Estou cansado, estou tonto de tantas voltas. Alguém vai parar o movimento? O tempo? Devo permitir? Devo deixar que siga sem conhecer o caminho? Gostaria de ensinar o destino, pode-se ensinar o que ninguém conhece? Alguns querem um destino. Eu quero o giro, a volta, o retorno eterno que paralise os sentidos. Olham para mim, mas sei que não me vêem. Não se pode ver o que não pára. O movimento é invisível. Só a fé tem cor, mas o mundo vê em preto-e-branco e as luzes escurecem a única revelação possível. Querem passar. Não quero abrir caminhos, não conheço caminhos, passem por cima de mim! E me destruam!Para que eu possa me reconstruir e me reencontrar onde nínguém jamais me viu, jamais me vê. Serei invisível, seria ou sou. Quero o fim. Desta e de qualquer outra vida que me conduza ao caminho onde estou e nunca estive. Não inteiramente, integralmente ou verdadeiramente, inconstante, incontável em lugares onde procurei por você, estando eu e você e não encontrando a nós. Procuro e procurarei e mesmo assim estaremos assim a sós no mundo que criamos sem perceber, sem sentir e sem querer. Morreremos sós. Num círculo que só nos reconduziu ao mesmo lugar. Gostaria que a morte soasse como alívio nesta hora.
Cansei, cansei, cansei...vamos para casa...deixar que a vida siga seu caminho. Quero a casa , olhar o fogo da lareira e que nada, nem ninguém me atropele, quero seguir a vida, seja ela em círculos ou em retas, apenas em retas, somente em retas, retas em círculos...Mas em círculos, nada poderemos...mesmo nas bocas mais gostosas, ou até mesmo ao lado do dono de todas as bocas, nada seremos. Em círculos... eternos círculos...nada vamos conseguir...somos assim todos de ninguém...sempre vazios de bocas repletas de beijos de ninguém...
Gisele Mocci. Ângulo Bi. Parte IV. Final
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