Estação Central - Curitiba
sábado, 26 de fevereiro de 2011
É desse lugar que falo
a liberdade afirmando ser um jogo
de xadrez num lugar onde não há lua
quando olhamos pela janela
e eu procurando pretextos tenho muitos rios
em especial um chamado Narciso
tenho praças, e essa Nomeiodonada
e Nuncamais, o lixão que não admite reciclagem
depois que algo é posto fora
tenho Singélida, a cidade onde habitam
os que desprezam quando admiram
e se entregam de olhos fechados, mordendo os lábios
ao mesmo tempo em que se preparam pra dar o bote
é desse lugar que falo sobre um tipo de ódio
que vem engarrafado, antídoto
tomado em doses homeopáticas
no intuito de evitar que a história
seja sempre fraturas expostas
sabe, a passividade embrutece mesmo agora
quando apenas faço meu trabalho e morro de medo de
sem me dar conta, mais uma vez estar participando
de um banquete pra urubus
é que a gente percebe
quando mesmo o amor mais devotado
nos quer jogado no lixo
de xadrez num lugar onde não há lua
quando olhamos pela janela
e eu procurando pretextos tenho muitos rios
em especial um chamado Narciso
tenho praças, e essa Nomeiodonada
e Nuncamais, o lixão que não admite reciclagem
depois que algo é posto fora
tenho Singélida, a cidade onde habitam
os que desprezam quando admiram
e se entregam de olhos fechados, mordendo os lábios
ao mesmo tempo em que se preparam pra dar o bote
é desse lugar que falo sobre um tipo de ódio
que vem engarrafado, antídoto
tomado em doses homeopáticas
no intuito de evitar que a história
seja sempre fraturas expostas
sabe, a passividade embrutece mesmo agora
quando apenas faço meu trabalho e morro de medo de
sem me dar conta, mais uma vez estar participando
de um banquete pra urubus
é que a gente percebe
quando mesmo o amor mais devotado
nos quer jogado no lixo
LUIZ FELIPE LEPREVOST
http://notasparaumlivrobonito.blogspot.com/quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Tanatologia das Relações Humanas
Para melhor compor
o puzzle
das fantasias
nostálgicas
acerca do futuro,
horas em dedicado
estudo
ao feixe solar
que incide sobre a colcha
ou ao intervalo
entre fusas e semibreves
no minueto
calha sob chuva.
aguarda
o habeas corpus
que a liberte do mundo real;
[hypnos sussurra
em seus ouvidos
enquanto felinos
festejam a sua volta]
o mundo
ao seu redor
sempre lhe pareceu
um tanto
fora de órbita.
Ricardo Pozzo
o puzzle
das fantasias
nostálgicas
acerca do futuro,
horas em dedicado
estudo
ao feixe solar
que incide sobre a colcha
ou ao intervalo
entre fusas e semibreves
no minueto
calha sob chuva.
farta
de sua máscara hipócrita,
o habeas corpus
que a liberte do mundo real;
[hypnos sussurra
em seus ouvidos
enquanto felinos
festejam a sua volta]
o mundo
ao seu redor
sempre lhe pareceu
um tanto
fora de órbita.
Ricardo Pozzo
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Maria está ausente e pode não responder
Virou as costas e disse adeus. As costas diziam: "A vida segue". Mas eu só queria seguir Maria. Ir aonde fosse e dividir o que fosse. Que fosse como fosse, mas fosse. E foi-se, assim. Virou as costas e disse adeus. Ai, Deus! E agora? Coisa besta essa de reclamar. Leia as costas dela: "A vida segue". Eu não segui nada. Fiquei no meu canto com meu pranto. Coisa de gente fraca isso de ficar chorando as pitangas. Ah, me deixa quieto aqui. Aos poucos as coisas se acalmam. A gente aprende a esperar alguma coisa boa daquilo que ainda virá. E sempre vem. O que não pode acontecer é achar que algo fica. Essa coisa bonita só acontece no cinema, na novela ou nos sonhos de um poeta louco. É tudo mentira. Tudo faz-de-conta-que-te-amo. O amor é isso: uma brincadeira de mau gosto.
