Forçando o olhar para encontrar outros símbolos
nas letras tortas da folha de sentimentos em branco. A página de papel
revela-se espelho do atropelo da alma bêbada que quer cair para ver se ainda é
capaz de sentir dor. Quebrou-se e nada sentiu; queimaram-lhe o cabelo e teve
que cortá-lo daquele jeito hitlerístico que nada tem de seu. Por isso força os
olhos da alma no papel que lhe rejeita.
Procurando ao redor das cadeiras algum papel;
se os restos que encontro é o que procuro,
nos silêncios das folhas rasgadas, documentos
de vozes tortas nas bocas sujas de almas sebosas; leio nos símbolos várias expressões, as quais só explodem por serem disparadas de vigor envenenadas sem direção ou valor organizadas.
Desatino no desalento crispadas nos olhos espadas rasgam a noite: o bando em loucas risadas chutando o vento ignorando espaço e tempo queimando a consciência.
O princípio da responsabilidade surdo e cego, velho, vaga no lamento; enquanto o prazer reina escondendo no útero acéfalo, o feto do futuro.
A semente utopia agora vazia e oca, plena de eco no pesadelo da agonia.
Amanhã a rebeldia polimorta encontrará revolta o retorno à razão, à direção e ao sentido; e aí estaremos de fato perdidos.
Wilson Roberto Nogueira
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