quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

BRINDE À RICOLETA



se a incerteza faz com que se trilhe espinhos
no ouvir que entorta o singular do ser
lamber carinhos em aromas mergulhados
entornam rejeição no ato de empreender

se a nitroglicerina em fios de telefone
polaridades em resmungos sem tesão
foi canto, no entanto, perdeu compaixão
provocam o sentir sem força que se dome

você que se articula em pronta sedução
no abrir e fechar portas, múltipla explosão
ao ser distante é fácil não compor carinhos
em corpos escondidos em certeiro vão?

ah, metida abelha em noturnos vendavais
tentando remover coturnos e metais
bendiga o rumo a decompor os tempos tais
desaparece – é águia – sem dizer dos ais

você, insanas as palavras que profana
e doces as agruras que sem tino emana
fraturam os cristais de vida entrecortadas
e coisas sagradas são sílabas passadas?

ao esconder meu pranto em outro colo, é em vão
a profusão ao contentar-se então que vê
você, inquieto ser - interna mutação
que em jogo afunda no sentir-perder tesão

você, homem distante num moinho andante
de pavio curto é feito pra queimar os dedos
se rotas fiscais parecem com torpedos
são frágeis compassos de um andante aos beijos?

você a rejuntar no dar acabamento
desbravador premente de um amor partido
é tipo cadafalso que resulta em trincas
abandonado escrito que em grito se estica

você foi rendilhado e colorida fita
e descortina um ser que entrega seu poder
entica o sentimentos de quem te medica
em colo de mulher no seu próprio conter

você complica o jeito de cumprir natais
de refazer a vida ao descuidar demais
você, impaciências que reverterão
desastres se não for só sedução?

se autoestima partir de enorme esforço
no preparar o próprio pão ao ser composto
você que veste mal no expor o próprio couro
é noves fora ao desvalorizar o ouro

você, um sedutor que no viver machuca
no misturar de vozes, de peles ao cantar
de gota em gota a respingar entalhes
é escadaria sem degrau nem patamar

você, um louco em marcas do estar sozinho
um laço a recompor amor em qualquer ninho?
melhor rasgar bordô que rastejar sangrando
e destelhar ao vento no canto de Orlando

não quero ser aquela que se estraçalha
se ao estruturar, a vida sempre perde a calma
se ao compor mil páginas se sentir vencida
destemperando ao revelar-se enrijecida

há féretro que aporta de um navio advento?
guerra sem armas que fermenta e é tudo ou nada?
no cais ao desfraldar a caravela ao vento
perder-se-á ao descuidar da alma amada

bandeira brasileira em corpo embalsamado
tem cores do Rio Grande em meio a lambrequins
envolto neste pano, cupins de antepassados
enterrarão a dor, que tanto foi, enfim.

 - Marilice Costi - 2009





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