Wilton Isquierdo
http://wiltonisquierdo.blogspot.com/
Fato
desisti da falsa idéia
de acreditar em amanhãs
de dias floridos e imagens bonitas
só para ludibriar os cinco sentidos
de acreditar em amanhãs
de dias floridos e imagens bonitas
só para ludibriar os cinco sentidos
e dizer que isto é viver,
nada mais do que arrastar-se
por esta brutal realidade chamada mundo
em que as certezas dissolvidas
em copos americanos se perdem no primeiro gole
em que as certezas dissolvidas
em copos americanos se perdem no primeiro gole
decidi acreditar em nada como princípio
e o infinito como pressuposto
sigamos em frente, nos orientemos
pelos trilhos esparsos ao vento
que levam do vão ao firmamento
e me fazem crer
que uma vida é pouco tempo
para todas as dúvidas...
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Sílfide
Serpente venenosa, a fumaça do cigarro ia subindo. As imagens das antigas namoradas vinham como a fumaça, em névoa fantasmagórica. Agora sozinho, sem ninguém... Só agora, de velho, percebe que seu jeito rude e grosseiro afastou todas as pessoas que o amavam e as poucas que ele realmente amou.
Sua visão também estava ficando turva, os olhos vermelhos - apesar de fumar há anos eles sempre se irritavam com a fumaça - e seu olhar brumoso vislumbra na fumaça um rosto. Encafifado, força a visão e começa a delinear um rosto feminino...
Sim...a fumaça do cigarro está delineando um rosto feminino... Perfeito, olhos, nariz, boca... Pensa em chamar a empregada para também ver isso, mas a fumaça é muito etérea e qualquer movimento mínimo já desfaz por milésimos de segundos o rosto perfeito... Ele se força a ficar com a mão parada, imóvel. Quase sem respirar, pois também a respiração atrapalha a figura feminina
Ela parece estar abrindo a boca para falar...
Mas o cigarro está no fim e ele se esforça para ouvir o que ela fala... Antes que se apague...
O que ela diz?
Sílfide?
Só fode?
Só pode! Só pode estar dizendo isso, que eu sempre me fodo!
E a imagem desvanece-se por completo, apenas fica no ar uma risada... Ele fica em dúvida se ouviu esse riso daquela boca sensual que lhe dizia algo...
Susan Blum
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Exercícios banais 1
já conheci
crianças armadas e bêbadas ensandecidas
policiais às três da madrugada em lugares ermos
já senti na pele metralhadora, faca, estilete
e já voei aviões que cairiam
tive praga na fazenda, doença grave, morte na família
enfrentei crises, desemprego, acidentes, filas
já olhei nos olhos de meus assassinos...
mas nada, nada é mais aterrador que a normopata
num guichê do DETRAN.
Rodrigo Madeira
sábado, 12 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
EROS: Versão Contemporânea I
Hoje Eros usa rifle
Dois cartuchos
Balas de repulsão e atração
Não acerta no coração
Mas na cabeça
Usa roupa cinza
Pra se camuflar nos prédios de Curitiba
Bebe e confunde as balas
Atira em sapos e fadas
Solteiros e adulteras
Homens sérios e prostitutas
Eros e Dionísio são grandes amigos
Mas o deus do vinho também trafica êxtase
As festas sempre acabam em orgia
Quando Eros fica embriagado com Dionísio
sai atirando para todos os lados
E a noite termina como deve terminar
Douglas Lopes
Dois cartuchos
Balas de repulsão e atração
Não acerta no coração
Mas na cabeça
Usa roupa cinza
Pra se camuflar nos prédios de Curitiba
Bebe e confunde as balas
Atira em sapos e fadas
Solteiros e adulteras
Homens sérios e prostitutas
Eros e Dionísio são grandes amigos
Mas o deus do vinho também trafica êxtase
As festas sempre acabam em orgia
Quando Eros fica embriagado com Dionísio
sai atirando para todos os lados
E a noite termina como deve terminar
Douglas Lopes
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Prosseguindo a mensagem à alta classe cultural curitibana
Afinal, se os grandes descobrimentos
da poesia paranaense não se descobrem sem
mencionar, além de Retta e de Flávio Jacobsen,
tantos outros nomes nestes testamentos,
bastem para o momento
o de um mestre que rege:
Jamil Snege,
o de um poeta e tradutor
que mapeou do amor
o bosque:
Fernando Koproski,
e o da poeta membro do grupo Pó&Teias
a qual mais contribuiu (até o momento)
àquele blog de poemas
(sem esquecer de Cida, Angela, Andréa,
Glória, Iriene, Joselaine e Maria José),
enfim:
Deisi Perin.
