segunda-feira, 2 de março de 2009


Boca-maremoto, mundo destrói. Fala sem vírgulas, tudo sem aspas, dona de todas as sílabas: aspira o asco, por vezes secreto, que, os olhos e o silêncio escarram. Mundo obliquo, corpo absorto e a língua lança palavras torpes que, como num jogo de espelhos, se voltam; contra a boca e a absorta. Espelho contra personagem, espelho contra espelho... esperança.
Há o carrasco de mim. O olhar violento, espiando com olho de repugnância, enquanto, o meu é só perdido no ar, amplo e destemido dele e de mim. Tudo estremece, tudo quer-se separar: grito, sem saber o que falar. Tufão, eu sou; e ele vem amordaçar o animal. Encontrar os olhares, que querem se esganar, gritar as bocas cheias de dentes e gostos disformes...
E já sou sem joelhos, tornozelos e peles. Sem cabelos e sobrancelhas. Ando nua, nua de mim: e continuo sendo eu mesma, arrastando os pés, pela rua. Sou eu mesma a andar, pura e sem disfarces, com a cara a bater no próximo pára-brisa ou a beijar aquela – sabe-se lá qual – garrafa de tequila.

j. miïav

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