terça-feira, 5 de novembro de 2019

Um dia de sol

        Uma casa com altos muros de pedra escondia um atormentado jovem, desiludido com a vida e sem perspectiva de futuro.Com o seu ar blasé ,deambulava pelo quarto após ter sido arremessado à  cama de um sonho mal sonhado, uma morte cortada com o despertar exaltado . No quarto  cinzelava os dias na penumbra esfumacenta de recordações mal postas, perscrutando o vazio pesado daquele instante .
        Coberto com os trapos transformados numa segunda pele , os chinelos calçaram seus pés um pouco mais reticentes que antes. a tenebrocitante  aventura de sair do quarto e reler as páginas pétreas de roseta de seus serparentes . Resmungos , grunhidos  e ausentes nas máscaras do dia, olvidaram no antanho suas personas.
       Antes da carcaça ,a sombra do humo pútrido imaginado pelo olor de urubu eviscerado ,vulturina criatura desavisada de si, deslembrada da gregária condição humana.Temperadas sensações inspiradas pelo mofo, bolor , suor e adjacências . Só a macróbia no canto do salão acendia uma estranha luz nos olhos negros de cadáver ,babava pedindo gorgonzola com linguiça na pizza que julgava estarem sonegando, "criminosos cruéis ."
      O vulto que desertara de sua catacumba ,com bigode tal qual pernas de barata e barba como raízes mortas de uma árvore arrancada , o rosto escondido entre feridas e cicatrizes  apontavam no corpo do hóspede involuntário do destino o próprio hoje daquela mansão em prantos  e daquela família em ruínas.
     Almoço como sexo prostituído ligeiro e comprado por droga barata cujo vôo ao inseto faria mercê.Comeu como quem vomita para alguma lata de lixo.Assim foi , espectro abissal de descoragem diante da incertitumbre do Ser que não se reconhece devedor do viver.
    Inúmeras vezes cego no desarazoado de idéias que o encarceravam até o momento, da chave do seu viver lembrava-se de si quando do outro lado do telefone ouvia a vós de Adela .Uma noite saiu no breu da noite iluminado pela chuva  e caminhou até a noite que o habitava transforma-se em um dia de sol embaixo das ferragens de um carro.


Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

El gallo giro




Nací en campo florido
entre arboledas y flores.
Cantar mi cometido,
danzar con mi bello plumaje.

Pensé que levantar al guajiro,
era para lo que había nacido.
Alejar el ocaso con su paliducho cobre
dejando avanzar el alba con mi zapateo de ave.

Mañana de gloria fuera cuando a mi vera te viera
y al llegar el crepúsculo tu casa me recibiera.
Ingenuo gallo de mente gira !...
Lo único que no veía,
como apostabas a mis espuelas sin importarte mi vida.

Agradecido he vivido por el maíz que me has dado.
Caminando vamos al ballin para saldar tus deudas.
Mi peso decidirá mi adversario,
mi cálamo pondrá mi nombre.
Mientras en el gallinero dos viejas gallinas por mi suspiran

Comienza el jolgorio...
Va la apuesta a mi pico y patas.
Te miro a los ojos y siento, que por ti he de ganar.
No importa sin ello me va la vida.
A un amigo la espalda no se le debe dar.

Alicia García
Miami,fl

¨Oferenda para meu pai¨




Tenho o ódio

Em um prato de barro

Nenhuma queixa sob minhas orelhas cortadas

Tenho o tempo

Em um corpo fechado

Nenhum sacrifício sob a virgem esquecida num copo

Agradeço pelos pés no mundo

A cabeça sempre erguida

Mérito desse bastardo aqui



Redson Vitorino          

Ao acaso Virgínia



Acendi uma fagulha dentro de mim com teu lodo
com alvejante nos olhos eu pude vê-la
E era clara

primária que me ergueu
nas dobras da pernas rechonchudas
Sou graduado

se sou eu quem nego a estadia
partindo desesperado com xícaras de porcelana

um milhão de cabeças esperando a vez no teu útero
com as mãos brancas por você eu estou

Maldição do concreto que limita
milhas até cair mais uma vez
e nós estaríamos ainda mais longe

Redson Vitorino



NOTURNO



É noite e a fome dardeja
os filhos da orfandade:
sobre duros travesseiros,
mendigos da minha aldeia
ruminam restos de nada
no farto prato do sono.
Os grilos urdem insônias
na placidez dos casebres;
morcegos cravam no espaço
caninos sujos de treva.

Os adúlteros trans(it)am
pelas vielas da cópula;
a chuva profusa molha
o triste ladrar dos cães
e perpetua a linhagem
das espigas seculares,
aos olhos do espantalho
(trabalhador sem salário
que depõe a mais-valia
nos cofres do latifúndio).

A velha lareira estala
os ossos frágeis da lenha
e a altiva chaminé,
já fumante inveterada,
corrói os pulmões de ozônio.
Ladrões escalam silêncios
e penumbras: ardilosos,
amordaçam os alarmes,
descerram firmes telhados
com as chaves do delito.

