quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Desterro
imagens passam como póstumas
obras de um cinéfilo desvairado entre os anjos
estrelas de sangue e luz brotam da tela
quanto se tange o inatingível
quando se tinge o intangível
e o possível é só coincidência
ou lembrança destas bestas que me cercam
ciência só já não me explica
imagens lavram o poema
e a palavra fogo
trança os olhos de quem pensa
pensando o quê mero poema
palavrinhas são areias
destas praias tão estranhas
pensando o quê mero poeta
que entre folhas entre galhos sóis e sombras
caminha um monge nada casto
enquanto uma lua virgem e nua
lhe adorna a testa
pensando o quê mero palhaço
que entre montanhas verdes e dunas
o monge claro escorre quase líquido
e carrega em seus braços uma sereia de sal
e suas pegadas profundas e largas
são lagoas e mais lagoas de mágoas
imagens varam a retina
e a escrita cristalina já não existe em meio ao sangue
a areia então vermelha vira mangue
e quem sabe entre os carangueijos albatrozes e abutres
haverá um deus pra traduzi-las
Rodrigo Mebs
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Um comentário:
Belo e profundo escrito.
Parabéns!
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