tinham face... apenas olhares!
Felipe Alberti
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário