quinta-feira, 30 de junho de 2011
Orbitais
(composto sob inspirações dialógicas de Sandra Adriana, Roberto Prado e Alberto Centurião)
uma lua azul no zênite
desliza
uma lua negra no nadir
desluza
enquanto isso
nebulosamente
outro satélite colapsa
numa elipse de eclipse
Ivan Justen Santana
https://twitter.com/IvanJusten
uma lua azul no zênite
desliza
uma lua negra no nadir
desluza
enquanto isso
nebulosamente
outro satélite colapsa
numa elipse de eclipse
Ivan Justen Santana
https://twitter.com/IvanJusten
quarta-feira, 29 de junho de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
Da escrivaninha empoeirada
A minha musa, estalando de calor veio sob a forma de uma barata tonta gingando, exalava insolência.
Eu a assassinei com gás? Não sei se a matei. Os móveis estalam e lembro-me dela. Duas páginas em branco.
Preciso de dinheiro.
Wilson Roberto Nogueira
Eu a assassinei com gás? Não sei se a matei. Os móveis estalam e lembro-me dela. Duas páginas em branco.
Preciso de dinheiro.
Wilson Roberto Nogueira
domingo, 26 de junho de 2011
O aborto da realidade
para Jean Baudrillard
I
ouve, este primeiro canto dos pássaros
dessa manhã de feriado,
vê como as árvores são brindes de absoluto
a ditar besteiras em dias de vento
o eco das estrelas em chamas
os carros a se dissolverem no asfalto,
qual o sentido da velocidade?
II
sente a brisa que beira o abismo
o sangue que escorre nas ruas
os olhos bêbedos da noite
e o desalinho dos dias
em tempos de desvario
da realidade abortada
da esquina para lá
a profecia que diz
a lógica aristotélica está abolida
o verdadeiro e falso, e a ampulheta do tempo
dissolvidos na hiper-realidade dos fatos
Rafael Walter
quarta-feira, 22 de junho de 2011
terça-feira, 21 de junho de 2011
Irmãos de ogum
"Ah! plangentes violões dormentes, mornos..." Era uma família grande. Seu sobrenome era Romanos. Tiveram nove filhos. Criaram seis "soluços ao luar,choros ao vento..." Nós jogávamos bola, andávamos de balanço, brincávamos de esconde-esconde, escravos de Jó entre outras brincadeiras, nas tardes ensolaradas de dezembro."Noites de além, remotas, que eu recordo,..." Consta nos altos da memória dos parentes desta família que vieram da Africa, seus tataravôs foram imperadores, na região de Zimbabué. Eles contavam histórias arrepiantes da vinda de seus ancestrais para o Brasil. Seus tataravôs foram negociados na beira do mar. Uma viagem sem retorno que eles demarcaram em saudades, chamando os orixás, pedindo que sua linhagem nobre fosse resguardada. Um dia eles ficaram mais tristes. "Sutis palpitações à luz da lua..." No inverno rigoroso de 1965, em Lages, nós pulávamos amarelinha em frente da nossa casa. Sonhávamos com a primavera. Um dos Romanos vinha tossindo há muitos dias. Passava a maior parte do tempo deitado. A desgraça da tuberculose. Tempos escuros "quando lá choram na deserta rua..." levou Cruz e Souza e, também, um dos Romanos."Vozes veladas, veludosas vozes..." Muitos anos depois o vento voltou a derrubar as grimpas dos pinheiros e as margaridas foram novamente percebidas por quem, mais uma vez, teve que resistir "volúpia dos violões, vozes veladas, / vagam nos velhos vórtices velozes /dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."
Mara Paulina Arruda
http://www.mp-arruda.blogspot.com/
sábado, 18 de junho de 2011
Sete Vidas Secas
(sigilo de salamandras)
.
se içar escudos de guerra
em mênfis
com olhos de persa imperador
lançado será
o nilo do ventre
íris castanho fosforescente
onde navegam
trezentos mil felinos embalsamados
na artéria
fitas secas
na palavra
trezentas mil máscaras de madeira
pelúsio pelúsio
estaremos sós
.
para escudos de trégua içados
em mênfis
o nilo do ventre
hórus dourado iridescente
onde navegam
ossos e miados
os músculos mornos
na face das caravanas
cerastes cerastes
estaremos nós
aquecidos pirofágicos
o crânio em chamas
acima dos telhados móveis
da necrópole
mi(r)ando os ossos
navegantes
em extrema e líquida
combustão
Andréia Carvalho
quarta-feira, 15 de junho de 2011
terça-feira, 14 de junho de 2011
Tentava ouvir o silêncio dela, mas era tão profundo. Tanto que o sentia pulsar embora não pudesse tocá-la.
