. primeiro sintoma
não ter fome de si:
início das ferragens monetárias
cobrindo o aposento dos olhos
recorrer às artes retinianas
discorrer longamente sobre um marxista não
traduzido do russo
desaprender pianos
colocar luz em quase todos os textos
desde a invenção do
D (origem na escrita hierática egípcia,
seu ancestral mais antigo recebeu o nome de deret (mão),
quando os fenícios o adotaram o mesmo passou a se chamar daleth (porta).)
é que a mão tornou-se uma porta
e porta sinônimo de burrice,
como dizem alguns
mais à frente
com o transcurso da consciência
e a introjeção dos conceitos puros
a fome
(como palavra)
enquadrou-se no biológico
a partir disso
a mão não leva o alimento à burrice
mas apenas
à boca
segundo sintoma
apagar a memória do universo com
o tempo presente
invocar a sordidez das citações
em bibliografias extensas
citar
reproduzir com a permissão do autor
conhecer a boca em silêncio
tirar xerox das mãos agradar
o olho e não o tato
com a invenção da roda
o homem achatou o pé
e viciou-se em coca-cola
o uísque só é servido aos pilotos de Hiroshima
.terceiro sintoma
acordar pela manhã
e não ter tesão pelo sexo
tomar banho
justificar as guerras
sofrer em silêncio pela
perda de si
quarto sintoma:
a pele não sofrerá
a pressão do cotidiano:
os punhos serão suaves
a inteligência prudente
a câmera digital baterá fotos em espelhos:
tomarás sua imagem como a essência do ser
mas isto é gravura
sintoma 5
prescrição de um médico escroto
olhar as fezes
recolher argumentos
ignorar a invenção da letra D
alimentar-se exclusivamente pela boca
dormir em paz e sem paixões loiras
evitar o sexo oral
investigar as questões teológicas
sufocar definitivamente os pássaros itinerantes
colecionar aviões metálicos
& jogar video-game
jogar video-game
os dedos conhecerão
silício
mas não a profundeza dos chips
saberão que verde
é uma cor
apenas isto
bastará ao espantalho do amor
sorrindo em sua altitude
de homem medíocre
Augusto Meneghin
terça-feira, 27 de setembro de 2011
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