Uma casa com altos muros de pedra escondia um atormentado jovem, desiludido com a vida e sem perspectiva de futuro.Com o seu ar blasé ,deambulava pelo quarto após ter sido arremessado à cama de um sonho mal sonhado, uma morte cortada com o despertar exaltado . No quarto cinzelava os dias na penumbra esfumacenta de recordações mal postas, perscrutando o vazio pesado daquele instante .
Coberto com os trapos transformados numa segunda pele , os chinelos calçaram seus pés um pouco mais reticentes que antes. a tenebrocitante aventura de sair do quarto e reler as páginas pétreas de roseta de seus serparentes . Resmungos , grunhidos e ausentes nas máscaras do dia, olvidaram no antanho suas personas.
Antes da carcaça ,a sombra do humo pútrido imaginado pelo olor de urubu eviscerado ,vulturina criatura desavisada de si, deslembrada da gregária condição humana.Temperadas sensações inspiradas pelo mofo, bolor , suor e adjacências . Só a macróbia no canto do salão acendia uma estranha luz nos olhos negros de cadáver ,babava pedindo gorgonzola com linguiça na pizza que julgava estarem sonegando, "criminosos cruéis ."
O vulto que desertara de sua catacumba ,com bigode tal qual pernas de barata e barba como raízes mortas de uma árvore arrancada , o rosto escondido entre feridas e cicatrizes apontavam no corpo do hóspede involuntário do destino o próprio hoje daquela mansão em prantos e daquela família em ruínas.
Almoço como sexo prostituído ligeiro e comprado por droga barata cujo vôo ao inseto faria mercê.Comeu como quem vomita para alguma lata de lixo.Assim foi , espectro abissal de descoragem diante da incertitumbre do Ser que não se reconhece devedor do viver.
Inúmeras vezes cego no desarazoado de idéias que o encarceravam até o momento, da chave do seu viver lembrava-se de si quando do outro lado do telefone ouvia a vós de Adela .Uma noite saiu no breu da noite iluminado pela chuva e caminhou até a noite que o habitava transforma-se em um dia de sol embaixo das ferragens de um carro.
Wilson Roberto Nogueira