segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Poetas?
Sim,
Há aqueles que brigam com tudo,
e se pretendem Quixotes,
mas quando em palco cai o fundo
uma verdade se remove
e o que se vê é outra cena,
onde, fantoches de si mesmos,
pintam um quadro surreal –
em meio a tons pastéis - torresmos
outra comédia nos acena:
egos inflados em carnaval.
Somem as lanças de papel,
das armaduras ficam nus
e gesticulam querubins,
mascarados pelo céu
de suas solidões em vão.
Há um que berra e surta,
em exagero oligofrênico –
enquanto a “coréia” o aplaude
e vaia um pobre inculto
que percebe o fingimento.
Um outro se diz alquimista,
capaz de transformar em ouro
a merda, se lhe fizerem coro –
sua platéia goza uníssona.
E, assim, nas noites das décadas,
exibem-se os menestréis
nesta cidade em que as pétalas
são notas de rodapés.
Mais vale expor a intimidade
do que escrever algo que valha –
pois, se a poesia falha,
a biografia, quem sabe?
“Cada qual com seus problemas”,
loucura, magia ou fimose,
serve ao público que os devore,
fingindo comer poemas.
No entanto, lá, no canto
do boteco, o poeta
que finge sem ser cancro
de si mesmo, observa,
ao sofrimento da luz,
que fulgura em seus neurônios,
reinventa o que traduz
em seus goles de plutônio.
Em sua dignidade de Cervantes,
eu, um reles Sancho Pança,
observo-o a distância:
a anunciação do mito andante.
Yury Miyamura
Há aqueles que brigam com tudo,
e se pretendem Quixotes,
mas quando em palco cai o fundo
uma verdade se remove
e o que se vê é outra cena,
onde, fantoches de si mesmos,
pintam um quadro surreal –
em meio a tons pastéis - torresmos
outra comédia nos acena:
egos inflados em carnaval.
Somem as lanças de papel,
das armaduras ficam nus
e gesticulam querubins,
mascarados pelo céu
de suas solidões em vão.
Há um que berra e surta,
em exagero oligofrênico –
enquanto a “coréia” o aplaude
e vaia um pobre inculto
que percebe o fingimento.
Um outro se diz alquimista,
capaz de transformar em ouro
a merda, se lhe fizerem coro –
sua platéia goza uníssona.
E, assim, nas noites das décadas,
exibem-se os menestréis
nesta cidade em que as pétalas
são notas de rodapés.
Mais vale expor a intimidade
do que escrever algo que valha –
pois, se a poesia falha,
a biografia, quem sabe?
“Cada qual com seus problemas”,
loucura, magia ou fimose,
serve ao público que os devore,
fingindo comer poemas.
No entanto, lá, no canto
do boteco, o poeta
que finge sem ser cancro
de si mesmo, observa,
ao sofrimento da luz,
que fulgura em seus neurônios,
reinventa o que traduz
em seus goles de plutônio.
Em sua dignidade de Cervantes,
eu, um reles Sancho Pança,
observo-o a distância:
a anunciação do mito andante.
Yury Miyamura
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Informes Culturais Poeteias
MEDIEVAL:
Olá, os convido para mais uma apresentação de música medieval.
TABERNA FOLK - Cosmópolis, Sp
(Música Medieval)
Abertura com:
Vevila Veldicca - Curitiba, Pr
(Música Celta)
Dia 28/11/2009 - 19:00h - Centro Paranaense Feminino de Cultura R$10,00
(Rua Visconte de Rio Branco, n° 1717 - Centro - Curitiba/Paraná - Fone: 3232-8123)
Ingressos antecipados à venda para o dia 28: De Kroeg Bar (Av. Jaime Reis, 320 - São Franciso - Curitiba)
Em frente ao estacionamento do Ópera 1.
Também pelos fones: Henrique: 9914-5547 / Robson: 9608-8721 / Eduardo: 9671-1923
ou pelo e-mail: folkloricstorm@gmail.com
Ingressos no local APENAS na hora do evento.
Dia 29/11/2009 - 18:00h - Café Parangolé R$07,00
(Rua Benjamin Constant, 400) - Fone: 3092-1171(próximo a Reitoria da UFPR)
HAVERÃO
Camisetas e CDs a venda nas datas das apresentações
Lúcia Gönczy
Olá, os convido para mais uma apresentação de música medieval.