A noite derrama em nós,
como o mítico Ciclope,
seu pálido olhar de lua
que faz tremer Poseidon.
Os encarcerados vêem
(a despeito do aforismo)
um sol nascendo redondo
no horizonte dos sonhos:
uma só colher de chá
e escavam a liberdade.

Um galo inicia o rito
predecessor das auroras:
demarca as raias do tempo
(enterra as cinzas noturnas
com um cântico solene;
sagra o dia - Prometeu -
e aclama o sol - seu archote -
com forte aplauso de asas);
recolhe as lenhas do dia
para as chamas de outra noite.

Wender Montenegro  

(do meu livro ARESTAS)


quarta-feira, 11 de setembro de 2019


O amor é um erro
um ancoradouro
com nossos pés
amarrados à costa
e nossa cabeça
fincada ao oceano.
O amor respira
nas plataformas
de petróleo
e queima
em sua extração
a certeza
de seu desgaste.
Vendido a granel
turbulento
em guerras
diplomáticas
despedaçamentos
vários.
Moro numa casa
que não há
engolida pelo fogo
não há terras
devolutas.
Após o fogo
nem tudo é trégua
- no amor -
há de ser justa
a propagação
do abandono.


Roberta Tostes Daniel


Indiferentemente




Além do rio existe,
Além de mim persiste,
Além.

Ali ao lado resvala,
Ali ao alto se cala,
Ali embaixo, sei lá...

Aonde eu vou?
Aonde é o rumo?

Leve a lauda louva,
E leda comunicação.

Aos ouvidos em turbilhão,
Sequer uma graça atingirá
A putrefação.

A estrada do teu ego
Anda em círculos.

Tchau.

Anderson Carlos Maciel


Não vai sobrar nada




Pedra sobre pedra
homem sobre a lajota dos pés
corpo moldando laje
de sol a sol
nuvem - chumbo.

Pedraria de tiros
silhueta calcinada
no cimento - sangue
esparramado, esquecido.

Meu Deus, mais um homem
virando nada, memória
luz estourada
andor da fé que se extirpa

a gente ora por desperdício
a gente chora só o fluido.


Roberta Tostes Daniel



FLORES VOTIVAS




Eu
não tenho
medo da morte.
Eu tenho medo quando uma coisa cai
e quebra
como porcelana,

seja uma velha amizade,
um novo amor
ou o sentido – fortuito – dos orbes.

Aí vem o vazio,
pior que a morte,
que não cola mais os cacos espalhados no chão.

Eu
não tenho
medo da morte.
Eu tenho medo da ode
inconclusa, da carta interrompida,
do beijo suspenso,
seja este poema – que em si nunca estará completo –
seja a vida, esta obra sempre aberta...

Por que o medo então,
se tudo é acidental
e acidentado? Por que não assumir de vez
que este medo – que me paralisa no trabalho, na fila do banco, no amor –
não é, no fundo, no fundo, o medo da própria morte?

Talvez seja
para não dar o braço a torcer
a esta velha desmancha-prazeres
que corta os brotos
antes das flores, ou, quando não,
colhe as flores antes dos frutos
– e as oferece ao Nada.

Otto Leopoldo Winck



quarta-feira, 23 de maio de 2018

PARADOXOS




Entre façanhas ditosas
Onde a vaidade se esconde,
As coisas mais curiosas
Não há sonda que as sonde.

Ouvi, almas caridosas:
Contaram-me não sei onde
Que há três coisas bem charmosas
Que teve Vila do Conde

Ouve incêndio nos bombeiros,
Ouve um assalto à polícia,
Não era suficiente?

Da obra das mães, museiros,
Com perícia, sem malícia!
Foi solteira a presidente!

José Sepúlveda
(O Canto do Albatroz)

POEMA ABISSAL




gutural
este grito
aprisionado
lançado
entre o azul-perdido
que persigo
e o negro-nada
que me cala

enquanto a palavra
imersa
fria
aguarda o voo
mas se faz mergulho

(Celso Mendes)



Poesia é uma pena
que deixa de voar
assim que se liberta do ninho



Alvaro Posselt  

Um pequeno sol escurecendo a visão.
Na escuridão do quarto o olho cego de uma lanterna.
A porta arrombada de uma morada.
Um sórdido quarto de pensão
testemunha a prisão de um insone ladrão
de sonhos.

Inocência ausente desertora precoce
prece silenciosa diante do abismo e seu sorriso.

Porta aberta sangrando histórias que só as sombras sabiam.

Sob o colchão mofado acorda como quem se livra de afogar-se
o morador da pensão olha no olho da lanterna
o cano de uma arma.

Esteja Preso !

Wilson Roberto Nogueira.


