Passeava sozinho pela praia, estava havia pouco de retorno à cidade natal! Uma linda cidade litorânea, já na meia idade trazia consigo lembranças de sua infância, onde seus castelos de areia eram sempre os mais altos, e as muralhas , as mais resistentes às carícias das ondinhas cansadas, mas insáciáveis, que chegavam ás areias. Da juventude, lembrava da moça mais bonita da praia, que com ele muito passeou de mãos dadas. Olhava os casais, indo e vindo lentamente, sem preguiça de serem felizes.A luz do dia já se esvaia , se perdia na água que se misturava ao céu, azuis de tinalidades diferentes sendo agraciados pelo laranjar do sol. a ternura vinha em brisas, desfazendo a vaidade dos penteados e refrescando a alma dos casais..."Que bela paisagem para ser emoldurado por olhos sensíveis, perfeita pra se ter ao lado e caminhar de mãos dadas com um verdadeiro amor ", pensava ele.A beleza do fim da tarde , lhe saudava, como lhe dando boas vindas.Percebeu vindo ao seu encontro uma bela jovem senhora, talvez a mais bonita daquelas areias, ela se aproximou, lhe sorriu , estendeu a mão e caminharam juntos, de mãos dadas , ao sentido oposto da solidão. E assim foram, marido e mulher, molhando os pés, para o primeiro passeio depois de muitos anos exilados da cidade natal.
Júlio Damásio. Do livro: "A Compota de Pimenta e outros contos puramente picantes. "
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