TABERNA FOLK - Cosmópolis, Sp
(Música Medieval)
Abertura com:
Vevila Veldicca - Curitiba, Pr
(Música Celta)
Dia 28/11/2009 - 19:00h - Centro Paranaense Feminino de Cultura R$10,00
(Rua Visconte de Rio Branco, n° 1717 - Centro - Curitiba/Paraná - Fone: 3232-8123)
Ingressos antecipados à venda para o dia 28: De Kroeg Bar (Av. Jaime Reis, 320 - São Franciso - Curitiba)
Em frente ao estacionamento do Ópera 1.
Também pelos fones: Henrique: 9914-5547 / Robson: 9608-8721 / Eduardo: 9671-1923
ou pelo e-mail: folkloricstorm@gmail.com
Ingressos no local APENAS na hora do evento.
Dia 29/11/2009 - 18:00h - Café Parangolé R$07,00
(Rua Benjamin Constant, 400) - Fone: 3092-1171(próximo a Reitoria da UFPR)
HAVERÃO
Camisetas e CDs a venda nas datas das apresentações
Lúcia Gönczy
sábado, 21 de novembro de 2009
Informes Poeteias
- aos amantes da poesia:
"Um novo projeto que visa colocar em evidência
a poética curitibana, incentivando a produção
literária e a narração da poesia"
O evento será quinzenal. Estarei lá com minhas poesias ao lado do poeta Edson Falcão, nesta primeira edição.
- Edson Falcão publicou dois livros de poesia:
- As musas do Canal Belém
- O Ossário de um Ferreiro.
Prepara seu terceiro livro para breve.
...
Café, Leite Quente e Poesia
O Sublime x O Pitoresco
Edson Falcão e Bárbara Lia
dia 21/11
16h
Café do Paço - Paço da Liberdade
Praça Generoso Marques, 189
Curitiba - PR -
Bárbara Lia
"Um novo projeto que visa colocar em evidência
a poética curitibana, incentivando a produção
literária e a narração da poesia"
O evento será quinzenal. Estarei lá com minhas poesias ao lado do poeta Edson Falcão, nesta primeira edição.
- Edson Falcão publicou dois livros de poesia:
- As musas do Canal Belém
- O Ossário de um Ferreiro.
Prepara seu terceiro livro para breve.
...
Café, Leite Quente e Poesia
O Sublime x O Pitoresco
Edson Falcão e Bárbara Lia
dia 21/11
16h
Café do Paço - Paço da Liberdade
Praça Generoso Marques, 189
Curitiba - PR -
Bárbara Lia
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
MIOPIA SOCIAL
Anoitece
e o último quadro pardo,
um homem comum
maquiado de escravo,
gravado...
na impressão de quem esquece.
Do singular que caminha,
do transeunte...
o que cambaleia nos rumos dos sapatos
e borda a rua
às vezes sem destino...
Ri dum cansado
como quem suspira.
Trágico ensaio,
como quem suporta
a morte eterna batendo à sua porta.
Altair de Oliveira
– In: Curtaversagem ou Vice-Versos.
e o último quadro pardo,
um homem comum
maquiado de escravo,
gravado...
na impressão de quem esquece.
Do singular que caminha,
do transeunte...
o que cambaleia nos rumos dos sapatos
e borda a rua
às vezes sem destino...
Ri dum cansado
como quem suspira.
Trágico ensaio,
como quem suporta
a morte eterna batendo à sua porta.
Altair de Oliveira
– In: Curtaversagem ou Vice-Versos.
cantos gregorianos
décima 1
poetemos o PT:
se quando ética existia,
sarney era uma rapina,
vigarices da mercê,
agora força esquecer.
lula na verdade é polvo,
sépia nos olhos do povo,
espreguiçando os tentáculos
por onde lautos repastos:
remessas, repasses, soldos.
décima 2
só se relaxando o esfíncter,
leva-se no magro cu
da boa-fé – norte a sul –
fala-falo/em-falso-em-riste.
alma e virtudes de pinscher,
ocultando ossos no armário,
cagando mole no erário:
à Postiça Social,
mau-caráter carnaval,
só com surra de caralhos.
décima 3
ou se com boa boquinha
de chupeteira na teta,
uniforme de estafeta
onde a Estrela Boazinha,
anjos co´asas de galinha;
só com sangue de chacal,
rigor de débil mental,
no refeitório das ONGs
prum miojo com mensonge,
pra concluir: “menos mal".