Naquele café esfumaçado bebia a si próprio , a cada gole ,enquanto o tempo passava .Impreciso caminhar."Que horas 'serão' , será noite ou dia ?Não importava mais, sua juventude se fechara e só restara uma lâmina de luz cortando os pés da porta.
Chegou em sua sórdida morada embora não tenha lembrança de haver caminhado até lá .Pôs-se a descamar-se de suas roupas e a medida que se aliviava delas , não encontrava sinal de si.A sombra que o perseguia , perseguia o sobretudo que ora o cobre de seu derradeiro inverno .
Agora entre o pó e as teias de seu quarto tornara-se o vulto translúcido de seu trincado espelho.

Wilson Roberto Nogueira


Pego um livro e leio nas bordas outras vidas  ,
em letras ora miúdas como mexilhão no coral ,
ora  octopode  oculto na tinta de seu corpo evaporado na fuga
e me pergunto se velhos fantasmas
transaram no silêncio dos sonhos ;
outras vozes em mares revoltos ou na calmaria,
onde barcos pensam
outros destinos em outros mundos,  portos a conhecer.
Veias  em alva pele, macia ou já amarelada, não importa ;
continentes ocultos que lançam sombras luminosas
na orla da praia das sensações .
Uma simples leitura mergulha em mares profundos,
onde em cada nível, novas leituras são possíveis.
Quando o fôlego não deserta para deixar ao sol,
nosso cadáver naufrago.

Wilson Roberto Nogueira


PROCESSO



Alma adictada
de imagens
fuligem
afetos em fuga

necessário é pois
a depuração

entre tanto
como separar
do entulho interno
a porção eterna & imprescindível?



Ricardo Mainieri

Mortuaria.




Seguimos caminhando por entre tumbas modernas, sepulturas Formosas, lembrando-se dos velhos cadáveres que elas abrigam e de suas feridas letais, aspectos trágicos de suas memorias, contribuições significativas para seus atuais quadros degenerativos, palidez mórbida e estrutura esquelética. Tudo pelo qual foram diagnosticados mortos, para assim hoje possuírem tão belas moradias fúnebres.
É um belo passeio quando a carne esta morta e os olhos enterrados, não se pode odiar, não se pode discordar, às vezes é tão fácil perdoar. Tudo acerta um ponto depois da vida, e as regras básicas de uma visita a um ex-vivo são; deixar a animosidade de lado, trazer um sorriso na face, uma lagrima esporádica no olho e um enorme senso de conformismo imposto na testa. Dos mortos não colhemos a mentira, às vezes por ela morremos e muitos defuntos colhem confissões. É mais fácil admitir certas coisas quando não se está sendo ouvido; os mortos assumem um papel de consciência, de padres, de psicanalistas. Todos possuem luxos em vida, e na morte tudo não passa de promessas, o que de mais concreto e verdadeiro pode ocorrer é uma bela cerimonia, votos de saudosismo e lagrimas caindo ao chão. Uma pena, pois colhemos tanto em vida que penso que na concretização dela deveríamos ter algo mais solido e especifico. Dizem que a morte vem para nos levar. Da vida não se pode dizer o mesmo, ela não tem estas poderes supremos depois que morremos. Num estado tão especial e único de meditação me imagino rodeado de silencio e paz, sem e matéria severa, sem limites, sem relógio, sem termos, sem o “ ter” e o “querer” na essência primária do universo, deitado, numa nação de mortos.

(yzzy Daniel Myers)

"Arte Poética" - Para Paulo Sabino



revirar o
íntimo do impossível
à procura

de um verso.
no mínimo, dar-se à
loucura,

à tentativa, mas não
enganar o
coração:

abrigar o
âmago do infinito...
alegria pura?



               Adriano Nunes 



Não lembro onde pus
Colhi pra soltar de noite
um punhado de luz



Alvaro Posselt 

o emigrante


Antonio Pinto L                


quantos passos perdidos,
por terras desconhecidas,
quantos sonhos perseguidos,
por quantas ,e quantas vidas
x
quanta esperança em encontrar,
no final de cada estrada,
força, para continuar,
em frente, a proucura de nada
x
talvez seja só invento,
o tal lugar encantado,
e só exista ,no pensamento,
não se encontre em nenhum lado
x
andar sempre sem fim, proucurando,
de esperança no peito, aninhada,
sei lá, quantas vezes chorando,
sempre a procura ,de nada


Pensaventos



– A sensatez mastiga água pra não engolir rios.


 Evandro Souza Gomes  

... Secreções de Baphometh ...




Tudo que Existe está em Relação À... Poder???
Do lixo Neural... Não há Lixeiro... Emana Gás!!!
Gases Relativos às Secreções do “Ser”...
... Do Lixo secretado... Vanglória se Faz!!!

Uma Alma gasosa... Volitiva... Intangível...
... Espírito Volátil... Penetrando tudo que é Sólido!!!
No Poderoso Impenetrável... Um Sentimento Frangível...
... Vil Lixeiro de Desgraças... Com Prazer tão Mórbido!!!

