até chegar ao soldado Sañisky
Dava-lhe um abraço
colocava entre suas mãos meu maço de Marlboro
este é teu - dizia -
é tudo que tenho
e nos dedicávamos a dar baforadas
igual àqueles orifícios
que repentinamente surgiam
no carvão em brasa como
acne irremediável
Hoje quando nos encontramos
em alguma festa de aniversário
e acendo um cigarro
sentimos que estamos lá novamente
Então meu amigo
- que já não fuma -
coloca entre minhas mãos
uma taça de vinho
e olhamos como correm
nossos filhos
como falam nossas mulheres
E porque ainda perdura
a tristeza é que estamos felizes
e porque sabemos que de alguma
maneira não nos venceram
é que brindamos
Gustavo Caso Rosendi/ tradução Ricardo Pozzo
Brindis
Subía y bajaba colinas
hasta llegar al soldado Sañisky
Le daba un abrazo
le ponía entre las manos
mi paquete de Marlboro
esto es tuyo -le decía-
es todo lo que tengo
y nos dedicábamos a echar humo
igual que aquellos agujeros
que de pronto aparecían
en la turba como un
acné irremediable
Hoy cuando nos juntamos
en algún cumpleaños
y enciendo un cigarrillo
sentimos que estamos allá de nuevo
Entonces mi amigo
–que ya no fuma-
me pone en la mano
una copa de vino
y miramos cómo corren
nuestros hijos
cómo hablan nuestras mujeres
Y porque aún nos perdura
la tristeza es que estamos felices
y porque sabemos que de alguna
manera no nos han vencido
es que brindamos
Gustavo Caso Rosendi
o argentino gustavo caso rosendi (1962, esquel, província de chubut) participou como soldado da guerra das malvinas (1982), um fato marcante na sua poesia dos anos subsequentes, & recebeu a Faja de honor de la sociedad de escritores da província de Buenos Aires, em 1986. publicou 3 livros de poesia: elegía común (1987), bufón fúnebre (1995) & soldados (2009). participou ainda das coletâneas El viento también recuerda, uma antologia de trabalhos de ex-combatentes, & de Poesía 36 autores.
Guilherme Gontijo Flores
Um comentário:
Tocante!
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