1. Relativizar a distância proposta e escolher entre pegar carona ou o atrevimento de ir caminhando.
2. Vigiar a noite.
3. Repousar de dia.
4. Cuidar para que não roubem seus calçados.
5. Frequentar os melhores restaurantes pela porta dos fundos, de preferência após as 14 horas, para almoçar sobras.
6. Improvisar talheres.
7. Perceber que o que é pouco pode tornar-se suficiente pois até a sobra pode faltar.
8. Usufruir o vento no rosto.
9. Discernir que a sobrevivência é feroz apesar de consistir naquilo que é simples.
10. Abdicar do rigor da higiene.
11. Consequentemente, abdicar do flerte.
12. Não frequentar estabelecimentos comerciais pela porta da frente, a não ser que esteja necessitando de adrenalina, porém aguente consequências.
13. Aguentar consequências.
14. Usar do filtro lúdico ao perceber olhares de estranhamento, pois eles diminuirão na medida em que você se tornará invisível.
15. Contemplar estrelas.
16. Ao mesmo tempo, aguçar os sentidos frente aos perigos, ou seja, revitalizar o selvagem.
17. Escolher o coletor; abdicar do caçador.
18. Compreender a diferença entre o desprezo, o menosprezo e a compaixão*
19. Destilar as horas, sabendo que só há o hoje, cingido entre duas refeições [se houver sorte] e um lugar seguro para repousar.
Ricardo Pozzo
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3 comentários:
desfiando o hoje, li este blog maravilhoso e me encantei - de novo - com imagens poéticas e poesias imagéticas de queridos escritores de Curitiba!!!
Parabéns! Sempre!
*segundo conceito revelado pela Insustentável Leveza do Kundera, ou a versão não cristã da compaixão!
rp
pós moderno total
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