Impressionante desabafo de um cidadão cuja mãe supostamente faleceu após ser mal atendida por uma empresa particular de emergências médicas. R. Brasílio Itiberê/ Curitiba.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
À procura da Saudade Uterina
Há um resumo das fases evolutivas
Na solidão da experiência uterina.
Da bactéria ao mamífero
cada espécie sabe suas alterações fisiológicas.
Aos acidentes, ecológicos, alimentares
e atmosféricos bem sucedidos, sobrevivemos.
Incrustados no endométrio
multiplicando células
movemo-nos sem esforço
para explorar o pequeno mundo
que protege e isola de outros mundos.
Acrescentando-se às lembranças ancestrais gravadas,
a placenta permite cheiros, gostos,
perfumes, nicotina, medicamentos.
Sons maternos, ritmo e melodia
embalam a inconsciência do tempo.
Sem filtrar sensações e vibrações barulhentas.
Como reflexo desse patrimônio genético,
por instantes procuramos sem perceber
por aconchego, carinho,
conforto e proteção.
Fechamos os olhos
para sentir cheiros e gostos;
formas e texturas;
penumbra e toque;
pele e maciez
que nos afaste da solidão terrena.
Deisi Perin
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
A criança de pernas vesgas
Ao longe, e se aproximando, escutava-se um metal ferindo o chão de madeira numa cadência de passos inseguros.
Quem estava vindo era uma criança de pernas adornadas com um aparelho que parecia ter sido resgatado da Idade Média e que prometia endireitar aquelas pernas vesgas.
A criança tinha, talvez, cinco ou seis anos, e caminhava por uma sala de jantar infinita.
Nela havia uma mesa azul faminta, com panelas vazias e pratos vorazes por uma colherada de comida.
Na amplidão daquela sala, que tocava o horizonte, a criança sentia que não estava só, que havia mais alguém ali. Mas a criança, míope, via apenas olhares, e os olhares não tinham face... apenas olhares!
Felipe Alberti
Quem estava vindo era uma criança de pernas adornadas com um aparelho que parecia ter sido resgatado da Idade Média e que prometia endireitar aquelas pernas vesgas.
A criança tinha, talvez, cinco ou seis anos, e caminhava por uma sala de jantar infinita.
Nela havia uma mesa azul faminta, com panelas vazias e pratos vorazes por uma colherada de comida.
Na amplidão daquela sala, que tocava o horizonte, a criança sentia que não estava só, que havia mais alguém ali. Mas a criança, míope, via apenas olhares, e os olhares não tinham face... apenas olhares!
Felipe Alberti
domingo, 20 de janeiro de 2013
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Luz prisioneira
Nas chuvas da tua terra, encontro o teu azul.
E se falasse do sonho, da guerra, da emoção.
Não saberia se era preso ou se era prisão
Um trago governa a intensidade do teu pensar, do teu deus.
Das guerras à luz.
Um som quebranto mexe com tuas emoções,descobres tuas raízes
Infinitamente descobres que não és uma mulher
Es um animal! Que necessitas transformações.
O que lhe atormenta?
O que sangra?
O que mata?
Tua respiração presa, esqueces o passado.
O que sentes?
O que fazes?
Venho até ti como o oprimido de braços abertos.
Pronto para me entregar a tua escultura, ser uma criatura.
Não briga, debate, não me fere com as tuas feridas.
Saia da origem, dos mares, da lama.
Passe, acorde...
Na grama, na cama.
Não me enlouqueças com as tuas loucuras.
Ame com a minha calma.
Quando se for, não olhes para trás, para não dar a impressão de ter esquecido algo.
Um dia benigno, gemido, compositor.
Quero cantar, te invadir de calor.
Quando acordar quero te ver molhado de prazer e suor.
Onde não tenhas mais chaves para que te feches.
Quando estiveres de portas abertas, abra os braços para que eu possa entrar e
invadir o infinito.
Uma água deságua a molhar teus cabelos, teus olhos.
Não os feche, abra-os muito mais.
Liberte, liberte, liberte!
A tua luz prisioneira.
Claudia Belchior
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Quantas vezes tentei localizar-me no mundo
Ao redor, deparava-me com paredes envelhecidas
Quartos abafados
Armários vazios
Geladeiras mofas
Prateleiras cheias de papéis
Esses sempre abundantes
Dicionários amarelos
Clássicos furtados de bibliotecas
Presentes de amigos
Dedicatórias de amores naufragados
Textos honestamente comprados em barganhas nos sebos
Uma vitrola na estante
Discos antigos
Sambas, tangos, blues, jazz, trilhas...