Como vocês podem ver,
a poesia paranaense
continua mais que inteira,
independentemente
dessa postagem que fiz de presente
de segunda-feira.
Ivan Justen Santana
da poesia paranaense não se descobrem sem
mencionar, além de Retta e de Flávio Jacobsen,
tantos outros nomes nestes testamentos,
bastem para o momento
o de um mestre que rege:
Jamil Snege,
o de um poeta e tradutor
que mapeou do amor
o bosque:
Fernando Koproski,
e o da poeta membro do grupo Pó&Teias
a qual mais contribuiu (até o momento)
àquele blog de poemas
(sem esquecer de Cida, Angela, Andréa,
Glória, Iriene, Joselaine e Maria José),
enfim:
Deisi Perin.
Como vocês podem ver,
a poesia paranaense
continua mais que inteira,
independentemente
dessa postagem que fiz de presente
de segunda-feira.
Ivan Justen Santana
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
domingo, 6 de fevereiro de 2011
sábado, 5 de fevereiro de 2011
À ALTA CLASSE CULTURAL CURITIBANA
Quem vai a toda parte,
vai a Alexandria e à França,
vaiaria as grandes artes
(música, letra e dança)
do Alexandre França?
E quem destrói de novo as Tróias
mas já foi a um de noivos cursilho
desconstruiria as canções do Troy Rossilho?
E quem não se alivia e não espanta o tédio
ouvindo Lívia e os Piá de Prédio?
Sei que aquela criatura
que não escanhoa a barba
nem bebe um mate amargo (feito eu)
agadanhará o CD-livro Língua Madura
de Octavio Camargo, Bárbara & Thadeu.
Então não me xingues nem te vingues
e nunca tentes me dar de talho
se eu leio os versos do Mario Domingues
e as lascas do Ricardo Schmitt Carvalho,
e não pense que é lasqueira
se eu tolero e curto as duchas do Ricardo Corona,
e envernizo os livros do Rodrigo Madeira,
bem como os do Adriano Smaniotto
e os do Edson Falcão –
um é imperador, sem ser escroto,
e o outro, filósofo, fez sua lição –
todos estes sabemos o quanto é fabuloso
ler trabalhos críticos e poéticos do Adalberto
Müller e do Maurício Mendonça Cardozo,
os quais não seriam o que são hoje
não fossem mestres da altura de Marcelo Sandmann,
Benito, Bueno, Tezza, Venturelli, Winck,
e outros doutos doutores da UFPR...
– Tá legal, Ivan: encerre!
Sim,
encerro antes do fim,
pois a poesia também desabrocha
em meninas assim
como Sabrina, Lu, Nara e Lindsey Rocha,
sem esquecer Barbara Lia, Marilia Kubota,
Monica Berger e, sim,
a não menos que magnífica Luci Collin.
Pois bem: e já que não tens verruga,
dize-me – já que és bambambam –
já leste os poemas de Rodolfo Jaruga,
de Paulo Bearzoti e de Jaques Brand?
Entretanto
e portanto,
finalizando
antes que pensem que o cordão dos
puxa-sacos aqui estou cada vez mais
aumentando,
o encerramento eis que aí vai
em estilotanka de Pai-Mei-Hai-Kai:
quem Leminski
– Alice, Paulo, Estrela –
também Leprevost
e se com todos estes nem todos vão
eu – por minha vez – vou!
vai a Alexandria e à França,
vaiaria as grandes artes
(música, letra e dança)
do Alexandre França?
