terça-feira, 1 de abril de 2008

que tremam os acomodados

O trema está trêmulo - dizem que este ano cai.
Querem apagá-lo do português - brasileiro, na forma que nos é peculiar.
Nosso trema é um tique, um truque, um toque feminino; duas pitadas de delicadeza para romper a rigidez da sílaba com a modulação sinuosa do "u".
Querem alcançar a padronização lingüística!
Esquecem que o caminho mais fácil nem sempre é o mais belo, mais útil, ou mais agradável.
Acham que o trema é uma das "chatices" da nossa língua - mas, nunca ouvi dizer que algo se tenha tornado mais monótono.
O trema são covinhas no sorriso do "u".
É ele que condimenta a lingüiça.
Torna mais repetitivas as intermitências de algo que é freqüente.
Denuncia a propriedade de movimento dos aqüíferos.
Põe gotas de suor ou lágrimas em algo que não mais se agüenta.
Empresta cor, cadência, malemolência, ginga - mesmo a palavras áridas ou graves como "argüição", "conseqüência", "ungüento", "iniqüidade".
É o brilho par da justiça em "eqüidade".
É o vento vibrando a superfície de um lago tranquüilo; tranqüilo e vivo.
Sem o trema ficaria prejudicada a eloqüência da brasilidade em nossos gestos.
Reservo-me o direito a meus tremas- e meu computador até completa as cumeeiras do "u" se por descuido os esqueço.
Eu sou a favor da simplicidade ! - mas por princípio, não por preguiça ; almoçaria sem toalha na mesa domingueira - mas não sem flores.
Em outras palavras ; há que simplificar - porém sem perder a "tremura " jamais!
Priscila Prado

2 comentários:

Anônimo disse...

Vim, vi e amei!
Agora, vamos ao escambo!
Até sexta, antes dos primeiros 300 metros, rsrsrs.....
Grande abraço, boa semana

Etel Frota

RAUL POUGH disse...

Texto ma-ra-vi-lho-so !!!
Coisa de quem tem talento...