Sons de embalar linhas
Cinzeiros se colecionava
Pedra, vidro, lata, argila
Apareciam simplesmente
Talvez dada sua necessidade
Talvez sua importância
Ou simplesmente sorte
Cafeteiras queimadas
Fogões entupidos
Pias manchadas
Cadeiras mancas
Mesas tortas
Poltronas rasgadas
Pisos rangentes
Litros pelos cantos
Guarda-roupas despedaçados
Sapato furado
Calça larga
Camisa rasgada
A cada janela novo tráfego
Novos transeuntes
Bem como outras vizinhas
Quintais e cocotinhas
Árvores e pardais
Semáforos e buracos
Encheridos
Mulheres
Lençóis
Camas quebradas
Síndicos
Condomínios atrasados
Alugueis por vencer
Jamais tirei a placa de letras garrafais do peito:
“Em obras” cantam as letras
A demolição que vem de dentro
Douglas Lopes
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
esta parede é branca e negra
minha mão não tem mais linhas
não escrevo a palavra sociedade para não estragar o poema
escrevo dadá, da dor ameríndia
à dupla caipora, vou fora
do dito populírico, pular o popular, ir de encontro ao combo
: poeta, pastor e popstar
ler o escombro e o emparedamento
o fragmento, saber de cor o nó
minha mão não tem mais formigas
a usura é o ******* (ilegível) do pound, a estrutura,
porém concreta, na urdidura
do estar, no mundo mesmo
de lama e limo, no povo
não escrevo a palavra povo que estraga o poema
‘fragmentos’ para coriolano,
os micróbios, seu limes
de bicho e estátua,
na praça o poema estraga,
pulo fora da palavra
baixa, encaro a cara,
não diferem, no entanto,
cada uma seu canto
canto
Ricardo Pedrosa Alves
sábado, 5 de janeiro de 2013
Partidário da Barbárie
ou poema a ser esquecido pela crítica literária brasileira;
ou o porque da perseguição de minha pessoa em âmbito da Biblioteca Pública do Paraná, onde me criei leitor.
p/ todos aqueles que ousam duvidar da veracidade dos fatos,
p/ meus amigos poetas que não se calam.
“Curitiba, sua puta,
Toda aberta para o que vem de fora
quem irá denfendê-la agora?”
Canto Equânime, Adriano Smannioto
vamos papel em branco
contra uma cidade obscura
e cheia de perversidades vitalícias
de putas na esquina
e traficantes de drogas e muambas
vindas do paraguay, da bolívia e da china
cidade filhadaputa
que beija e lambe os pés de são paulo.
fadada a ser, eterna pequena província,
de Dalton e dos arquétipos
da repetição de sempre
que faz o mestre
vamos bater palminhas
mais uma vez em praça pública
para o que vem de fora
e esquecer a arqueologia
de tua poesia
tão desimportante para os teus
e para o resto
vamos nos fingir de burros
bem criados e encilhados,
e não olhar para os lados
esquecer os painéis de Poty despredados
pelos sem memória
que pensam que há algo novo
em pleno século XXI
se não a repetição cíclica
do caos que cria
e ninguém acredita
vamos ler o rascunho
que nunca foi passado a limpo,
mas que carrega os “grandes e bons”
da merda da indústria
do já podre mercado editorial brasileiro,
e não podemos esquecer
das páginas de necrofilia da arte
vamos acreditar no sr. Pereira
que propôs em seu primeiro ato
acabar com o arquivo geral
duvidando da pane,
com a fé cega na virtualidade do sistema,
que pode ir a merda
a qualquer hora
vamos premiar José Roberto Torero
na categoria de Contos
do Prêmio Paraná de Literatura 2012
o mesmo que ministrou oficina de crônicas
na Biblioteca Pública do Paraná em 2012
pobre contista copista da bíblia,
que nunca leu Bhagavad-Gita,
nem o livro Tao
quem dirá Confúcio
cidade pobre porca
que busca merda de fora
pois não digere o próprio alimento
regurgita a tua poesia
de aqui e agora
para bater palminhas mais uma vez
para o que vem de fora
e estender o tapete vermelho
para qualquer asno que venha
de mais de 400 km
para engendrar suas bostas
nas páginas do cândido
tão sujo e podre
que fede a estrume de longe
vergonha de jornal, que não serve
nem para limpar o anús
com sua grossa gramatura
em papel branco
para gastar mais dinheiro dos cofres públicos
vamos dar um diploma de trouxa
ao Pereirinha, pequeno grande mafioso
da nossa amada cidade
chamada Curitiba
que se reduz, ao seu cheiro de cu
como a cara das pessoas que te habitam
e saem as ruas pensando
com um jornal rascunho e cândido
embaixo do sovaco soado
que o mundo é bom em plena segunda-feira
e que vivem na melhor cidade do país
o destino de Curitiba,
é digerir seu próprio alimento
ou morrer intoxicada
Rafael Walter
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Vila Socó Meu Amor by Gilberto Mendes
ISTO É COISA DE:
gilberto mendes,
madrigal ars viva,
roberto martins
Assinar:
Postagens (Atom)