Rodrigo Madeira
poetemos o PT:
se quando ética existia,
sarney era uma rapina,
vigarices da mercê,
agora força esquecer.
lula na verdade é polvo,
sépia nos olhos do povo,
espreguiçando os tentáculos
por onde lautos repastos:
remessas, repasses, soldos.
décima 2
só se relaxando o esfíncter,
leva-se no magro cu
da boa-fé – norte a sul –
fala-falo/em-falso-em-riste.
alma e virtudes de pinscher,
ocultando ossos no armário,
cagando mole no erário:
à Postiça Social,
mau-caráter carnaval,
só com surra de caralhos.
décima 3
ou se com boa boquinha
de chupeteira na teta,
uniforme de estafeta
onde a Estrela Boazinha,
anjos co´asas de galinha;
só com sangue de chacal,
rigor de débil mental,
no refeitório das ONGs
prum miojo com mensonge,
pra concluir: “menos mal".
Rodrigo Madeira
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Você
Ainda me falam de você. As mesmas garotas que um dia treparam comigo. Elas não sabem o quanto você significou pra mim. Não sabem o que eu ainda sinto. Acham que vou aos bares pra flertar e me divertir. Uma porra. Eu vou pra fugir de mim. De Deus. E de todo mundo. De um mundo todo que me assusta. Assusta tanto quanto assustou àquele cara com cabelos loiros e casaco de lã. Aquele que deu um tiro dentro da boca. Dá medo. Essas garotas não sabem de nada. Nunca souberam de porra nenhuma. Quem sabia era você. Sabia tanto que me deixou assim. Desarmado. Desamado. Aimeudeus. Agora invento palavras e não me importo com nada. Por onde você anda? Ah, eu sei. Isso não é da minha conta. É que eu sempre me importei. Minto, fingindo que não ligo. Mas, penso em você todos os dias. Desde o primeiro. Não sei se será assim até o último. Isso ninguém sabe. O que sei é que todo homem tem uma mulher pra lembrar. Uma que ficará pra sempre ali, guardada. Sempre com uma tristeza que não cessa. Mesmo com filhos, esposa e família. Sempre tem uma mulher que fica na cabeça. Aquela que fodeu sua vida em algum momento. Todo homem tem uma mulher pra lembrar pro resto da vida. A merda é que eu acho que já tenho a minha.
Wilton Isquierdo
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Efêmera
I.
Vênus veio.
Um oi,
um x,
um selo.
Depois foi...
O adeus de um deus do amor
nunca me foi tão terreno.
II.
Seus olhos exalavam tanta vida
que ao vê-los
achei que salvaria a minha
Seus lábios foram tão quentes
com tão pouco
que quis tê-los para sempre.
III.
Vênus taurina
por que chegaste na minha vida
se já estavas de saída?
Adriano Smaniotto
Vênus veio.
Um oi,
um x,
um selo.
Depois foi...
O adeus de um deus do amor
nunca me foi tão terreno.
II.
Seus olhos exalavam tanta vida
que ao vê-los
achei que salvaria a minha
Seus lábios foram tão quentes
com tão pouco
que quis tê-los para sempre.
III.
Vênus taurina
por que chegaste na minha vida
se já estavas de saída?
Adriano Smaniotto
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Advérbio de intensidade terminado em mente
Devia ser umas onze horas. Ligou o chuveiro e tirou a roupa bem devagar para que a água tivesse tempo de esquentar. Entrou de uma só vez, viu a tinta preta dos seus cabelos escorrendo pelo corpo. O mundo é mesmo uma merda. Ela não queria tomar banho, só ficar ali. Sentou no chão e a água começou a bater absurdamente quente nos seus joelhos, deixando-os vermelhos. Masoquista. Como as músicas que ouvia para ficar mais triste. Como roer as unhas até sair sangue. Unhas. Gostava delas carmim como estavam porque parecia mais puta, logo mais despudorada e confiante e moderna e confiante e feliz. As putas deviam ser felizes. Desespero. Procurou algum resquício de ilusão. Gostava de se iludir, de sentir-se falsamente protegida por alguém que pouco se importava com a sua existência. Existência. Se tivesse uma banheira, cortaria os pulsos e morreria afogada na água vermelha, como naquele filme. Começou a rir sem controle, porque na película a menina suicidava-se ao som de alguma coisa da Mariah Carey. Ou seria Whitney Huston? Estúpido, not for her. Ela queria morrer com estilo. Edith Piaf, talvez. Então pensou nas manchetes dos jornais baratos: jovem desiludida corta os pulsos em uma banheira ouvindo Piaf. Precisava de um papel para escrever um bilhete para alguém. E não podia ser um bilhete qualquer, mas sim, um como aquele do Almodóvar. Espero que nunca me entenda, porque se compreenderes estarás tão desesperado quanto eu. Alguma coisa assim, não lembrava direito. E tinha aquela cena com vinil, Ne me quitte pas e uma frase qualquer bonita. Seus joelhos estavam ardendo. Desligou o chuveiro e saiu. Não tinha uma banheira.
