Sigo a entornar esta sílaba
que a memória chama
de vida. Neste tempo
de crânios alugados
e augúrios nas encruzilhadas.
(Onde o amor arrebenta
até quando canta).
Meu coração está nu,
açoitado de adeuses –
na réstia que os pássaros
deixam sobre a esperança.
Face ao breu das cidades
soterradas, recolho-me
à casa do poema
e ao templo onde dormem
tuas águas.
Minha seiva te busca
para que morra
um deserto a cada dia;
para que vejas tua face
no rastro das folhas
sobre o rio.
Há uma selva em ti
que viceja fogo; ante o claustro
e as flores do algoz.
Tua pupila acorda
sobre mim --;
e uma aurora se parte
entre dois reinos.
SALGADO MARANHÃO
(Do livro A Casca Mítica)
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