O grito torna palpável a solidão.
A estrada atada à linha fugidia,
o topo surdo da montanha
ou um nicho no granito
não ratificam tanto o ser só
quanto gritar na multidão.
O grito é faísca
de massa cinzenta em combustão,
imperceptível na tensa claridade.
O grito é rito
de intriga e desintegração
a riscar e trincar o obscuro.
Se a poesia lambe a face iluminada
o grito tange a lua negra,
sem arrecadar simpatia.
E sabe a censura da razão
e a ovação da boemia etilizada.
Seu palco é a rua,
o relento,
entre a bênção das estrelas
e o irromper dos ratos nos bueiros,
onde qualquer cadela vadia
cuida ensinar-me amar à lua
Iriene Borges
domingo, 10 de maio de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Carne e osso não produzem poesia. Esta é a razão mais simples que encontro para justificar a existência da alma. Simples, simples assim... Magnífico poema!
lindo esse, Iri! bjs
Postar um comentário