Um escarnecedor de D’us... Quebrantou-lhe o seu Poder!!!
Resgatou-lhe do Lixo... Nefasto domínio de Baphometh!!!
(Disse-lhe):
“Não será nos Gases de Enxofre que irás sofrer!!!”

Tudo que Existe está em Relação À... Tanto Faz!!!
No Exílio... Nos Latifúndios da Sétima Solidão???
Onde o Nada Existe??? E a Consciência Gasosa se Faz???

Gutemberg de Moura


"Rick's Cafe":


De Eudoro Augusto, 

O esquivo e atarracado espião.
Evidente dedo-duro.
Sua muito. Parece húngaro.
Fala cuspindo.
Olhos apertados
de onde escorre lenta
a mais nojenta lama do nazismo.
"Você me despreza, não é?"
Com a voz mais seca
que minha boca permite
com meu timbre mais bogart
respondo rápido como um tiro.
"Rapaz
se por acaso alguma vez
meu pensamento esbarrasse em você
certamente o desprezaria."




bem do meu lado fingem

dormir

personagens

da última página

do último livro

que li:- um truque

para que não os esqueça



 Nydia Bonetti    





Que mundo cão!

Junto com uns gatos pingados

alguns ratos de porão



Alvaro Posselt   

contrato




quero a pérfida palavra
o sumo, a acidez da verdade
e no mais,
não quero nada
a não ser a essência
do último trago
e se isso significa veneno,
não me importo;
prefiro a morte rápida
a ser enganada de forma
homeopática
pensas: fazendo assim talvez
ela sofra menos...
saiba: este teu jeito absurdo
de entender o mundo
desacata meus sentimentos
e não me poupa a fragilidade;
compulsiva-me sim, a odiar-te
bem mais do que te amei.

Lúcia Gönczy

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Sombra aquática pelas auroras do meu bem


Sem nem quem ser
Seria são parecer

Livre navega e cega qual
Mar, luar dos doutos:
Hoje sua verve isopor

Artificial bacanal se insinuou
Sina.

Agora aquela semente plena
Refreia o poema como quem
Sem nem amor, nem
Flor
Adere ao jardim etéreo
Próximo ao cemitério
Da noite que brotou.

O sol se põe, sim se põe
E como o dia navega,
Navego, estóico, fluo
Nevo, nego, nervos
Sumo sacerdote do ego

A teoria me contempla o chão
E pela ode a mim encontro o pão
Relembro pontos azimutais
Nos carnavais da luz
Quais seres sem paz
E naus pelas páginas sem sal

Indiferente ser indifere
Entre os iguais felizes finais
Pelas searas bestiais
Da ignorância e do clichê.

Revolvo meu grude hipnótico
Na catarse dos idos aparelhos
Simbióticos e revisito a moral
Inspirada na cratera da habilidade
Literária

E a prática reumática
Do léxico adulador.

A estrelas aprenderam comigo
A bailar em brilhos fugazes
E coloriram o céu noturno
Com sua solidão prepotente

Os olhares artificiais dos holofotes
Não logram lágrimas

Ao saborear a maestria
Da minha pena serena

A narrar os inconscientes
Para estruturar os sonhos
Em realizações consistentes
Dos patamares semoventes
A alavancar o linguajar das gentes

Falar um dia do verdadeiro amor

A única beleza possível.

anderson carlos maciel,


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Camarada Comissário

Não, ele apenas deu uma gota minúscula do que é estar do outro lado.Não , o judeu não obrigará o alemão levar outro alemão para dentro de um forno crematório.Não senhora , ele o Juden também não ficará brincando com a pistola estando diante de uma vala comum com  centenas de corpos .O nazista  andará a pé até algum gulag na Sibéria ou voltará pra sua Alemanha.(depende em qual inverno ) deve  ele lembrar de Deus e orar para que o oficial soviético  e seus soldados não tenha passado por aldeias onde mulheres e crianças  russas, chacinados pelas ss e a sua gloriosa werchmacht..sua esposa não será  a lembrança de mulheres que já não existem mais .Nem a russa ou até mesmo a alemã.Que sorrirá com todos os lábios por um chocolate e um cigarro.Passará o soldado, murmurando, que só cumpria ordens e caso não as  tivesse cumprido ,teria sido morto, um manto de vergonha foi o derradeiro legado de hitler para a nação alemã.As vísceras de Dresden e Berlin urram para os céus e não existe uma única fresta para respirar ,para ressuscitar dos escombros, das cinzas .O soviético tenta não ver vinte milhões de pais , mães ,filhas, netos e mesmo  assim, judeu que é, não mata o alemão e dá o seu rifle a um fantasma ,que aos poucos retorna do mundo dos mortos e esse Herr viverá para encontrar no meio dos escombros, o que restou de luz nos olhos de sua família. Bom, o oficial do campo e os ss devem estar pendurados dançando por aí enquanto os cossacos tocam seu acordeom e  sua balalaica . Guerra é arame farpado rasgando a alma , cortando sonhos e abrindo com a dor outros olhos que jamais verão campos verdes e floridos até brotar alguma criança no útero estéril de tanto levar chutes de sombras que invadem amanheceres, uma gota de sangue molhando um sorriso no olhar .Olhos negros , castanhos , azuis de sonho rasgados de esperanças suando pétalas numa flor tocando o lábio do amante , esposa que espera no silêncio as sombras dos uivos vazios cansarem de açoitar .Ela um dia será sol novamente . ..Nada do que é humano me é estranho

Wilson Roberto Nogueira

P.S Em memória dos milhões de mortos na grande guerra patriótica  e da Schoah .  .