LETICIA FONTANELLA
leticiafontanella.blogspot.com
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Galo
Em cima do telhado apontando para o Norte,
está o galo sossegado.
Não liga para mim nem para a sorte.
Passa dia, passa ano,
e o galo ali parado
sempre tão altivo e forte.
Às vezes a vida se torna
vazia e solitária,
e o galo pensa na morte.
Ele que parecia tão decidido, ensandeceu.
Virou repentinamente para o Sul
Duvidando dos ventos.
Será que este galo
Está tão perdido quanto eu?
Deisi Perin
está o galo sossegado.
Não liga para mim nem para a sorte.
Passa dia, passa ano,
e o galo ali parado
sempre tão altivo e forte.
Às vezes a vida se torna
vazia e solitária,
e o galo pensa na morte.
Ele que parecia tão decidido, ensandeceu.
Virou repentinamente para o Sul
Duvidando dos ventos.
Será que este galo
Está tão perdido quanto eu?
Deisi Perin
sábado, 7 de novembro de 2009
Ensaio
guardei teu azul
nas vidrarias e na porcelana.
no cadinho, coloquei para secar.
teorias e ensaios.
teu azul coloriu de sonho
o que não havia para sonhar.
acordo mudo mútuo refratário.
no cadinho, coloquei para secar.
no laboratório de ensaios
as vidrarias quebradas
as cruzes retorcidas
tudo já foi usado.
em qual vidro restará
o que não foi apagado?
em qual estudo ressurgirá
do cadinho de porcelana trincado
o resto da tinta do teu olhar?
Angela Gomes
nas vidrarias e na porcelana.
no cadinho, coloquei para secar.
teorias e ensaios.
teu azul coloriu de sonho
o que não havia para sonhar.
acordo mudo mútuo refratário.
no cadinho, coloquei para secar.
no laboratório de ensaios
as vidrarias quebradas
as cruzes retorcidas
tudo já foi usado.
em qual vidro restará
o que não foi apagado?
em qual estudo ressurgirá
do cadinho de porcelana trincado
o resto da tinta do teu olhar?
Angela Gomes
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Terra Deserta
NALDOVELHO
Terra deserta de sonhos
não se presta ao cultivo de gente,
e as coisas que ali acontecem
alimentam sentimentos estranhos.
Por lá não florescem gerânios,
samambaias desmaiadas padecem,
azaléias ressequidas não crescem,
e o que nos resta é semear desenganos.
Em terra deserta de sonhos,
o canto dos pássaros destoa,
as horas de tão lentas enjoam,
e o dia nunca amanhece.
Vidas desertas de sonhos
não se prestam ao cultivo de homens,
que por dias, meses e anos,
aprisionados às sombras não crescem.
Terra deserta de sonhos
não se presta ao cultivo de gente,
e as coisas que ali acontecem
alimentam sentimentos estranhos.
Por lá não florescem gerânios,
samambaias desmaiadas padecem,
azaléias ressequidas não crescem,
e o que nos resta é semear desenganos.
Em terra deserta de sonhos,
o canto dos pássaros destoa,
as horas de tão lentas enjoam,
e o dia nunca amanhece.
Vidas desertas de sonhos
não se prestam ao cultivo de homens,
que por dias, meses e anos,
aprisionados às sombras não crescem.
Profana
A cor do amor é branca,
e o amor tem uma covinha do lado direito do rosto
e o amor me olha como alguém
que jamais vai tirar a minha calcinha
e gozar o céu dentro de mim.
O amor sempre vai me olhar
como se eu estivesse num altar de papel.
Para o amor, eu sou uma rima
e rima não tem vagina.
Para o amor, eu sou uma ode
com uma ode ninguém fode.
Eu sou um verso alexandrino
jamais tocado pelo herdeiro deste nome.
Eu sou a palavra, e a palavra, a palavra é Deus
Deus ninguém come, mas,
será que beber
pode?
BÁRBARA LIA
in: NOIR (edição independente - 2006)
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Assinar:
Postagens (Atom)