et le poëte soûl engueulait l´univers.
Arthur Rimbaud
Meus cabelos desgrenhados estabelecem
Vínculos contrários á ousadia
Segredos empenhados em ti fenecem
Meus cabelos desgrenhados estabelecem
Imagem aérea do que não se conhece
Frascário ingênuo que se adia
Meus cabelos desgrenhados estabelecem
Vínculos contrários à ousadia
Ricardo Pozzo
Crisis capitalism
Há 9 minutos
14 comentários:
poema estilo "coração logrado", em homenagem á rimbaud
rp
extraido do livro artesanal Khidr, de 1998.
rp
Esse "á ousadia" era uma crase que o vento desabou?
Diferente do seu estilo>
Deisi
pois andou ventando muito por aqui...
grato pela atenção!
rp
deisi,
esse poema faz parte de uma projeto artesanal, antigamente chamado de livro, cujo mote era o fato de que a poesia é dialogável, quero dizer, ela não tem inicio nem fim, mas é uma proposta que se estende no espaço - tempo, quase um tabuleiro.
além desse diálogo com os versos de rimbaud, há, nesse projeto, um outro em castelhano com um dos provérbios do inferno, do casamento entre céu e inferno, de willian blake:
?Conduce
El Camino de la Experiencia
Al Palacio
de la Realidad?
ricardo pozzo
Obrigada pela explicação, achei diferente, mas gostei muito.
Deisi
Sonambúlico, funambulesco,
Eu mesmo me desfiz de verdade.
Vida isca: eu, peixe, não te pesco,
Sonambúlico, funambulesco,
O que é ONU? Qual é a da Unesco?
Despertei no pesadelo da humanidade,
Sonambúlico, funambulesco,
Eu mesmo me desfiz de verdade.
Quando pascácios podem menos,
Aonde vingar, desgrenhado espantalho?
Os velhos engenhos destilam venenos
Quando pascácios podem menos
E só sobram úlceras aos duodenos
Nessa boceta de imprecação do caralho!
Quando pascácios podem menos,
Aonde vingar, desgrenhado espantalho?
Ivan Justen Santana
do francês, só sei "deux trous rouges au côté droit"
e, ainda que por outras mãos bem mais idôneas,
como se eu ingerisse estragado o maná,
floram em dor tuas peônias.
arrombaste as portas, fazendo-te bem-vindo.
assaltaste, prometeu, da gaiola de ouro,
a centelha que acenderia teu cachimbo,
qual pivete viciado, aos passos de mouro.
contente o fantasma, ele apenas assobia.
mas tu apodreces de saliva a maçã;
botina no sótão, calando a melodia,
atiças com teu estoque o sol da manhã.
agora imagino te ver: teu corpo vai,
ganhando, em busca? saída do continente,
em fuga? o aceno em lenço de nenhum parente,
para o deserto austero e grande como um pai.
como ninguém talvez, estiveste no mundo,
videira de cujos ramos nasceram brutos...
e imitamos nos becos teu ar vagabundo,
a fazer velhos versos de teus novos lutos.
aos tristes ângelus ou aos cânticos báquicos,
teu vinho se bebe dentro ou fora da missa,
entre golpes de misericórdia ou de sádico,
de acordo com a confissão ou a preguiça.
cá pra mim, jamais rasgaste teu missal
e se, de outra parte, jesus não foi teu sogro,
"a capella" é que cantaste teus gritos de ogro:
em teu coração, o Bem rimou com o Mal.
não sou digno de te desatar os cadarços,
bem sei (e, mesmo, quem sabe ninguém o seja)
e, mesmo, te carrego no peito em peleja
qual pedra que trouxesse dentro o mês de março.
subitamente, fecha-se o ciclo e és nem vinha,
nem a chuva dentro da pedra ou veia seca,
nem velho amigo, manjedoura ou estrumeira;
és poça de ver-me, tuas mãos são as minhas.
nas mãos o lume de sete estrelas ausentes
- como se no vendo tu erguesses escadas -,
a botânica de tuas flores urgentes
e uma porta falsa dando para as estradas.
conservo de ti o retrato que não tenho:
furo no pulso, botina qual lira, um verso,
manchas azuis de vinho e varizes no lenho,
enquanto tu, poeta, engoles o universo.
r.m.
no intestino floram em dor tuas peônias.
r.m.
pensando melhor, o verso final deveria ser:
e engoles terra, mal-saciado de universo.
r.m.
que honra para mim, atiçar dois poetas assim!
rp
e há esse sentimento em quem lê.
muito bom!
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