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Mozart, 1935

Poeta, fiques sentado ao piano.
Toques o presente, é hoo-hoo-hoo,
É shoo-shoo-shoo, é ric-a-nic,
Sua zombaria invejosa.

Se lançarem pedras sobre o telhado
Enquanto praticas arpejos,
É porque eles carregam pelas escadas
Um corpo em trapos.
Esteja sentado ao piano.

Esse lúcido souvenir do passado,
O divertimento;
Esse sonho arejado do futuro,
O concerto não concluído. . .
A neve está caindo.
Atinga a corda penetrante.

Seja tu a voz,
Não tu. Sejas tu, sejas tu
A voz do medo raivoso,
A voz dessa dor assediadora.

Sejas tu esse som invernal
Igual a um grande vento uivante,
Através do qual a tristeza é liberada,
dissolvendo, absolvendo
Numa reconciliação imaginária.

Podemos voltar para Mozart.
Ele era jovem, e nós, nós somos velhos.
A neve está caindo
E as rua cheias de lamentações.
Sentes, tu.


Wallace Stevens/ tradução Ricardo Pozzo



Mozart, 1935

Poet, be seated at the piano.
Play the present, its hoo-hoo-hoo,
Its shoo-shoo-shoo, its ric-a-nic,
Its envious cachinnation.

If they throw stones upon the roof
While you practice arpeggios,
It is because they carry down the stairs
A body in rags.
Be seated at the piano.

That lucid souvenir of the past,
The divertimento;
That airy dream of the future,
The unclouded concerto . . .
The snow is falling.
Strike the piercing chord.

Be thou the voice,
Not you. Be thou, be thou
The voice of angry fear,
The voice of this besieging pain.

Be thou that wintry sound
As of a great wind howling,
By which sorrow is released,
Dismissed, absolved
In a starry placating.

We may return to Mozart.
He was young, and we, we are old.
The snow is falling
And the streets are full of cries.
Be seated, thou.

Wallace Stevens

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

PRISÃO




Quero dormir
amar
dizer coisas do mar
do ar

Mas estou sozinho em meu quarto
em meu sonhos
prisão domiciliar

Queria rever estrelas
cadentes ou frias
ter alguém para falar
que me dói
corrói
destrói
talvez alguém para amar

Mas estou sozinho em meu quarto
vendo a noite passar
o sono se esvai em lágrimas
estou só
e é assim que será

Retalho de esperança
me agarro a fragrância da infância
só pra ter com o que lembrar

Eremita urbano
sou solitário ser insano
cercado de meus fantasmas

estranho ser humano
na noite calada a pensar
como Carolina ( da janela )
que não viu o tempo passar

               
Bruno Junger Mafra

BRINDE À RICOLETA



se a incerteza faz com que se trilhe espinhos
no ouvir que entorta o singular do ser
lamber carinhos em aromas mergulhados
entornam rejeição no ato de empreender

se a nitroglicerina em fios de telefone
polaridades em resmungos sem tesão
foi canto, no entanto, perdeu compaixão
provocam o sentir sem força que se dome

você que se articula em pronta sedução
no abrir e fechar portas, múltipla explosão
ao ser distante é fácil não compor carinhos
em corpos escondidos em certeiro vão?

ah, metida abelha em noturnos vendavais
tentando remover coturnos e metais
bendiga o rumo a decompor os tempos tais
desaparece – é águia – sem dizer dos ais

você, insanas as palavras que profana
e doces as agruras que sem tino emana
fraturam os cristais de vida entrecortadas
e coisas sagradas são sílabas passadas?

ao esconder meu pranto em outro colo, é em vão
a profusão ao contentar-se então que vê
você, inquieto ser - interna mutação
que em jogo afunda no sentir-perder tesão

você, homem distante num moinho andante
de pavio curto é feito pra queimar os dedos
se rotas fiscais parecem com torpedos
são frágeis compassos de um andante aos beijos?

você a rejuntar no dar acabamento
desbravador premente de um amor partido
é tipo cadafalso que resulta em trincas
abandonado escrito que em grito se estica

você foi rendilhado e colorida fita
e descortina um ser que entrega seu poder
entica o sentimentos de quem te medica
em colo de mulher no seu próprio conter

você complica o jeito de cumprir natais
de refazer a vida ao descuidar demais
você, impaciências que reverterão
desastres se não for só sedução?

