quarta-feira, 22 de julho de 2015

SUPERNOVA


da madeira o fogo
do jogo o ar:
as sentinelas ao avesso
sem dono
e sem cessar
do querer o canto
num só canto da lua
ela e eu mesma
a janela
o fogo
e o ar e a resma
da centelha
às terras escuras
Morfeu em seu hangar
ao querer ela nua
a noite farta
de madeixas
sem lugar
logos fartos
nas curvas vermelhas
e longas
e os fatos
a voar
nas alturas
do amorfo formato
centelhas de cobre
cobrem-me de luar
no calor do arremesso
a voz há de cantar
o fogo teu
eu amarei o ar
o meu amor
do fogo à madeira
do calor
até a luz
do teu brilhar

Samantha B. S.
Um grande exorcista dos meus demônios é uma alva folha de papel.
A porta onde entrei na casa de móveis virados carcomidos miravam conflitos .
Velhos baús onde sepultos velhos retalhos sonhavam sonhos de sangue
Sob a mesa o leito de insepultos desejos alimentando correntes de angústias
Vidas nuas nadando sem asas  nas nuvens sem  acarinhar formas só sombras
Nuvens em nevascas logo fechando portas aos  passos que não brotavam mais
ruínas de incêndios  contando nas labaredas do silêncio  a lágrima da alma..

Wilson Roberto Nogueira

ADEUS


O adeus que não lhe dei
seria em forma
de uma viola
cidade onde eu morei
a sua e a minha morte se completam
numa canção de vento
e canavial
carros de boi
berrantes nas tardes quentes
tudo mastigado e só
vontade louca de amar
por suas ruas
maceradas de solidão
seara seca do cérebro
toda a saudade depositada
numa urna que não se abre
cerrando para sempre
minha alma distante
vazia de mim


-Bruno Junger Mafra

em "A Valsa Esquecida" , p. 99

domingo, 12 de julho de 2015

Andy Warhol photographed by Evelyn Hofer in his studio (1962)

O Jovem que pedi a Deus

Boa educação,
sensível, revoltado,
senso de justiça apurado.
A idade vai,
você fica.
Em nosso relacionamento
eu mando,
mas você não crê
não cria nem faz.
Patina.
Neurônios, vontades
eu no comando.
Todo mundo vê.
Menos você.
Em meio a densa
fumaça verde
pais, irmãos e filhos
pra quê?

Altamente contagiante
atinjo a todos,
tragando ou não.
Marche para mim.
Marche para mim.
Meu grilhão é doce.
Meu efeito é bom.
Quem não gosta
que se esfume.
A dor me alegra,
matar e morrer.
Quando você partir,
acharei outro
jovem que pedi,
adeus!


Deisi Perin

domingo, 5 de julho de 2015

Meu tio avô


De passagem pelo interior de São Paulo,, cidade de Avaré, onde meu tio avô foi morador, procurei saber de algumas historias do meu antepassado, para recontar aqui. Pela boca dos antigos corre que meu tio avô, , era solidário, uma pessoa generosa ao ponto de dividir seu prato de refeição, caso não tivesse mais na panela para servir aos andarilhos que passavam famintos em frente da sua casa, porém sempre que percebia que o viajante fazia cara de mau gosto ao provar o tempero da comida, meu tio avô matava o pobre coitado com um tiro na boca. Foram trinta e cinco refeições não terminadas.
Desse modo, não me falaram, mas creio que meio tio avô amava demais minha tia avó, e ela cozinhava mal pra caramba!

JDamasio

Rascunho