quarta-feira, 2 de julho de 2008

Dejavu

Sim, estamos sozinhos
Apesar de ter amigos
Estamos sós
Como quem acaba de nascer
Como o planeta Terra
Como o cantor de jazz
Tão sós
Quanto aqueles que encontraram Deus
Como quem dá o lugar no ônibus
Como o pastor triste que prega
Como os carros que buzinam
E a estátua viva que se retira
Sozinhos
Como a luz do poste se acende
E o funcionário sério boceja
Como o eletricista de uniforme
E os namorados que se abraçam
Sim, sozinhos
Como o cão comido de sarna
Como um crucifixo na biblioteca
Como uma tv que ficou sem som
E o homem que conta piadas
Ah! tão sozinhos somos
Como o padre na sacristia
Como a mãe cujos filhos cresceram
Como os que encontraram Jesus
E foram salvos do fogo do Inferno
Como a secretária que sorri
E que é mais bela se triste
Como uma cadeira de palha
E o homem de paletó que olha as horas
Sozinhos, como quem faz aniversário
Como quem faz um gol
Como quem faz um poema

Otávio  Luiz Kajevski Junior

5 comentários:

Otávio disse...

estou perdendo a virgindade social
ou virtual pelo menos

Pó & Teias disse...

sinta-se descabaçado!
rp

Otávio disse...

opa, foi bom pra mim!

Anônimo disse...

"como quem faz um poema'
como quem o lê e sente
como quem o comenta...

parabéns!

Tullio Stefan disse...

Dejavu,sim,porque a unica verdade que nos faz lembrar do momento humano na visão da semelhança é a solidão.