se autoestima partir de enorme esforço
no preparar o próprio pão ao ser composto
você que veste mal no expor o próprio couro
é noves fora ao desvalorizar o ouro

você, um sedutor que no viver machuca
no misturar de vozes, de peles ao cantar
de gota em gota a respingar entalhes
é escadaria sem degrau nem patamar

você, um louco em marcas do estar sozinho
um laço a recompor amor em qualquer ninho?
melhor rasgar bordô que rastejar sangrando
e destelhar ao vento no canto de Orlando

não quero ser aquela que se estraçalha
se ao estruturar, a vida sempre perde a calma
se ao compor mil páginas se sentir vencida
destemperando ao revelar-se enrijecida

há féretro que aporta de um navio advento?
guerra sem armas que fermenta e é tudo ou nada?
no cais ao desfraldar a caravela ao vento
perder-se-á ao descuidar da alma amada

bandeira brasileira em corpo embalsamado
tem cores do Rio Grande em meio a lambrequins
envolto neste pano, cupins de antepassados
enterrarão a dor, que tanto foi, enfim.

 - Marilice Costi - 2009





quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Solstício termal



Quais fractais termais
Sem ais
Ou serão refrão do céu
Em tais
Carnavais.

Sei que sei e sou
E vou além

Pois não danço
Não rio,
Acima

As letras certas feitas
Fornecem sóis
Aos sós soem sair
Do mar em que naufragam
O sentido

Pincelo um elo
Amarelo por terra
Na amarra que me jazia

Teus passos bifurcam atalhos
Por assoalhos do que fui

No sul do verbete em itálico
Se encontra
Um conceito

Eleve o pensamento
Ao alto do ego
E contemple a si

Sem sal.

Anderson Carlos Maciel

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

CONTEMPLAÇÃO DO MORTO


Observo o morto.
Ainda ontem ele pegava ônibus,
pagava contas, fazia planos:
férias no campo, carro zero
ou talvez um novo amor.
Observo o morto. Os olhos que tanto
se moviam, irrequietos,
estão parados
atrás das pálpebras. Enxergam o quê?
Os ouvidos até há pouco
curiosos, estão agora surdos,
escutam o nada ou, quem sabe, sinfonias.
A língua, outrora tão falante,
emudeceu. Sentirá qual sabor?
As mãos, vejam as mãos. Enormes, brancas, paradas.
Postas no peito, já não apalpam seios,
já não podem apertar
outras mãos, ou bater no filho
desobediente, que assustado
pouco chora. Os pés, reparem
os pés, que tanto caminharam,
correram para pegar banco aberto,
fugir da chuva ou se encontrarem
furtivamente com outros pés. Os pés
imóveis dentro dos sapatos novos
agora já não dançam, já não podem dançar.
Observo o morto,
absorto. O rosto.
Até esses dias este rosto
me sorria, me contava anedotas,
me falava de mulher, futebol, da vida
que precisava dar um jeito, ai, precisava.
Observo o morto. No rosto
subitamente máscara um quase esboço
de sorriso. A morte é desconfortável
não para ele, mas para nós, os vivos.
Observo o morto. Ele até que está bem
dentro do terno, dos sapatos, dentro
do caixão – melhor, imagino, do que quando criança
no berço. (A criança quer sair
do berço. O morto não.)
Observo o morto.
Não as flores, as velas, os parentes, os amigos,
as conversas sussurradas.
A vida não me interessa agora. Me interessa
somente o morto. Observo-o,
absorto. Será que de algum lugar
ele me observa também?

Otto Leopoldo Winck

sábado, 30 de dezembro de 2017

não fujo de uma rosa dolorida
nem quero a solidão tumultuada.

para morrer eu só carrego a vida."
RR


"O que faz de nós heróis? Ir, simultaneamente, ao encontro da nossa suprema dor e da nossa suprema esperança." 

(Friedrich Nietzsche)


se a tua mão quiser viver comigo
e a tua mão não me couber, por certo
te deixo a minha pele como abrigo

te entrego o meu olhar como deserto."

RR

Sombras e Sonhos

         
Demônios povoam os sonhos.
De onde virá a Luz?
Sem medo ela porta um cálice,
Feito de dura pedra.

Em seu interior, um Sol
Tal qual uma hóstia
Tenta parti-lo em pequenos pedaços
E dar em comunhão à multidão de sombras

Uma voz cheia de poder, lhe diz
"Erga o Sol acima de tua cabeça
E mostra-o para que a multidão
Veja que tu portas a Luz".

Ela obedece e com o Sol
Na ponta dos dedos da mão esquerda
O ergue, exibindo-o para quem sofre
E as sombras se enchem de Luz


 Alvaro Domingues
se a tua mão quiser viver comigo
e a tua mão não me couber, por certo
te deixo a minha pele como abrigo

te entrego o meu olhar como deserto."
RR


DOIS REINOS 1



Sigo a entornar esta sílaba
que a memória chama
de vida. Neste tempo
de crânios alugados
e augúrios nas encruzilhadas.