Ela gritava em seu silêncio uma fúria vital que jamais transpareceu no mormaço de seus dias de casada.
Tempos em que se protegia ou se ocultava na burka de blá, blás intermináveis. Agora o silêncio a revelava nua.
Em cada lágrima que engolia era o veneno que o matava. Cada soluço silencioso uma lâmina mirando seu pescoço. E nada voltaria a ser como antes. O silêncio dela o condenava pelo abandono que na certeza da posse ele por tanto tempo a supliciava. Agora. Não mais. Estava prestes a voar. Ele, condenado a viver.
Wilson Roberto Nogueira
segunda-feira, 13 de junho de 2011
A Fachada e os Fundos
Rompi com os afazeres da pressa
e carrego afazeres do sossego
embora ainda arraste
ossos de minha geração
sigo
embora ainda use
ossos de minha geração
como cabide de meus ossos
falo do ato de azulejar os fundos da casa
é momento de estranhar
o estado limpo das coisas
nos fundos da casa
como houve um momento
de falar do alegre azulejar da fachada
e suas falsas coisas limpas
como já cantei
o tempo agindo em nós
através de suas máquinas e
subterfúgios
como já cantei redondos verões
que não me trouxeram nada
Edson Falcão
e carrego afazeres do sossego
embora ainda arraste
ossos de minha geração
sigo
embora ainda use
ossos de minha geração
como cabide de meus ossos
falo do ato de azulejar os fundos da casa
é momento de estranhar
o estado limpo das coisas
nos fundos da casa
como houve um momento
de falar do alegre azulejar da fachada
e suas falsas coisas limpas
como já cantei
o tempo agindo em nós
através de suas máquinas e
subterfúgios
como já cantei redondos verões
que não me trouxeram nada
Edson Falcão
domingo, 12 de junho de 2011
Rastros de Luz
Traça no apelo do engano a rota
na reta marcha crê ser luz
e tolo tropeça na escuridão.
Entre tantas belas árvores porvir
sua falsa chama semeia incêndios
da sangüínea labareda restam cinzas
onde verdejava esperança
cinzas que nadam no azul para longe
levadas sem porto ou pouso
somem lembranças no pó
perdido na trama de uma teia
iluminada pelo sol.
Wilson Roberto Nogueira
na reta marcha crê ser luz
e tolo tropeça na escuridão.
Entre tantas belas árvores porvir
sua falsa chama semeia incêndios
da sangüínea labareda restam cinzas
onde verdejava esperança
cinzas que nadam no azul para longe
levadas sem porto ou pouso
somem lembranças no pó
perdido na trama de uma teia
iluminada pelo sol.
Wilson Roberto Nogueira
quinta-feira, 9 de junho de 2011
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Lágrimas de Mãe
Distância. Um prato grego e uma ânfora sobre a mesa. Os pássaros no Lago Estínfalo são espantados por um soldado para que ele possa se refrescar antes da guerra. Mais adiante figuras vermelhas são pintadas noutro vaso por Andócides que, nesta semana, especialmente, estava contrariado com Posseidon. A mãe de Andócides esteve chorando por causa dele. Andócides que ainda não tinha visto as lágrimas de sua mãe procurava traduzir em linhas e cor esse desconforto. E interrogava a si mesmo, em voz alta, como representar a dor daquela que lhe é cara e pela qual devia a vida. Sim. Realmente era um grande problema a resolver. Mas justo ele que trouxera a vida na flauta, neste momento, próximo de uma guerra a estourar, remoia as lágrimas que no rosto da primeira amada vertiam. Talvez só os pássaros pudessem entender... ele imaginava. Os soldados preparavam-se no pátio para a guerra. Aquiles e Ajax jogavam na mesa ao lado. A lira junto com as tintas e os pincéis não emitia nenhum som. Só, Andócides, pensava.
Mara Paulina Arruda (Chapecó-Santa Catarina)
fonte :http://www.mp-arruda.zip.net/
sexta-feira, 3 de junho de 2011
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