E quem destrói de novo as Tróias
mas já foi a um de noivos cursilho
desconstruiria as canções do Troy Rossilho?
E quem não se alivia e não espanta o tédio
ouvindo Lívia e os Piá de Prédio?
Sei que aquela criatura
que não escanhoa a barba
nem bebe um mate amargo (feito eu)
agadanhará o CD-livro Língua Madura
de Octavio Camargo, Bárbara & Thadeu.
Então não me xingues nem te vingues
e nunca tentes me dar de talho
se eu leio os versos do Mario Domingues
e as lascas do Ricardo Schmitt Carvalho,
e não pense que é lasqueira
se eu tolero e curto as duchas do Ricardo Corona,
e envernizo os livros do Rodrigo Madeira,
bem como os do Adriano Smaniotto
e os do Edson Falcão –
um é imperador, sem ser escroto,
e o outro, filósofo, fez sua lição –
todos estes sabemos o quanto é fabuloso
ler trabalhos críticos e poéticos do Adalberto
Müller e do Maurício Mendonça Cardozo,
os quais não seriam o que são hoje
não fossem mestres da altura de Marcelo Sandmann,
Benito, Bueno, Tezza, Venturelli, Winck,
e outros doutos doutores da UFPR...
– Tá legal, Ivan: encerre!
Sim,
encerro antes do fim,
pois a poesia também desabrocha
em meninas assim
como Sabrina, Lu, Nara e Lindsey Rocha,
sem esquecer Barbara Lia, Marilia Kubota,
Monica Berger e, sim,
a não menos que magnífica Luci Collin.
Pois bem: e já que não tens verruga,
dize-me – já que és bambambam –
já leste os poemas de Rodolfo Jaruga,
de Paulo Bearzoti e de Jaques Brand?
Entretanto
e portanto,
finalizando
antes que pensem que o cordão dos
puxa-sacos aqui estou cada vez mais
aumentando,
o encerramento eis que aí vai
em estilotanka de Pai-Mei-Hai-Kai:
quem Leminski
– Alice, Paulo, Estrela –
também Leprevost
e se com todos estes nem todos vão
eu – por minha vez – vou!
Ivan Justen Santana
http://ossurtado.blogspot.com/
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Contundente Podre
não trato mal as pessoas
só as ponho no devido lugar
todos voltaram à idade da pedra
moeram vidro no olhar
muito tiro na cabeça pra sobreviver
eu piso mais fundo não posso parar
você se acha a uva passa do bolo
que a massa quer mastigar
mutilou-se por um amor aos pedaços
enfio a faca até enferrujar
não trato mal as pessoas
só as ponho no devido lugar
edilson del grossi, édson de vulcanis & sérgio viralobos
http://aranha-ceu.blogspot.com/
http://aranha-ceu.blogspot.com/
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Contamínio
Como se fosse leve, toda essa febre.
Shuffle, xaxim, nirvana – tudo que me persegue
E cada som caído como se não anunciasse o cheiro.
Terrível!
Botas, polainas, lírios...
Tudo a mais, o gozo que guardo, cada não que
respiro, inteiro
Seu sorriso irrecuperável, como em qualquer
Despedida,
e aquilo que meço, que pulso e inundo como
Se fosse meu – fluxo;
Uma inquietação vinda dos sonhos, praias:
Os navios afundando, sempre as velhas mentiras
Corpo, suor, poros, asas, saliva.
Te levo comigo.
Todos seus espirais. Aquilo que te lança contra o
espelho, as cenas de filme. O jardim.
Blues bruto. Qualquer uma.
Sim. Ainda existe uma espessura de amor
Raízes, terra, adubo, húmus.
E, aliás, inevitavelmente, uma razão escondida
no passar das horas.
Aquela matemática simplória: Tudo que sem Dó
anuncia você e o meu fim.
Juliana Vallim
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