(Onde o amor arrebenta
até quando canta).

Meu coração está nu,
açoitado de adeuses –
na réstia que os pássaros
deixam sobre a esperança.

Face ao breu das cidades
soterradas, recolho-me
à casa do poema
e ao templo onde dormem
tuas águas.

Minha seiva te busca
para que morra
um deserto a cada dia;

para que vejas tua face
no rastro das folhas
sobre o rio.

Há uma selva em ti
que viceja fogo; ante o claustro
e as flores do algoz.

Tua pupila acorda
sobre mim --;
e uma aurora se parte
entre dois reinos.

SALGADO MARANHÃO

(Do livro A Casca Mítica)

recado



Preciso que você veja
Entre as coisas esquecidas
A louça suja na pia
O mofo pousando cruel na doçura das frutas
Observe, por favor, se não deixei
Naquele canto do quarto
Por onde os insetos entram
Na ferrugem do ferrolho da janela da cozinha
Essa que sempre te acorda
Quando eu insisto em abrir
Assim que o sol se ajeita melhor no céu
Procure, na caixa de areia dos gatos
Entre os pelos dos bichanos onde correm as pulgas que não matei
No desgaste da bicicleta largada no jardim
Talvez no banco de trás do carro que estraga estraga e você conserta
Olhe também embaixo das espreguiçadeiras
Na agua amarga do jarro de flores que você esquece de trocar
Na ansiedade que antecede a raiva, quando a moça do telemarketing
Não atende, não atende, não atende
Sua solicitação
Entre os livros da estante, tantos não lidos _ em eterno estado de espera e culpa burguesa
Nas mil declarações de amor que lhe chegam in box
Vigie se por ali, no cheiro do café
No pão cortado, os farelos sobre a mesa
No silêncio entre as notas de sua música preferida
Dá uma olhada se não larguei por esses cantos
Os sete pedaços do meu coração


Assionara  Sousa
O Rascunho
contém um poema
que o poema
impresso
não tem

O testemunho:
na lenta rasura
na pressão do punho
na linha da letra

O cunho

Aquilo:
o que a palavra
nem


 Eduardo Tornaghi           

Ventania II



Silêncio de tempestade
prestes.
...Cinza no bojo da nuvem.
Raios,
coriscos de rasgar
vestes.
Sem script,
nem
Ensaio.
Desestabiliza,
desarruma,
desorganiza,
desnuda...
Me engole viva
e me cospe
muda.
..

Sônia Jones     .

M Ã E !!!...



sendo a pátria lugar de exilio
de tantas mães só hoje nela aqui lembradas
que meus humildes versos vão em seu auxilio
neste dia de rosas perfumadas

mulher é mãe de toda a criatura
é cobardia do homem que a faz subserviente
no emprego por estar prenhe cava sepultura
em casa tantas vezes amor não sente

lá vai ela oscilante tão formosa
leva no ventre em gestação um grande amor
como pode haver alguém cujo instinto a glosa
como se não fosse do ser o criador

mãe porque me deixas tão cedo
angustiada de serem doutros os mil cuidados
e em casa porque me olhas tão assim a medo
fomos pelo meu pai abandonados?...

sendo a gravidez no corpo formosura
e na alma da mulher a mais sublime exaltação
ao ver no seu sorriso o olhar doce de ternura
esqueço que ela é a vitima da nação

hoje quero cantar à mãe a esperança
novos tempos anunciam subtil entendimento
que ser mulher e mãe para criar uma criança
a fêmea humana deve ter merecimento

hoje toda a mãe é o alvo do carinho
mas é preciso que o seja o ano todo inteiro
não só por ser fada do prazer mais danadinho
mas por ser amor baluarte derradeiro
João Raimundo Gonçalves        


o tal não-correspondido


que importam as quimeras
mágicas do humor? busco
blindar todo meu peito
contra aqueles efeitos nocivos
dos estelionatários do amor,

desse tipo movediço,
o tal não-correspondido!


Adriano Nunes 

existência

                
 - Para Péricles Cavalcanti

ver o ver-
so sorver
essa vida
divertida,

onde a qui-
mera mora,
dentro, agora
viva aqui.

que alegria
me conduz
a ti: luz
que irradia!


Adriano Nunes 

IGUALITARISMO


Abaixo da linha da pobreza
todo mundo é da realeza.

Renan Sanves

   

Um Uivo pra Ginsberg


desde os tempos das orelhas quebradas
desde os tempos das rolhas mofadas
a poesia vaza louca e abrupta
sobre a grama dos jardins artificiais
o tempo come os relógios
o tempo devora os esqueletos
o tempo tritura as vitrines
a melancia dos prazeres rola ladeira abaixo
do fundo das latas de lixo resgata-se
os sonhos penhorados por cents de nada
e os comboios beats se espatifam
nos vales imensuráveis do delírio e da arte
até a última gota de sangue
o devaneio disseca o corpo
até a última gota de poesia
a vida agoniza em patentes de flores
em sombras trôpegas em rolos de seda vadia
em salsichas podres que despencam dos prédios
sobre os guarda-chuvas dos transeuntes
mas a poesia sobrevive como musgo na pedra
tobogãs cospem vermes
nos liquidificadores da imaginação
fervilham infernos putas pederastas
cascatas de gozo e rituais de pura anunciação
o imundo macula o mundo
e os anjos dormem
sob as folhas das samambaias oxigenadas
na fruteira inox dos acadêmicos
apodrecem os frutos colhidos
no bosque silvestre dos poetas malditos
a estrada é alma elevada aos céus
- os pássaros passam em chamas -
o asfalto derrete-se sob rodas de nuvens
a transfiguração veloz de horizontes
milhões de garrafas baganas canetas
ácidos licores lisérgicas-punhetas
e a máquina de escrever relinchando
nos campos de concentração da criação
o pasto devorado ruminado regurgitado
sobre as toalhas bordadas dos banquetes
e a mesa posta à beira do abismo
coquetéis improváveis e sementes de paraísos
o jorro o improviso os “cem-sentidos”
a vida incontida deflorando manhãs
panelas amassadas pratos quebrados
no chão da América sem cozinha
e a mescalina acendendo luas
no varal do meio-dia
Allen Ginsberg
merda ou sêmen
de pura poesia

Evandro Souza Gomes  


Ser Poeta


Se o meu poema diz quem realmente sou,
Então a minha servil sinceridade,
Não condiz com a promiscuidade,
De que me acusa o meu verso sedutor;
Que propaga tanto a felicidade,
Na verdade conhecendo apenas dor.

Se a alma dita o que sinto realmente,
Se poetar é mentir despudoradamente,
Eu confesso que poeta já não sou;
Escrever sobre o amor que não conheço,
Almejando o céu que não mereço...
Sou apenas um singelo trovador.

Talvez a minha imensa ânsia de amar,
Somada a solidão deste meu ser,
Concita a minha alma a escrever,
Poemas tão lindos de amor;
Desenhados no escudo da beleza...
Que apara a tristeza da minha dor.


José Tavares      
Atras de portas,
sou um anonimo de tudo,
um pecador das horas mortas,
um trovador mudo
x
vivo batalhas sangrentas,
derrotas sanguinarias,
inenarraveis tormentas,
e viagens imaginarias
x
espero d.Sebastiao,
que como na historia nao vem,
que venha da solidao,
mas nao vem,nao vem ninguem
x
tenho asas para que?
senao aprendi a voar,
sou como um cego,que ve,
mas pensa,estar a sonhar
x
nao vejo uma saida,
sou um desconhecido,
sem rumo na vida,
meu Deus,que anda perdido
x
nem forças tenho senhor,
para ajuda te pedir,
duvido do teu amor,
tanto estou,desiludido
x
nao me resta entao ninguem,
mas nao te quero incomodar,
que importancia e que isto tem,
com o mundo inteiro a sangrar
x
tambem tu es solitario,
e nao se importa ninguem,
no teu mundo imaginario,
secreto,que o mundo tem
x
acompanhemo-nos entao,
dou-te aquilo que posso dar,
toma Deus,a minha mao,
deixa-me Deus,ajudar
x
levar-te como uma criança,
ao jardim,para brincares,
te dar um pouco de esperança,
senhor meu Deus,para sonhares
x
ao meu colo,te embalarei,
e velarei quando dormires,
teus cabelos pentearei,
farei tudo,quanto pedires
x
deixa-me ser util senhor,
que ja nao sirvo para nada,
que ja so resta este amor,
nesta alma desgraçada
x
o tempo das sementeiras acabou,
nao tenho,o direito de existir,
sou um moribundo que restou,
que nao tarda,ira partir
x
fui um erro grotesco da vida,
caricatura perfeita,e quanto,
uma possibilidade perdida,
vazia de encanto
x
nao vejo soluçao,
deixa-me entao ir contigo,
da-me senhor,da-me a mao,
que juro,ser teu amigo.

Antonio Pinto L


SÓ...MULHER!



Vivo e revivo a vida,
Busco a essência divina,
Entro pela saída,
E conduzo a própria sina.

Escolho o meu caminho.
Caio, levanto, tropeço.
Sou raiz, invado com sucesso.

Me espero em qualquer lugar,
Pode ser em fila...atrasar ou adiantar,
Pois aonde quero ir,
Sei que hei de chegar.

Resolvi agora aceitar,
A vida como ela quer.
Determinada, sei que vou encarar.

Sem mêdo de enfrentar,
Sem receio de tropeçar.
Com orgulho me aponto e digo...
- Você é uma grande mulher.

Amarilis Pazini Aires